terça-feira, 9 de junho de 2015

A China encara o desafio do transporte público

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Em resposta ao avanço do automóvel, país lança esforço gigantesco para ampliar redes de metrô. Serão 5,6 mil quilômetros — cinquenta vezes mais que no Brasil e de longe o maior sistema do mundo
Por Marcos de Sousa*, no Mobilize
Um total de 23 cidades chinesas já têm sistemas metroviários que juntos somam 2.735 km de linhas. Outros 2.853 km são planejados para a próxima década. Símbolos dessa expansão de trilhos urbanos, as metrópoles de Changai e Pequim ocupam agora o segundo e terceiro lugares no ranking de maiores redes de metrô do mundo.
O país abriu sua primeira linha de metrô na capital Pequim, em 1969. Passaram-se onze anos até que outra cidade, Tianjin, completasse sua linha inaugural, em 1980. Na década de 1980, mais duas cidades começaram a planejar metrôs, começando por Shangai, com 6,6 km em 1993, seguida por Guangzhou, em junho de 1997, com sua linha de 5 km.
A escala de investimentos necessários para a construção de um sistema de metrô moderno levou o governo a impor uma proibição, em 2002, ao início quaisquer novas construções. No entanto, essa interdição não poderia durar por muito tempo, em função das demandas provocadas pelo crescimento explosivo das cidades chinesas. O aumento da motorização, com os congestionamentos e a poluição daí decorrentes, obrigou o governo a repensar sua estratégia.
Mapa com a projeção do metrô de Shangai até 2020
A construção de metrôs recebeu um novo impulso quando Pequim venceu a concorrência para receber os Jogos Olímpicos, em 2008, e Shanghai, a Exposição Mundial de 2010. Assim, desde 2004, enormes somas foram investidas em projetos de metrô, por meio de parcerias público-privadas (PPP) e outros regimes de financiamento, permitindo esse salto a frente nas cidades chinesas. Shangai, com 570 km e 14 linhas; e Pequim com um 16 linhas e 465 km, estão agora à frente de Londres (408 km), Nova York (370 km), Seul (327 km), Moscou (325 km), Tóquio (304 km), Cidade do México (226 km), Madri (224 km), Paris (215 km) e São Paulo (78 km).
A velocidade e escala dos projetos chineses são incomparáveis com as de qualquer outro país ou cidade no mundo, em qualquer época. Enquanto a maioria das outras cidades construiu uma linha de cada vez – devido aos altos custos de construção e aos recursos de engenharia necessários, a China inaugurou 370 km de novas linhas em 2013 e outros 490 km em 2014. Os valores de investimento são também estratosféricos, com picos de até 800 bilhões de yuan, ou cerca de R$ 400 bilhões, em um único ano.
Embora caros, os sistemas metroviários são a única alternativa capaz de atender às megacidades chinesas. Hoje a China já tem seis cidades com mais de 10 milhões de habitantes. Estimativas indicam que, até 2020, terá cerca de 220 cidades com mais de 1 milhão de habitantes e 44 delas podem chegar a mais de  4 milhões.  Com estes níveis de crescimento da população e a piora dos congestionamentos e da  poluição atmosférica, a China deverá manter os investimento em novos projeto metroviários em várias outras cidades do país.
*Traduzido e editado por Marcos de Sousa de artigo publicado pela UITP (International Association of Public Transport) 

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