Galiza - NÓS-UP - À medida que as horas vam passando, vamos contando com novos dados que
indicam a existência de responsabilidades políticas e institucionais no
acidente ferroviário de Angrois, em Compostela. Simultaneamente, também aumenta
o nosso temor a que, novamente, essas responsabilidades fiquem impunes.
NÓS-Unidade Popular quer começar por
reiterar a sua plena solidariedade com as famílias das vítimas. Fazemos nossa a
sua dor e por isso temos promovido e participado até agora em diferentes
iniciativas que expressárom essa dor coletiva compartilhada.
Porém, achamos que, como força
política galega e de esquerda, nos corresponde fazer um apelo para que o nosso
povo tome consciência de que este tipo de
acidentes nom som simples desgraças naturais inevitáveis. Daí que, se
queremos evitá-las ou minimizar a sua ocorrência no futuro, devamos reclamar
informaçom e exigir responsabilidades políticas.
Sem pretendermos entrar em questons
técnicas que nom nos corresponde abordar a nós, e sim a técnicos independentes
que estabeleçam as causa concretas do sinistro, sim queremos propor ao nosso
povo as seguintes consideraçons para o seu estudo:
1. Confirma-se o papel sensacionalista e de serviço ao poder por parte
dos grandes media burgueses, assim como dos meios públicos manipulados polo
poder, em maos do Partido Popular. Todos eles (La Voz de Galicia, TVG, ABC, La
Razón, El País, El Mundo…) jogárom a vaza da exibiçom de imagens totalmente
inadequadas das vítimas. No primeiro momento, alguns tentárom passar-nos a
teoria do “atentado” e, posteriormente, agora pretendem que a responsabilidade
recaia no maquinista. Um espetáculo mediático que favorece que o PP e o PSOE,
assim como a própria Renfe, se livrem das suas responsabilidades nas obras e na
gestom do comboio.
2. Confirma-se que o comboio sinistrado nom contava com o sistema de
controlo de velocidade permanente e, em concreto, na curva
perigosa da Grandeira esta supervisom permanente nom existe. Especialistas
declarárom já que um acidente assim seria impossível na
linha Madrid-Barcelona ou Madrid-Sevilha, que sim contam com o RTMS de
supervisom permanente da velocidade.
3. Algumhas fontes apontam para possíveis falhas de manutençom no ASFA
digital, painel de aviso e controlo pontual que deveria
funcionar na zona do acidente, por ser um ponto de risco.
4. É umha evidência a total inadequaçom do sistema de caminhos de ferro
da Galiza para um país com as necessidades de transporte como o nosso. O atraso e
caráter obsoleto da maioria das linhas nom pode ser compensado com a introduçom
de comboios rápidos de maneira precária e sem as devidas garantias, como agora
comprovamos.
5. A empresa pública Renfe está no preámbulo da sua privatizaçom,
atravessando já umha evidente precarizaçom que nom só sofrem os e as
trabalhadoras, mas também todas as pessoas que utilizam os seus serviços. Neoliberalismo e
privatizaçons som incompatíveis com segurança pública como prioridade no
transporte, porque prima o lucro das empresas através da minimizaçom dos
custos… também em segurança.
6. Rejeitamos por isso qualquer tentativa de focalizar no maquinista a
responsabilidade, quando sabemos que um acidente como o do dia 24 depende de fatores
técnicos que transcendem um eventual “erro humano”.
7. Desde antes já da construçom ou adaptaçom das linhas convencionais,
mediante a expropriaçom de terras pagas com justiça, e que exige fortes
investimentos acordes com a difícil orografia galega, até a supervisom e
controlo permanente das obras e do funcionamento do sistema, passando polas
condiçons laborais de maquinistas e restantes trabalhadoras e
trabalhadores. Todo o processo exige um controlo
público que agora parece nom ter existido. Nom nos tranquiliza saber que ACS,
empresa que financiou ilegalmente o Partido Popular, está entre as construtoras
da linha em questom.
8. Os cortes e precarizaçom dos serviços de emergência e de saúde tenhem
sido denunciados durante os últimos anos polos sindicatos dos setores. Entretanto, o
gasto em material repressivo nom deixa de aumentar e o acidente de Compostela
ilustrou esse paradoxo: Centenas de polícias, carros, carrinhas e helicópteros
ocupárom a cidade de Compostela para atemorizar e ameaçar a populaçom, enquanto
a poucos quilómetros eram vizinhas e vizinhos os que ajudavam os deficitários
serviços de emergência na ajuda às vítimas.
9. Acrescente-se a saturaçom da UVI da CHUS enquanto o Hospital de Conxo
nom podia absorver feridos, ao nom contar com a suprimida unidade da UCI e ter
fechados os quirófanos devido aos cortes em saúde. É em casos como o do acidente de Compostela que comprovamos de maneira
mais evidente os péssimos efeitos da supressom de orçamento e da imposiçom de
cortes no sistema de saúde público.
10. O anterior dá mais valor ao grande trabalho realizado tanto por
pessoal sanitário, de urgências, proteçom civil, bombeiros como restantes
trabalhadoras e trabalhadores dos serviços públicos participantes
no dispositivo de ajuda e atendimento às pessoas feridas.
No caso dos bombeiros da Corunha,
suspendêrom a greve que mantinham para participar nos labores de ajuda. Mais
que nunca, os serviços públicos com suficiente
orçamento som a garantia da melhor abordagem a crises como a do dia 24 de julho, apesar da
precarizaçom e das privatizaçons impostas polos governos reacionários, primeiro
do PSOE e agora do PP.
11. Em contraste com a exemplar atitude dos trabalhadores e
trabalhadoras, assim como das pessoas voluntárias que participárom nos labores de
resgate, os responsáveis políticos voltárom a dar a medida da sua mediocridade
e mesquindade:
- Samuel Juárez, subdelegado do governo espanhol na Galiza, estava ocupado
dirigindo os labores repressivos na capital, em lugar de se pôr ao serviço das
vítimas do acidente.
- O governo espanhol emitiu um comunicado em que misturava fragmentos de
um texto sobre os terramotos na China com o sinistro da capital da
Galiza.
- Feijó e outros membros dos governos galego e espanhol dedicárom-se a
sair nas fotos com o assassino de elefantes, com cara de caso, sem darem mais
explicaçons que as que se dariam no caso de um terramoto inevitável… na China.
12. É ainda cedo para tirar conclusons definitivas, mas existem já mais
que indícidos da existência de responsabilidades políticas claras. Também temos
precedentes de como o poder político, com apoio do mediático, sempre acaba
safando-se dessas responsabilidades, impondo a censura e o esquecimento sobre
factos terríveis que, neste caso, custárom já a vida a nom menos de 78 pessoas
inocentes.
Por todo o anterior, NÓS-Unidade Popular rejeita qualquer falsa saída do tipo
“comissom parlamentar” ou paródia similar e reclama umha investigaçom independente que apure todas as
responsabilidades e conduza ao julgamento penal dos responsáveis políticos do
acontecido na curva da Grandeira, Angrois, Compostela.
Umha vez que as instituiçons e os seus partidos nom vam assumir qualquer
responsabilidade motu proprio, deverá ser a mobilizaçom popular a
que os obrigue a fazê-lo, com as demissons e julgamentos penais
correspondentes.
Ou isso, ou voltarmos a repetir, mais
umha vez, os mesmos erros com os mesmos resultados que, periodicamente,
acontecem na Galiza no meio da mais absoluta impunidade dos seus verdadeiros
responsáveis.
Direçom Nacional de NÓS-Unidade
Popular
Galiza, 26 de julho de 2013
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