Perda de passageiros pode ter várias causas, como a crise econômica, a falta de integração tarifária e o aumento do custo do transporte público. Moradores com melhor renda podem ter optado em trocar trens pelo transporte individual
Imagem: William Molina
ALEXANDRE PELEGI
Diário do Ônibus
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A Linha 10-Turquesa da CPTM perdeu quase 8 milhões de passageiros nos últimos 5 anos, resultado que contrasta com o resultado positivo alcançado por demais linhas da Região Metropolitana. O Diário do Grande ABC obteve os dados com exclusividade. A Linha 10 é responsável pelo segundo menor volume de passageiros de todo o sistema de trens metropolitanos.
A Linha 10-Turquesa da CPTM, que liga a região central de São Paulo (Brás) até a região do ABC Paulista, cruza a região sudeste do município de São Paulo e os municípios de São Caetano do Sul, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
No comparativo anual feito pela CPTM, a Linha 10, que atende média de 181,4 mil usuários somente no Grande ABC, perdeu 7% da quantidade de passageiros entre 2011 e 2016. Há cinco anos a Linha transportou 110,7 milhões, número que caiu para 102,8 milhões no ano passado.
A explicação para a queda no movimento, segundo a CPTM, se deve a uma “consequência da crise econômica que afeta todos os setores do País e do aumento do desemprego”. No entanto, observa o Diário, esta queda não foi observada em todo o sistema de trens da CPTM, composto por seis linhas. A matéria aponta que no mesmo período, compreendido entre 2011 e 2016, a companhia estadual teve acréscimo de 17% na quantidade de passageiros transportados entre 2011 e 2016.
Para a arquiteta, urbanista e doutora em planejamento urbano Silvana Zioni, professora da UFABC (Universidade Federal do ABC), ouvida pela matéria do jornal Diário do Grande ABC, a explicação é mais complexa. “A perda de passageiros no Grande ABC pode sim ter sido consequência da crise, mas também é necessário avaliar outros fatores. A falta de integração tarifária e também o aumento do custo do transporte público podem ter contribuído para que moradores da região que possuem um poder aquisitivo razoável tenham optado por trocar o sistema pelo transporte individual, que em alguns casos tem custo até melhor”, avalia a professora.
A CPTM destaca que tem realizado investimentos na Linha 10 de R$ 223,5 milhões em todo o itinerário. No entanto, aponta a matéria do Diário, o sistema responsável por atender nove estações de trens espalhadas pelo Grande ABC “apresenta há tempos sinais de saturação”. Somado à superlotação diária, o abandono do sistema pode ser observado em problemas estruturais nas estações, aponta o jornal.
A Linha 10-Turquesa tem atualmente frota composta por 25 trens, todos antigos, com ano de fabricação entre 1974-1977 (Série 2100), uma das mais antigas de toda a Companhia. Para piorar o quadro, não existe previsão para que a região receba algumas das novas composições adquiridas pelo Estado (ao todo 65), que estão sendo distribuídas desde 2016 pelas outras linhas.
SATURAÇÃO
O mesmo Diário do Grande ABC publicou matéria em novembro de 2015 em que afirmava que em cinco anos de operação, a Linha 10-Turquesa da CPTM registrara alta de 10,24% no número dos usuários em sua média diária. Levantamento da Companhia apontava que a quantidade de embarques feitos em dias úteis saltara de 330,1 mil em 2010 para 363,9 mil em 2015. Diante do crescimento de mais de 15% da população da região no mesmo período – 55% dos usuários da linha – o jornal afirmava que o aumento fora inexistente.
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