Sob gestões tucanas, metrô de SP cresce tão devagar quanto antes
O ritmo de expansão do metrô de São Paulo desde 1995, quando o PSDB assumiu o governo do Estado, tem sido tão lento quanto o das gestões anteriores e muito inferior ao de outros países em condições comparáveis.
Dados obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação apontam que a gestão tucana investiu R$ 30 bilhões em trilhos, trens e estações do metrô nos últimos 20 anos, quando inaugurou 37,2 km de linhas e 27 estações.
Isso significa uma entrega de menos de 2 km de novas linhas por ano. Trata-se de um valor semelhante ao obtido entre 1974, quando o metrô entrou em operação, e 1994, quando governos da Arena, PDS e PMDB inauguraram 43,4 km e 41 estações.
O Metrô diz que as obras anteriores foram beneficiadas por investimentos iniciados em 1968 e que, nos governos do PSDB, houve também avanço significativo na melhoria de trens da CPTM.
Seul, na Coreia do Sul, inaugurou a sua malha de metrô apenas um mês antes da capital paulista, em 1974. Mas hoje, enquanto os paulistanos contam com uma rede de 80,6 km, a cidade asiática possui 326,5 km —fazendo 8 km de metrô por ano.
No ritmo atual, a capital paulista demoraria mais de 120 anos para ter uma malha similar à que dispõe atualmente a capital sul-coreana.
Também tiveram ritmo de expansão muito superior as redes de Santiago (Chile) e da Cidade do México, inauguradas em 1969 e 1975.
As perspectivas de ampliação do transporte sobre trilhos em São Paulo nos próximos anos também não são animadoras: as obras das linhas 5-lilás e 4-amarela, por exemplo, já tiveram seus cronogramas adiados neste ano.
Desde 2011, quando voltou ao poder no Estado, Alckmin entregou só 3,2 km de metrô. A conta considera os 2,3 km da linha 15-prata, que segue em testes, operando cinco horas por dia, e que não é metrô tradicional, mas um monotrilho, que usa trens com menor capacidade de usuários.
O governo atribui os atrasos a fatores como licenças ambientais e problemas com empreiteiras sob investigação.
LENTIDÃO
Ao lado do canteiro de obras da futura estação Oscar Freire, da linha 4-amarela, a cabeleireira Vânia Matos, 59, se diz entediada devido ao ritmo dos trabalhos. A promessa era que a estação fosse entregue em 2010, ainda no governo José Serra (PSDB).
Cinco anos se passaram e agora seu novo prazo é 2016. "Eu trabalho há mais de 30 anos aqui. Não vejo nada mudar há meses, apenas este trânsito aumentar. Agora piorou com duas faixas da [rua] Oscar Freire bloqueadas."
Ela conta que, quando visitou as redes de metrô de países europeus, ficou impressionada com a arquitetura pragmática das estações. "Aqui só tem obra de arte, coisa de luxo. Por que tudo isso? As pessoas só querem ir mais rápido, ter mais opções e deixar seu carro em casa."
A demora na construção da linha poderia ter poupado dinheiro e tempo do universitário Bruno Bastida, 21.
Ele estuda na Universidade Mackenzie, ao lado de onde deveria estar a estação Higienópolis-Mackenzie desde 2010. "Eu desço na estação República e, de lá, tenho de pegar um ônibus que gasta mais 15 minutos até a universidade. Se a estação estivesse concluída, além de uns 30 minutos de tempo, também economizaria uns R$ 7 por semana só com ônibus", diz.
Além da linha 4, a gestão Alckmin também postergou a entrega da linha 17-ouro (São Paulo Morumbi/Congonhas), prevista para a Copa de 2014, mas que agora só deve ficar pronta em 2016. As 11 estações da linha 5, prometidas na campanha de 2010 para serem entregues em 2014, deverão sair do papel só em 2017. As informações estão na Folha, que deve estar fazendo birra com os tucanos
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