Mesmo assim, governo britânico prossegue no intuito de tornar a frota de transporte coletivo menos dependente do petróleo
ADAMO BAZANI
Diário do Transporte
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Após os escândalos no ano passado da adulteração nos registros de emissões por veículos a diesel na Europa, envolvendo grandes montadoras, e do avanço de tecnologias não dependentes do petróleo, fabricantes e revendedores de veículos a diesel no Reino Unido tentam reagir e temem perda futura de mercado.
Segundo a associação que reúne fabricantes e comerciantes de motores, cuja sigla em inglês é SMMT – Society of Motor Manufactures and Traders, aumentou o número de veículos a diesel em 2016, no Reino Unido, com 1,3 milhão novos carros – alta de 0,6%.
O grupo de produtores e revendedores também defende o diesel com base na motorização que segue as normas europeias Euro 6 de restrição de poluição.
No Brasil, ainda é seguido o padrão Euro 5, desde 2013, que é mais poluente que o da Europa.
Os fabricantes continuam a defesa do diesel Euro 6, usando uma comparação que fizeram com ônibus Euro 5, numa linha em Londres:
“Testes do mundo real usando a rota de ônibus de Londres 159 mostram uma queda de 95% em NOx comparado com os ônibus de Euro V.”
“Testes do mundo real usando a rota de ônibus de Londres 159 mostram uma queda de 95% em NOx comparado com os ônibus de Euro V.”
Mesmo com o manifesto dos revendedores de motor a diesel, Londres estuda ampliar a frota de veículos elétricos, principalmente de ônibus. Até o final do ano, mais 35 ônibus elétricos devem ser incluídos no sistema, além dos dois mil híbridos que já operam. Hoje, 20% da frota de ônibus da capital inglesa já são movidos por formas mais limpas.
A gerenciadora do sistema Transport for London – TfL planeja encerrar a aquisição de novos ônibus de dois andares movidos a diesel a partir de 2018, e converter mais de 3.100 deles em híbridos ou elétricos a partir de 2019. – Relembre a matéria:
Em meio às discussões sobre a necessidade de reduzir a poluição em todo planeta, principalmente nos centros urbanos atingidos pelo excesso de veículos particulares diante da necessidade de ampliação da oferta de transporte coletivo, em especial nos países menos desenvolvidos, há também grandes interesses econômicos em jogo.
A indústria do petróleo e os produtores de veículos a combustão não querem perder o mercado bilionário. Ao mesmo tempo que se esforçam para deixar seus produtos menos poluentes, também atuam pressionando autoridades em diversas instâncias.
O mesmo ocorre com os produtores de veículos de tração alternativa, que também tentam exercer influências para ganhar o mercado.
Cabe às autoridades públicas estarem a serviço do público (mesmo parecendo redundante) e verem o que é melhor para redução da poluição, independentemente dos lobbies e pressões setoriais.
Neste aspecto, é importante a atuação também do mundo acadêmico, de forma independente.
É lógico que os produtores de veículos elétricos vão defender as vantagens desses modelos e os produtores de veículos a combustão também vão querer dizer que a questão da poluição está sendo equacionada por eles. Isso sem contar que muitas vezes o mesmo fabricante já atua nos dois tipos de propulsão. O mercado de gás natural (advindo do petróleo) e de etanol também exerce pressão nesse jogo que precisa cada vez mais de fontes imparciais para que as cidades sigam no caminho correto, a fim de a poluição não continuar matando, de acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde, mais de 1,5 milhão de pessoas por ano no Planeta.
Os dez pontos em defesa do diesel elencados pelas fabricantes foram os seguintes:
1-Em 2016, registou-se um recorde de 1,3 milhão de novos carros diesel no Reino Unido, um aumento de 0,6% em relação ao ano anterior – uma tendência que continua em 2017. Em março, mais empresas e consumidores escolheram um novo carro diesel do que em qualquer outro mês da história , Com quase 250.000 sendo vendidos
2-O diesel é fundamental para reduzir as emissões de CO2, que por sua vez combate as alterações climáticas – os veículos a diesel modernos emitem, em média, menos 20% de CO2 do que os equivalentes de gasolina. De fato, desde 2002, carros a diesel já “economizaram” 3,5 milhões de toneladas de CO2
3- Um em cada dois carros novos registrados no Reino Unido é diesel, com os compradores avaliando seu desempenho mais elevado e consumo de combustível mais baixo. Em média, os motores diesel usam 20% menos combustível do que para modelos semelhantes a gasolina, e com veiculos a diesel normalmente cobrindo 60% a mais “quilometros” que os a gasolina, os custos com combustível mais baixas são um diferencial.
4- 96% dos 4.8 milhões de veículos comerciais do Reino Unido já são alimentados a diesel e transportam pessoas, bens essenciais e serviços de emergência. Mais de 61 bilhões de milhas por ano são rodadas com esse combutivel.
5- A tecnologia avançada dos motores a diesel modernos praticamente eliminou as emissões de partículas, com 99% dessas partículas de fuligem capturadas por filtros especiais instalados em todos os novos carros a diesel desde 2011. Cerca de metade dos veículos a diesel que estão na estrada agora possuem um filtro de partículas diesel (DPF)
6- Já os últimos veículos Euro 6 são os mais limpos da história – e a anos-luz das regulamentações anteriores. Além de filtros especiais (DPF), eles também possuem tecnologia inteligente que converte a maior parte do NOx do motor em nitrogênio e água inofensivos antes de atingir a exaustão.
7- A tecnologia Euro 6 funciona. Testes do mundo real usando a rota de ônibus de Londres 159 mostram uma queda de 95% em NOx comparado com os ônibus de Euro V. De facto, se todos os carros mais antigos que operam na capital fossem substituídos por uma versão Euro 6, as emissões totais de NOx em Londres caíriam 7,5%.
8- Os carros a DIESEL Euro 6 mais recentes já são classificados como de baixa emissão para os fins da London Ultra Low Emission Zone, que entrará em vigor em 2019, o que significa que os condutores destes veículos terão liberdade para entrar na zona sem custos.
9- Contrariamente a relatórios recentes, os carros diesel não são a fonte principal de NOx urbano. Enquanto o transporte rodoviário como um todo é responsável por cerca de metade do NOx de Londres, os automóveis a diesel produzem apenas 11%, embora as concentrações variem em diferentes momentos, dependendo do congestionamento. Manter o tráfego em movimento é a chave para manter as emissões baixas.
10- Em Setembro deste ano, entrará em vigor um novo sistema oficial de controle das emissões a nível da UE. Isto implicará, pela primeira vez, testes em estrada para melhor refletir as muitas e variadas condições envolvidas na condução do “mundo real”, tais como velocidade, congestionamento, condições de estrada e estilo de condução. Este será o padrão de emissões mais difícil do mundo.
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