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INCOERÊNCIA: Trólebus em São Paulo pagam em média R$ 620 mil por mês para Eletropaulo e recebem menos incentivos que veículos mais poluentes
Ônibus elétricos pagam ainda a mesma tarifa no horário de pico que uma pessoa que demora no banho no final da tarde
ADAMO BAZANI – CBN
Enquanto especialistas e a sociedade pregam a necessidade de ações que preservem o meio ambiente para que a qualidade de vida nas cidades melhore, na prática há poucos incentivos e até mesmo custa caro tomar atitudes para diminuir a emissão de poluentes.
O transporte coletivo é considerado não apenas uma solução de mobilidade urbana, mas para o meio ambiente também. Isso porque, um ônibus simples, por exemplo, pode de uma só vez substituir 40 carros de passeio, levando em conta que em média um carro só transporta duas pessoas e o ônibus tem lotação de 80 passageiros.
Mas quando é possível deixar o ônibus menos poluente, melhor ainda para as condições de vida da população e também para os cofres públicos. De acordo com o Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, cerca de 4 mil pessoas por ano morrem por problemas agravados pela poluição em São Paulo. Ainda segundo o laboratório, só em gastos com saúde pública, a poluição gera custos anuais em torno de R$ 460 milhões.
Apesar disso, os incentivos para a produção e compra de ônibus elétricos (trólebus) ou híbridos (elétricos híbridos) são poucos e bem menores que os R$ 32 bilhões de renúncia fiscal pelo Governo Federal desde 2004 para a produção e venda de carros de passeio, de acordo com dados da própria Receita Federal.
Mas se a compra de ônibus menos poluentes carece de incentivos, a operação também.
Hoje o Estado de São Paulo tem apenas três sistemas de trólebus: o da Capital Paulista, operado pela Ambiental Trans, o do Corredor Metropolitano ABD, servido pela empresa Metra, e o de Santos, com poucos veículos operados pela Viação Piracicabana.
Atualmente, as empresas podem diretamente manter as redes aéreas ou terceirizar os serviços, que antes eram exclusivos da Eletropaulo.
Mas a compra da energia ainda é pela concessionária e aí que aparece uma grande incoerência.
Apesar dos benefícios de mobilidade e para a redução à poluição que os trólebus proporcionam, os serviços são tributados como qualquer usuário comum.
Nos horários de pico, para evitar sobrecarga, o custo por minuto de energia elétrica é maior que nos demais horários. A medida serve para as pessoas usarem a energia em horários alternativos. Mas bem no horário de pico, o transporte coletivo se torna ainda mais importante por atender mais pessoas. Mesmo assim, a tributação é a mesma que a imposta sobre qualquer outro usuário e não há incentivo apesar dos benefícios dos transportes menos poluentes.
Dados da SPTrans, São Paulo Transportes, gerenciadora dos serviços na Capital Paulista, mostram que o sistema da capital tem de pagar em média R$ 620 mil como “Gastos de Energia para Tração – Eletropaulo”, segundo os relatórios da autarquia.
Entre janeiro e maio, que são os dados consolidados, estes custos foram de R$ 3 milhões 142 mil 790 e 50 centavos. A cidade tem pouco menos de 200 trolebus.
No início do ano, quando os custos de energia estavam mais altos, os gastos com tração elétrica quase atingiram R$ 800 mil
Acompanhe
GASTOS DO SISTEMA DE TRANSPORTE COM ENERGIA PARA TRAÇÃO – ELETROPAULO:
Janeiro/2013: R$ 799 mil 544 e 84 centavos
Fevereiro/2013: R$ 544 mil 660 e 20 centavos
Março/2013: R$ 585 mil 832 e 46 centavos
Abril/2013: R$ 646 mil 313 e 07 centavos
Maio/2013: R$ 566 mil 440
Fica a pergunta:
O que vale mais a pena, incentivar os transportes menos poluentes e diferenciar a tributação sobre a fabricação e operação de ônibus híbridos e trólebus ou renunciar R$ 32 bilhões em nome do transporte individual e gastar R$ 460 milhões por anos em saúde por causa da poluição apenas em São Paulo?
