Reportagem de época mostra problemas ainda muito comuns hoje no cotidiano da mobilidade urbana da capital paulista.
ADAMO BAZANI
A capital paulista hoje tem em torno de 12 milhões de habitantes e, segundo a SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora dos serviços de mobilidade urbana, com base nos indicadores de fevereiro de 2017, são 14.623 ônibus municipais (entre micro-ônibus, ônibus midi, ônibus convencionais, ônibus articulados, ônibus superarticulados e ônibus biarticulados).
Em 1973, a população era bem menor, a metade, em torno de e seis milhões de pessoas, segundo o IBGE. Havia cerca de 7 mil ônibus municipais, 75 empresas (a maioria era de pequeno porte).
Mas existe uma semelhança entre os anos tão distantes: não há transporte para todo mundo, o que evidencia que a qualidade e a oferta de mobilidade na maior cidade da América Latina têm muito a evoluir.
Em 1973, não havia Metrô em São Paulo. Hoje a malha é de em torno de 80 Km, também insuficiente.
Não havia corredores de ônibus em 1973. Hoje corredores de ônibus somam em torno de 130 km e BRT – Bus Rapid Transit (estrutura para ônibus mais indicada), somente o trecho de 8 km do Expresso Tiradentes de parte da zona Leste até o Terminal Mercado, no centro de São Paulo. Tudo também insuficiente.
Em outubro de 1973, foi realizado o 12º Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes, quando foram divulgados os dados relativos ao número de acidentados durante aquele ano e a análise dos setores onde as condições de trabalho provocam mais acidentes.
Uma reportagem da edição da tarde do Jornal Hora da Notícia, da TV 2, mostrou como já era calamitosa situação dos transportes da cidade. Em alguns aspectos, hoje é possível perceber que houve melhorias, como o padrão dos ônibus, o aumento da frota e, apesar da lotação, não viajam mais pessoas penduradas na porta como naquela época.
No entanto, os problemas estruturais de mobilidade ainda não foram resolvidos. A qualidade é insatisfatória, não há transporte para toda a demanda da cidade e os passageiros, continuam insatisfeitos.
De acordo com a reportagem, dos 7 mil ônibus da cidade de São Paulo, na época, 1,5 mil estavam encostados por não apresentarem condições, por falta de peças ou porque não havia motoristas e cobradores no mercado – os salários eram baixos e poucos profissionais optavam por estas funções.
Segundo o Detran, ainda na reportagem, 60% destes 7 mil ônibus não tinham condições plenas de rodar, mas não eram recolhidos porque a situação de falta de transporte suficiente ser agravaria.
A reportagem mostra a linha Pompéia/Lapa, extremamente lotada. Filas se formavam às 5h no ponto final e havia necessidade até mesmo de a polícia intervir para que não houvesse confusão no embarque.
Muitas pessoas iam penduradas nas portas dos ônibus. Um perigo, mas que não tinha jeito. Ou ia dependurado ou não chegava aos compromissos na hora certa.
Por causa disso, os ônibus tinham uma velocidade de 10 km/h em alguns trechos das linhas.
Vários passageiros foram entrevistados, mas um resumia bem um problema: falta concorrência entre as empresas de transportes.
O material, do acervo da EMPLASA – Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. é muito bom e nos faz, olhando para o passado, refletir sobre o presente e o futuro da mobilidade
Veja Vídeo:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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