quinta-feira, 19 de maio de 2016

Greve/Paralisação dos ônibus: Haddad diz que não tem como ampliar subsídios, mas estuda complementar aumento dos custos com gratuidades


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Ônibus em São Paulo. Total de viagens gratuitas sobe todo o mês. Foto: Adamo Bazani
Segundo SPTrans, gastos como do passe livre estudantil aumentam todo mês. Reunião vai tentar evitar nova paralisação hoje
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ADAMO BAZANI
A paralisação de motoristas e cobradores de ontem que fechou 29 terminais na cidade de São Paulo das 10h ao meio-dia e que hoje pode também afetar as operações das 14h às 16h evidenciou a situação financeira delicada do sistema de transportes municipais.
Uma reunião no final da manhã entre viações e trabalhadores vai tentar impedir esta nova paralisação.
Trabalhadores querem aumento real de 5% nos salários, mas o SPUrbanuss, sindicato das empresas, oferece 2,31% alegando restrições financeiras por causa da falta de regularidade da prefeitura em relação aos repasses das gratuidades (o que o poder público nega), indefinição sobre o valor dos reajustes da remuneração dos contratos com a prefeitura, queda na demanda de passageiros e aumento dos custos operacionais.
Com os cofres abalados por causa da crise econômica que diminuiu a arrecadação e também os repasses de verbas federais para o município, o prefeito Fernando Haddad descartou nesta quarta-feira que vai aumentar os subsídios totais ao sistema de transportes, mas admitiu que pode complementar o aumento de custos com as gratuidades.
De acordo com a prefeitura, estes custos têm aumentado mais do que o previsto quando foi estipulado o valor dos subsídios que neste ano devem somar R$ 1,8 bilhão. Até a última terça-feira, a prefeitura já havia empregado no sistema R$ 914 milhões.
Para se ter uma ideia do aumento dos custos com as gratuidades, no decorrer do ano, de acordo com Haddad, o número de estudantes que contam com o passe livre já alcançou em torno de 600 mil gratuidades. No ano passado este número era de 500 mil.
“A Prefeitura está pagando a passagem desses estudantes que adquiriram o direito. Todo mês cresce esse número” – disse Haddad.
A repórter Juliana Diógenes, do jornal O Estado de São Paulo trouxe dados fornecidos pela SPTrans que mostram o total de gratuidades no sistema. De janeiro a abril, os estudantes fizeram 61 milhões 226 mil 682 viagens. Os idosos com idade igual ou superior a 60 anos realizaram 93 milhões 603 mil e 021 viagens e as pessoas com deficiência que contam gratuidade fizeram 27 milhões 268 mil 381 gratuidades.
Os subsídios do poder público para o sistema têm aumentado todos os anos. Para se ter uma ideia, em relação ao período de janeiro a maio do último ano de gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, hoje os subsídios são 150% maiores.
Já com os valores corrigidos pela inflação, entre janeiro e maio de 2012, a gestão Kassab repassou ao sistema R$ 365 milhões. Em semelhante período, a gestão Haddad transferiu R$ 914, 2 milhões.
São vários os motivos que podem explicar este aumento.
O total de gratuidades se ampliou, principalmente após as manifestações de junho de 2013.
Idosos antes tinham direito à gratuidade com 65 anos ou mais. Hoje a exigência é de 60 anos ou mais. O congelamento depois das manifestações das tarifas em R$ 3,50 também aumentou a necessidade de complementações por parte da prefeitura.
Além disso, existe a chamada informalmente de “inflação transportes” que em diversos momentos ficou acima da inflação oficial, com pressão maior em gastos com os combustíveis, peças e veículos novos.
O número de passageiros também caiu na cidade de São Paulo. Quanto menos passageiros, maiores os custos individuais por usuário. Em torno de 78 mil viagens por dia deixaram de ser realizadas. O mesmo passageiro pode fazer mais de uma viagem.
Os aumentos do tempo de integração do Bilhete Único e o congelamento das tarifas das modalidades Bilhete Único Mensal, Bilhete Único Semanal e Bilhete Único Diário também pesaram nesta conta.
O principal fator, entretanto, apontado é a ineficiência do atual modelo que é caro para o passageiro, mas não garante sustentabilidade sem subsídios tão altos.
A licitação dos transportes públicos que está barrada no TCM poderia resolver parte desse quadro com o enxugamento de linhas sobrepostas, nova remuneração às empresas e criação de um novo modelo tronco-alimentado, mas o certame ainda segue indefinido.
O TCM ontem explicou a situação atual da análise dos técnicos em relação aos editais. Na segunda-feira, a prefeitura se manifestou sobre 20 questionamentos pendentes. Confira neste link:  https://blogpontodeonibus.wordpress.com/2016/05/18/greve-paralisacao-dos-onibus-nesta-quinta-e-tcm-lista-os-pontos-da-licitacao-ainda-nao-esclarecidos/

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