Segundo laudo, força das ondas levantou tabuleiro provocando o desabamento
Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) afirmaram, na manhã desta quarta-feira (4), que o que motivou a queda de parte da Ciclovia Tim Maia, há 14 dias, foi o fato de as plataformas, que funcionam como vigas de sustentação, não estarem amarradas aos pilares. Segundo o laudo preliminar da perícia do ICCE, a força das ondas, no sentido de baixo para cima, levantou o tabuleiro, provocando o desabamento, que ocasionou a morte de duas pessoas que passavam a pé no trecho. O laudo final ficará pronto na próxima sexta-feira.
Havia um estudo do impacto das ondas do mar de São Conrado sobre os pilares, mas não sobre a plataforma. Segundo a perícia, que analisou 11 volumes de documentos, o estudo avaliou o comportamento de marés até quatro metros e a uma velocidade de 65 km por hora.
"Fazer os cálculos para analisar o tipo de ancoragem para se fixar a passarela é uma etapa muita complexa. Requer muito fundamento teórico. Tem que fazer cálculos e cálculos. Não havia isso em nenhum documento", explicou um dos peritos.
Segundo o diretor do ICCE, Sérgio William Silva, os técnicos estiveram no local três vezes.
"A conclusão é de que o projeto não previu o impacto das ondas na plataforma, no sentido ascendente, de baixo para cima. Deveriam ter feito cálculo estrutural. Houve um certo subdimensionamento, um erro primário. Analisamos as memórias de cálculo e só encontramos o estudo das marés nos pilares", explicou o diretor.
O chefe do serviço de engenharia do ICCE, Liu Tsun, disse que o castelinho localizado embaixo do local da queda, construído há anos, não fez a onda dissipar:
"A onda atingiu a plataforma de maneira ascendente. O obstáculo serviu como rampa. Todos sabem que a onda faz este movimento há décadas. Poderiam ter pensado na amarração da plataforma ao pilar ou na construção de um quebra-mar. Tinha que ser prevista uma forma de bloquear a onda. Há relatos anteriores, inclusive, de que ondas quebraram janelas de imóveis em frente ao local da ciclovia."
Falta de parafusos
O laudo preliminar também traz informações sobre a quantidade e a qualidade dos materiais utilizados durante a construção da ciclovia, inaugurada em janeiro deste ano. A falta de parafusos no guarda-corpo da pista, por exemplo, foi observado no documento assinado pelos peritos. Em certo trecho, conforme o jornal O Globo divulgou, a plataforma esta presa por apenas um parafusos ao invés de quatro.
A terceirização e até a quarteirização dos serviços durante a construção da ciclovia também foram observados pelo ICCE. O consórcio Contemat-Concrejato delegou à Engemolde, empresa de pré-fabricados de concreto, o trecho da plataforma que desabou. No entanto, ela teria repassado o serviço para a Premag, de acordo com o laudo preliminar do instituto da Polícia Civil.
Agora, com o laudo, o titular da 15ª DP (Gávea), delegado José Allberto Pires Lages, deve concluir o inquérito sobre a queda de parte da Ciclovia Tim Maia, na próxima semana. Ele aguarda ainda o depoimento da mulher do engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, uma das vítimas da tragédia, para dar mais detalhes sobre a rotina dele.
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