segunda-feira, 8 de maio de 2017

ONU defende ônibus movido a hidrogênio como solução sustentável para problemas de mobilidade urbana do Brasil

Ônibus de hidrogênio desenvolvido pelo PNUD no Brasil. Foto: PNUD Brasil

Brasil foi o 1º país da América Latina a colocar em circulação regular um ônibus movido a hidrogênio. E o quarto do mundo, ao lado de EUA, Canadá e Alemanha
ALEXANDRE PELEGI
Já há tempos que os cientistas e especialistas em mobilidade urbana sonham com um ônibus que não emita poluentes. No Brasil a ideia já saiu do papel. Mais precisamente em março de 2016, quando três ônibus movidos a hidrogênio foram incluídos na frota paulista. Os veículos sustentáveis surgiram como resultado de uma parceria entre o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).
Na verdade o Brasil foi o primeiro país da América Latina a colocar em circulação regular um ônibus movido a hidrogênio. E o quarto do mundo, ao lado de Estados Unidos, Canadá e Alemanha.
Participando da mesa “Como qualificar o transporte coletivo e atrair novas fontes de recursos”, durante o IV Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável (EMDS), da Frente Nacional de Prefeitos, a especialista da agência da ONU, Rose Diegues, lembrou que a experiência brasileira, apesar de ter durado pouco, foi essencial. São Paulo foi escolhida para o projeto do PNUD “por ser a cidade com a maior frota de ônibus do Brasil”, ela afirmou. E o curto tempo da experiência deve-se à tecnologia pré-comercial, com um modelo de negócio que ainda precisa ser implementado no país.
O mais importante da experiência, segundo Rose Diegues, foi a transferência de tecnologia e conhecimentos para a indústria nacional. “Esse projeto deu oportunidade ao mercado brasileiro para se adequar a essa nova tecnologia, que é uma tecnologia do futuro”, afirmou.
O secretário municipal de transportes de São Paulo, Sérgio Avelleda, às vésperas da mega licitação do sistema de transportes públicos da cidade, também esteve presente ao evento. Avelleda citou que hoje apenas 7% dos ônibus responsáveis pelo transporte urbano da capital são sustentáveis.
Atualmente 21% da poluição gerada pelo sistema de transporte na capital é causada pela frota de ônibus; perto de 40% é por caminhões, ficando o restante para os carros. Mas o que assusta os técnicos e gestores públicos é o crescimento exponencial da frota de automóveis no país, que nos últimos 15 anos triplicou, enquanto a frota de motocicletas aumentou cerca de cinco vezes. O fato torna fundamental a busca por soluções de mobilidade urbana sustentáveis.
Sugestões
Richele Cabral Gonçalves, diretora da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do estado do Rio de Janeiro (FETRANSPOR), defendeu o investimento em Transporte Rápido por Ônibus, os conhecidos BRTs. Segundo ela, cada BRT tira 3 ônibus da rua, o que implica em ganho de eficiência energética no transporte público.
Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), destacou outro fato, que aponta para o futuro imediato: os investimentos em sustentabilidade devem beneficiar não apenas os grandes centros urbanos, mas principalmente as cidades de médio porte. Isso porque a perspectiva para os próximos 30 anos é que o Brasil ganhe cerca de 40 milhões de habitantes. “Essas pessoas não vão morar em São Paulo, Rio de Janeiro ou Salvador. Elas vão viver nas cidades médias e, por isso, precisamos investir na mobilidade urbana dessas cidades”, alertou Ailton.
Alexandre Pelegi, com informações da ONU-Brasil

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