“Para quem são construídas as cidades?”. É com esta simples pergunta que os membros do grupo Planka têm promovido a discussão da mobilidade urbana no mundo há mais de uma década. O movimento foi fundado em 2001 pela SUF (Federação da Juventude Anarcosindicalista da Suécia, na sigla em sueco), em resposta ao aumento da passagem do transporte público de Estocolmo, a capital do país.
O grupo defende que o custo da utilização do transporte público deveria estar embutido nos impostos pagos pelos cidadãos, de acordo com a sua renda, em vez de um valor fixo para todos. “As passagens deveriam ser como as calçadas – pagas por todos e de uso gratuito”, diz a página web do grupo.
“Nós queríamos fazer alguma coisa concreta que fosse além da pura dissidência”, explica a Opera Mundi Christian Tengblad, um dos membros do coletivo. “Nestes anos de atuação, conseguimos que muitas pessoas economizassem com transporte e forçamos um debate em torno das tarifas e da mobilidade no espaço público”.
Divulgação
Planka faz parte de um grupo internacional com mais de 50 organizações que defendem o passe livre
O Planka atua defendendo o não pagamento das passagens no transporte público, saltando as catracas ou simplesmente embarcando nos ônibus e bondes sem pagar. Caso apareça um controlador, a multa é paga pelo movimento se a pessoa multada for um membro do grupo. Para se associar, paga-se uma mensalidade de 100 coroas suecas (R$ 33), que financia todas as atividades do Planka.
As mídias sociais e os smartphones também estão sendo usados em prol da causa. Um grupo no Facebook, com mais de 20 mil membros, informa em tempo real a localização dos biljettinspektör (inspetores de passagem), evitando assim que passageiros sem ticket sejam multados. A multa por viajar sem passagem ultrapassa os 400 reais.
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A estratégia é controversa, mas os líderes do movimento explicam que esta é uma maneira de chamar a atenção para as suas demandas. Além do não-pagamento dos bilhetes, o grupo conta com o apoio de lobistas profissionais e da militância de esquerda para pressionar o debate do passe livre.
[Cartaz do grupo Planka]
“Fomos muitas vezes levados para a polícia e políticos do partido de direita Moderatema tentaram abafar os nossos debates. O lobby das empresas de transporte também tentou nos silenciar”, conta Christian.
E a atuação do grupo não se resume ao preço da passagem ou à defesa do passe livre. A crescente dependência do automóvel e a consciência ecológica fazem parte da agenda. A construção de estradas no interior da Suécia e nos subúrbios de Estocolmo também é alvo frequente dos ativistas do Planka.
Há alguns anos, a empresa sueca de transportes anunciou que instalaria controles mais modernos para tentar evitar o não-pagamento de passagem. O grupo fez um vídeo explicativo mostrando o exemplo da cidade francesa de Lyon, onde o sistema foi aplicado e era facilmente burlado. “O mais importante é não ficar somente no campo da utopia. Mostramos com números que o custo de um transporte privado é maior do que se fosse financiado pelos nossos impostos. E que qualquer tentativa de aumentar o controle vai ser em vão”, explica o representante do movimento sueco.
O grupo elabora também relatórios e livros, tendo se transformado em um think tank escandinavo no assunto da mobilidade urbana. “Sabemos o que está acontecendo no Brasil e inclusive já falamos sobre o Movimento Passe Livre na nossa página-web. Trabalhamos em cooperação com outros grupos, inclusive o brasileiro”, conta Petter Slaatrem Titland, da filial em Oslo, na Noruega.
O grupo defende que o custo da utilização do transporte público deveria estar embutido nos impostos pagos pelos cidadãos, de acordo com a sua renda, em vez de um valor fixo para todos. “As passagens deveriam ser como as calçadas – pagas por todos e de uso gratuito”, diz a página web do grupo.
“Nós queríamos fazer alguma coisa concreta que fosse além da pura dissidência”, explica a Opera Mundi Christian Tengblad, um dos membros do coletivo. “Nestes anos de atuação, conseguimos que muitas pessoas economizassem com transporte e forçamos um debate em torno das tarifas e da mobilidade no espaço público”.
