Autor: Miguel do Rosário
Leio no noticiário de hoje que o governador de Minas Gerais, Alberto Coelho, decidiu, no apagar das luzes de sua gestão, transferir a administração do aeroporto de Claudio, no interior do estado, para a prefeitura.
Antes, estava sob controle do governo estadual.
Por que Coelho fez isso?
A imprensa brasileira, notoriamente tucana, não irá perguntar. Então as redes sociais terão obrigação de fazê-lo.
A razão seria a transferência de documentos, antes em poder do governo do estado, que em breve cairá em mãos do PT, para a prefeitura de Claudio, administrada por um partido (por enquanto) aliado a Aécio Neves, o PRTB?
Como se sabe, o aeroporto de Claudio tornou-se famoso nacionalmente após a revelação de que Aécio Neves, então governador, o construíra em terras de seu tio-avô, e que as chaves do mesmo ficavam em poder de sua família. O próprio Aécio tinha fazenda lá, a seis quilômetros do aeroporto.
Após algumas semanas de silêncio constrangido, Aécio confessa que usou ilegalmente o aeroporto “algumas poucas vezes” (metáfora engraçada para dizer que usou muito). Ilegalmente porque o aeroporto, mesmo após anos, ainda não foi homologado pela Anac. É proibido usá-lo.
O então candidato justificou a construção do aeroporto dizendo que Claudio era um importante centro industrial, o que é uma mentira deslavada.
E mesmo que fosse verdade, porque o governo não se empenhou então para legalizar o aeroporto?
A verdade é que a situação era confortável para Aécio, que usava o aeroporto como se fosse particular, apenas para passar finais de semana em sua fazenda na cidade.
Claudio, aliás, trouxe outras novidades para a campanha.
Logo após as denúncias, houve um estranho incêndio na prefeitura da cidade.
Ao final de 2013, a polícia de Minas estourou um centro de refino de cocaína na cidade.
E ainda temos algumas não totalmente explicadas conexões desagradáveis entre um primo de Aécio e traficantes de drogas.
A atriz Tassia Camargo encontrou – e o divulgou nas redes – um documento da polícia mineira, que descreve a descoberta de ossada humana no município de Claudio, em propriedade do senador.
Há também os depoimentos do policial civil Lucas Gomes Arcanjo, que faz acusações gravíssimas ao ex-governador Aécio Neves.
Só que esta “delação”, pelo jeito, não interessa à nossa imprensa.
Apenas durante a campanha, pressionada pelas redes sociais, a mídia se viu obrigada a fazer perguntas a Aécio Neves.
Finda as eleições, o assunto é enterrado.
Já com tudo relacionado ao PT, o fim da campanha apenas exacerbou a curiosidade da mídia.
Esse jogo de dois pesos e duas medidas já ficou descarado demais.
O próximo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT, já disse que não jogará nada para embaixo do tapete.
Muitas novidades, portanto, poderão vir das belas e frias montanhas de Minas.
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