quarta-feira, 4 de março de 2015

Ônibus de qualidade, a solução para a mobilidade urbana na cidade de São Paulo

Fernanda Maciel Canile

Ensaio Crítico produzido para o Curso de Gestão da Mobilidade Urbana da ANTP

A cidade de São Paulo é maior cidade do Brasil, com 11,8 milhões de habitantes distribuídos em cerca de 1500 km². Tais números mostram que a questão de mobilidade urbana é um desafio que a cidade precisa cumprir todos os dias.
O transporte de massa da cidade é, sem dúvida, realizado pelo sistema metroviário (4,6 milhões de passageiros/dia). Porém, motivos técnicos impedem que a rede metroviária alcance todas as regiões da cidade. Outros meios de deslocamento coletivo são necessários, uma vez que o metrô tem um limite de atendimento de usuários nos horários de pico; sendo assim, boa parte do deslocamento das pessoas é realizado por ônibus ou outros meios.
A cultura do automóvel particular é altamente difundida dentro da cidade. Dados do IBGE apontam que em 2013 a frota de automóveis da cidade de São Paulo chegou ao número impressionante de 4.971.813, o que dá quase 1 automóvel para cada dois habitantes.
Estudo de Monitoração de Fluidez realizado em 2013 pela CET de SP (Companhia de Engenharia de Tráfego) apontou que o automóvel particular representa 80% da frota utilizada para os deslocamentos na cidade, enquanto o ônibus representa apenas 3%. Entretanto, pesquisa Datafolha mostra que 79% da população de São Paulo utiliza ônibus como principal meio de transporte no dia a dia, enquanto que apenas 17% utilizam o carro.
Claramente vemos que existe uma inversão muito grande na ocupação do espaço público, com o meio de transporte privado individual ocupando a maior parte. O resultado são os congestionamentos que a cada dia aumentam de tamanho e intensidade.
A solução mais efetiva para esse problema é um sistema de ônibus que tenha qualidade e eficiência, para que o usuário do transporte particular migre para o transporte público coletivo.
O poder público local da cidade de São Paulo tem implantando uma série de medidas para que o espaço viário seja ocupado prioritariamente pelo transporte coletivo. O programa da prefeitura intitulado "Dá licença para o ônibus” prevê a implantação de faixas e corredores exclusivos. Segundo a CET já foram implantadas 398 km dessas vias, sendo que nas faixas exclusivas o ganho de tempo do passageiro foi de 38 minutos/dia e os ônibus que agora circulam pelas faixas/corredores estão 68% mais rápidos.
Segundo a Datafolha, a faixa exclusiva de ônibus é aprovada pela maior parte da população (88% aprovam), porém ainda encontra maior resistência entre os usuários de carro (20% desaprovam). A mesma pesquisa mostra que 14% dos entrevistados acreditam que as faixas pioraram o trânsito, esse índice aumenta entre os usuários frequentes de carro (31%) e o mais ricos (34%).

Fernanda Maciel Canile - Geóloga do Metrô de SP, mestre em Geociências pela USP

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