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Planka faz parte de um grupo internacional com mais de 50 organizações que defendem o passe livre
O Planka atua defendendo o não pagamento das passagens no transporte público, saltando as catracas ou simplesmente embarcando nos ônibus e bondes sem pagar. Caso apareça um controlador, a multa é paga pelo movimento se a pessoa multada for um membro do grupo. Para se associar, paga-se uma mensalidade de 100 coroas suecas (R$ 33), que financia todas as atividades do Planka.
As mídias sociais e os smartphones também estão sendo usados em prol da causa. Um grupo no Facebook, com mais de 20 mil membros, informa em tempo real a localização dos biljettinspektör (inspetores de passagem), evitando assim que passageiros sem ticket sejam multados. A multa por viajar sem passagem ultrapassa os 400 reais.
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A estratégia é controversa, mas os líderes do movimento explicam que esta é uma maneira de chamar a atenção para as suas demandas. Além do não-pagamento dos bilhetes, o grupo conta com o apoio de lobistas profissionais e da militância de esquerda para pressionar o debate do passe livre.
[Cartaz do grupo Planka]
“Fomos muitas vezes levados para a polícia e políticos do partido de direita Moderatema tentaram abafar os nossos debates. O lobby das empresas de transporte também tentou nos silenciar”, conta Christian.
E a atuação do grupo não se resume ao preço da passagem ou à defesa do passe livre. A crescente dependência do automóvel e a consciência ecológica fazem parte da agenda. A construção de estradas no interior da Suécia e nos subúrbios de Estocolmo também é alvo frequente dos ativistas do Planka.
Há alguns anos, a empresa sueca de transportes anunciou que instalaria controles mais modernos para tentar evitar o não-pagamento de passagem. O grupo fez um vídeo explicativo mostrando o exemplo da cidade francesa de Lyon, onde o sistema foi aplicado e era facilmente burlado. “O mais importante é não ficar somente no campo da utopia. Mostramos com números que o custo de um transporte privado é maior do que se fosse financiado pelos nossos impostos. E que qualquer tentativa de aumentar o controle vai ser em vão”, explica o representante do movimento sueco.
O grupo elabora também relatórios e livros, tendo se transformado em um think tank escandinavo no assunto da mobilidade urbana. “Sabemos o que está acontecendo no Brasil e inclusive já falamos sobre o Movimento Passe Livre na nossa página-web. Trabalhamos em cooperação com outros grupos, inclusive o brasileiro”, conta Petter Slaatrem Titland, da filial em Oslo, na Noruega.
O Planka faz parte de uma rede internacional chamada Free Public Transports (Transporte Público Gratuito), que conta com quase 50 organizações em mais de 20 países. No Brasil, quatro grupos fazem parte da rede – Transporte Gratuito para Todos, TarifaZero.org, Movimento Passe Livre e Grupo Transporte Humano.
“Nossa maior conquista é criar uma problemática, uma discussão. É trazer temas globais para o debate local. Uma das nossas vitórias é trazer para a esfera pública a questão das classes”, conta Petter. “Além da discussão do transporte público financiado pelos impostos, o movimento politizou um assunto que até então era encarado como um problema de segurança – o não pagamento das passagens no transporte”.
Segundo Christian Tengblad, os melhores exemplos de transporte público hoje em dia são a cidade de Hasselt, na Bélgica, Avesta, na Suécia e Tallinn, na Estônia. “Mas ainda é pouco. Queremos incentivar a discussão do transporte urbano em todo o mundo”, conclui.
“Nossa maior conquista é criar uma problemática, uma discussão. É trazer temas globais para o debate local. Uma das nossas vitórias é trazer para a esfera pública a questão das classes”, conta Petter. “Além da discussão do transporte público financiado pelos impostos, o movimento politizou um assunto que até então era encarado como um problema de segurança – o não pagamento das passagens no transporte”.
Segundo Christian Tengblad, os melhores exemplos de transporte público hoje em dia são a cidade de Hasselt, na Bélgica, Avesta, na Suécia e Tallinn, na Estônia. “Mas ainda é pouco. Queremos incentivar a discussão do transporte urbano em todo o mundo”, conclui.
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