AUTOR: RENATO LOBO //
Reportagem do Jornal “Folha de São Paulo” desta final de semana da conta de que com a inauguração da ciclovia da Avenida Paulista, o pedestre será “espremido” pela via dos ciclistas. O texto já começa com uma informação um tanto quanto equivocada:“a ciclovia que vai marcar a entrada definitiva da bicicleta na avenida Paulista”.
As bicicletas já fazem parte do cenário da avenida mais famosa da cidade, tanto que infelizmente foram registrados acidentes com mortes, além de um episódio que causou clamor social, a “fatalidade” que resultou em amputamento do braço de um ciclista, onde o atropelador jogou o membro da vitima em um córrego.
Segundo contagem da Ciclocidade feita em 2010, já eram registradas 52 bicicletas em média por hora na avenida.
Update: De acordo ainda com o diretor da entidade que faz as contagens dos ciclistas, Daniel Guth, a associação foi ouvida pela reportagem, porém “escolheu NÃO incluir nenhum posicionamento dos ciclistas”, disse ao Via Trolebus. Daniel se refere aos cicloativistas.
A reportagem ainda é recheada de frases que indicam uma possível enxurrada de atropelamentos de pedestre por ciclistas. Mas ao analisar dados estatísticos, vemos uma situação um pouco diferente em São Paulo, onde a convivência entre o carro e o pedestre é muito mais desastrosa, do que a bicicletas e o cidadão que trafega pela calçada.
Dados estatísticos mais recente da CET apontam que o carro é o meio de transporte campeão em envolvidos de atropelamentos. Veja:
51% são automóveis;
30,3% são motocicletas;
10,4% são ônibus;
2,4% são caminhões;
O,4% são bicicletas;
30,3% são motocicletas;
10,4% são ônibus;
2,4% são caminhões;
O,4% são bicicletas;
O texto traz ainda a opinião do consultor Sergio Ejzenberg, que diz que o estreitamento das faixas reduz a capacidade da via e“provoca aumento de acidentes e congestionamentos”.
Sobre congestionamentos talvez Sergio tenha razão olhando apenas na ótica de um condutor de carro. Porém, é equivocado dizer a redução de velocidade aumenta o número de acidentes.
Uma simples redução de 5% na velocidade pode evitar significativamente os acidentes fatais, é o que mostra a publicação“Impactos da Redução dos Limites de Velocidade em Áreas Urbanas”, do WRI Brasil | EMBARQ Brasil
A reportagem também ouviu Luis Fernando Di Pierro, mestre em planejamento de transportes pela Universidade de Londres, que escreveu um artigo técnico criticando a obra. Ele diz que a via ficará ainda mais saturada, por isso a ciclovia deveria ter sido feita em vias paralelas. “Na Paulista, a ciclovia é tecnicamente inviável”, afirma.
Porém, a diretriz da prefeitura de São Paulo diz para que nenhuma via de rolamento de automóveis deverá ser suprimida com instalação de ciclovias. Ou seja, se a ciclovia fosse feita na Alameda Santos, por exemplos, uma das vias dos carros seria retirada. Qual seria a repercussão se a CET optasse por esta alternativa ao invés de estreitar vias da Paulista?
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