segunda-feira, 15 de junho de 2015

EXCLUSIVO: Diretor da Kaissara fala da transferência das linhas da Itapemirim e dos planos da nova empresa

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ônibus Kaissara
Ônibus com o layout da Viação Kaissara, bem semelhante ao padrão da Viação Itapemirim. Empresa assumiu linhas de grande demanda e possui estratégias para ampliar atuação, inclusive com parcerias operacionais com outras companhias de ônibus. Divulgação – Kaissara
ENTREVISTA: Diretor da Kaissara explica planos da empresa e transferência de linhas da Itapemirim
Companhia de ônibus opera 68 linhas, algumas de destaque como em São Paulo, Minas Gerais, Curitiba e Rio de Janeiro e promete investir em fidelização dos passageiros
ADAMO BAZANI – CBN
Desde o último dia 04 de junho de 2015, a Viação Kaissara assumiu 68 linhas interestaduais da Viação Itapemirim, uma das maiores empresas de transportes do País com sede no Espírito Santo.
Muitas destas linhas de destaque e consideradas de maior demanda de passageiros, como São Paulo / Rio de Janeiro, São Paulo / Rio de Janeiro (via ABC Paulista), São Paulo / Curitiba, Rio de Janeiro / Curitiba, Salvador/ Rio de Janeiro, Brasília / Belo Horizonte, Rio de Janeiro / Curitiba.
A notícia da transferência das linhas chamou a atenção do mercado e gerou especulações sobre como ocorreu esta mudança e sobre os novos controladores da Kaissara.
Na manhã desta sexta-feira, 12 de junho de 2015, o diretor de operações da Kaissara, Fernando Santos, conversou por telefone com a reportagem do Blog Ponto de Ônibussobre a transferência não apenas das linhas, mas de frota, estrutura operacional e trabalhadores que eram da Itapemirim. Também falou sobre os planos da companhia, como a criação de medidas para fidelização dos passageiros.
À frente da Kaissara, como gestores, estão Fernando Santos, que atuou em diversas empresas de transportes de carga e passageiros, a mais recente foi a própria Itapemirim, e a Marcos Correia, que cuida das questões financeiras, jurídicas e fiscais.
Por questão de estratégia de comunicação, a relação oficial dos empresários que controlam a companhia será divulgada em breve pela Kaissara.
A TRANSFERÊNCIA:
Fernando Santos disse que a Kaissara pertencia a empresários locais do Espírito Santo e que a empresa tinha um acordo de operação com a Itapemirim, mas nunca pertenceu integralmente à companhia fundada por Camilo Cola.
A transferência das linhas começou a ser concretizada no início deste ano.
“Houve uma relação comercial, adquirirmos linhas, estrutura como guichês e postos de apoio, absorvemos os funcionários e a assumimos a frota que era usada pela Itapemirim nestas linhas. Por questões estratégicas não vamos falar dos valores envolvidos, mas como toda a transição, as coisas ocorrem em etapas. A mais recente foi a resolução da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) que autorizou as operações” – disse Fernando Santos.
PARCERIAS COM OUTRAS EMPRESAS, FROTA, PINTURA E NOVA GARAGEM:
O período de transição ainda continua. Além de estruturas operacionais ao longo das estradas e de mercado quanto às vendas de passagens, a Kaissara pretende ampliar o leque de operações. Para isso deve firmar parcerias com empresas de ônibus de várias regiões do país usando estruturas e complementando serviços, entre estas companhias, por exemplo, estão a Viação Ouro e Prata, do Rio Grande do Sul, e a Rio Doce, de Minas Gerais.
Atualmente, a empresa usa a garagem que continua com a Itapemirim, em Guarulhos, na Grande São Paulo, mas futuramente deve ter uma sede própria na Capital Paulista ou na Região Metropolitana.
A Kaissara também vai continuar pelo menos nos próximos três anos, com o leasing operacional dos ônibus que pertencem ao Grupo JSL (Júlio Simões Logística), de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.
Fernando Santos nega, no entanto, que o Grupo JSL tenha participação societária na Kaissara.
“Após expirado leasing, verificaremos se é vantajoso continuar este modelo ou adquirir frota própria. Tudo vai depender do mercado” – disse Fernando Santos, diretor da Kaissara.
A pintura dos ônibus hoje operados pela empresa é bem semelhante a da antecessora Itapemirim. Segundo Fernando Santos isso ocorre por questões de custos, de tempo (não seria possível alterar toda a frota que veio da Itapemirim) e para minimizar os impactos para os passageiros acostumados com o “amarelo” da empresa fundada por Camilo Cola.
“Mas vamos consultar os busólogos (admiradores de ônibus), através até de concursos, para sugestões de novos layouts. Neste momento é estratégico manter a pintura semelhante, mas futuramente pode ser estratégico mudar” – informa Fernando Santos.
CONCESSÃO DA ANTT:
O negócio ocorre às vésperas de a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres iniciar o processo de autorização de quase 2 mil linhas interestaduais e internacionais em todo o País. A licitação destas linhas, que hoje são operadas por concessões precárias e provisórias, deveria ocorrer em 2008, para seguir o que determina Constituição de 1988 e a Lei de Licitações 8.666/93 sobre serviços de caráter público prestado por empresas privadas. Mas desde 2008, empresas de ônibus e governo federal travaram uma grande queda de braço. As companhias venceram. Elas não aceitavam o modelo da ANTT que dividia o sistema em 54 lotes dentro de 16 grupos por alegarem que a nova estrutura romperia um desenho operacional feito pelo mercado ao longo de 70 anos. Número de frota para os serviços e a taxa de ocupação dos ônibus também eram pontos de divergência entre o governo federal e as empresas.
A ANTT também havia proposto um modelo de subsídios cruzados, pelo qual, a empresa que assumisse uma linha lucrativa teria de operar um serviço que desse menos retorno, mas que tivesse importância social e de integração regional.
A ANTT agora não vai licitar lotes. O novo modelo de autorização será por linhas, semelhante ao que ocorre no mercado da aviação civil. Não há prazo final para a autorização, a linha é operada pela empresa enquanto estiver prestando um bom serviço.
“Já fizemos um estudo preliminar quanto a este novo marco regulatório e estamos prontos para quando ele entrar em prática” – garante Fernando Santos.
O intuito é ganhar a autorização dos atuais 68 trajetos quando houver o processo da ANTT.  Não estão descartados novos itinerários.
FIDELIZAÇÃO DE PASSAGEIROS:
O mercado de transporte rodoviário de média e longa distância está cada vez mais competitivo. A redução dos valores das passagens de aviões ao longo dos últimos 14 anos, o transporte clandestino por ônibus ilegais e um número maior de pessoas com veículos próprios fazem com que as empresas revejam as estratégias de atuação.
Para Fernando Santos, o principal caminho é “fidelizar” o passageiro.
“Vamos investir numa empresa humanizada, próxima das pessoas, da comunidade. As paradas ao longo dos trajetos vão ter novas parcerias, com estabelecimentos que ofereçam maior conforto. Ampliaremos salas VIP e criaremos programas de fidelidade de acordo com o uso das linhas oferecendo descontos, por exemplo” – complementa Fernando Santos.
A tecnologia, tanto em prol do passageiro com possibilidade de compras de bilhetes em mais espaços virtuais, como para o acompanhamento dos ônibus ao longo das linhas, é outra peça que a Kaissara promete mover bem no tabuleiro de xadrez do mercado rodoviário.
A relação das linhas operadas pela Kaissara, pela Resolução 4662/15 ANTT  você confere neste link:
Adamo Bazani

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