A resposta parece óbvia, mas na prática, é difícil existir uma política que de fato privilegie o transporte público, em especial o menos poluente.
Ônibus elétricos pagam ainda a mesma tarifa no horário de pico que uma pessoa que demora no banho no final da tarde
ADAMO BAZANI – CBN
Enquanto especialistas e a sociedade pregam a necessidade de ações que preservem o meio ambiente para que a qualidade de vida nas cidades melhore, na prática há poucos incentivos e até mesmo custa caro tomar atitudes para diminuir a emissão de poluentes.
O transporte coletivo é considerado não apenas uma solução de mobilidade urbana, mas para o meio ambiente também. Isso porque, um ônibus simples, por exemplo, pode de uma só vez substituir 40 carros de passeio, levando em conta que em média um carro só transporta duas pessoas e o ônibus tem lotação de 80 passageiros.
Mas quando é possível deixar o ônibus menos poluente, melhor ainda para as condições de vida da população e também para os cofres públicos. De acordo com o Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, cerca de 4 mil pessoas por ano morrem por problemas agravados pela poluição em São Paulo. Ainda segundo o laboratório, só em gastos com saúde pública, a poluição gera custos anuais em torno de R$ 460 milhões.
Apesar disso, os incentivos para a produção e compra de ônibus elétricos (trólebus) ou híbridos (elétricos híbridos) são poucos e bem menores que os R$ 32 bilhões de renúncia fiscal pelo Governo Federal desde 2004 para a produção e venda de carros de passeio, de acordo com dados da própria Receita Federal.
Mas se a compra de ônibus menos poluentes carece de incentivos, a operação também.
Hoje o Estado de São Paulo tem apenas três sistemas de trólebus: o da Capital Paulista, operado pela Ambiental Trans, o do Corredor Metropolitano ABD, servido pela empresa Metra, e o de Santos, com poucos veículos operados pela Viação Piracicabana.
Atualmente, as empresas podem diretamente manter as redes aéreas ou terceirizar os serviços, que antes eram exclusivos da Eletropaulo.
Mas a compra da energia ainda é pela concessionária e aí que aparece uma grande incoerência.
Apesar dos benefícios de mobilidade e para a redução à poluição que os trólebus proporcionam, os serviços são tributados como qualquer usuário comum.
Nos horários de pico, para evitar sobrecarga, o custo por minuto de energia elétrica é maior que nos demais horários. A medida serve para as pessoas usarem a energia em horários alternativos. Mas bem no horário de pico, o transporte coletivo se torna ainda mais importante por atender mais pessoas. Mesmo assim, a tributação é a mesma que a imposta sobre qualquer outro usuário e não há incentivo apesar dos benefícios dos transportes menos poluentes.
Dados da SPTrans, São Paulo Transportes, gerenciadora dos serviços na Capital Paulista, mostram que o sistema da capital tem de pagar em média R$ 620 mil como “Gastos de Energia para Tração – Eletropaulo”, segundo os relatórios da autarquia.
Entre janeiro e maio, que são os dados consolidados, estes custos foram de R$ 3 milhões 142 mil 790 e 50 centavos. A cidade tem pouco menos de 200 trolebus.
No início do ano, quando os custos de energia estavam mais altos, os gastos com tração elétrica quase atingiram R$ 800 mil
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GASTOS DO SISTEMA DE TRANSPORTE COM ENERGIA PARA TRAÇÃO – ELETROPAULO:
Janeiro/2013: R$ 799 mil 544 e 84 centavos
Fevereiro/2013: R$ 544 mil 660 e 20 centavos
Março/2013: R$ 585 mil 832 e 46 centavos
Abril/2013: R$ 646 mil 313 e 07 centavos
Maio/2013: R$ 566 mil 440
Fica a pergunta:
O que vale mais a pena, incentivar os transportes menos poluentes e diferenciar a tributação sobre a fabricação e operação de ônibus híbridos e trólebus ou renunciar R$ 32 bilhões em nome do transporte individual e gastar R$ 460 milhões por anos em saúde por causa da poluição apenas em São Paulo?
A resposta parece óbvia, mas na prática, é difícil existir uma política que de fato privilegie o transporte público, em especial o menos poluente.
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