Segundo relatório da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Greenpeace, até 2050, setor pode depender quase que integralmente das fontes renováveis de energia
ADAMO BAZANI
A redução do consumo de energia no Brasil e, consequentemente da poluição, está no setor de transportes.
É o que aponta relatório denominado (R)evolução Energética, divulgado nesta terça-feira, 13 de setembro de 2016. O estudo é de responsabilidade do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), e pela organização internacional de defesa do meio ambiente, Greenpeace.
Segundo o estudo, o setor de transportes é o que maior potencial para redução do consumo de energia no Brasil até 2050. Para isso, foi considerado o cenário no qual as fontes renováveis terão 100% de participação na matriz energética.
Neste cenário, o país teria 75% de biocombustíveis (como etanol) e 25% de energia elétrica na matriz do setor. Para isso até 2050, segundo o relatório tem que haver um processo no Brasil de renovação de frota e de migração do transporte rodoviário para o sistema metroferroviário, além de substituição da frota de veículos movidos a gasolina e óleo diesel por outros movidos a energia elétrica e etanol.
Uma das condições para que este ganho de eficiência energética ocorra com o setor de transportes coletivos, além dos incentivos para a expansão da malha metroferroviária, é a criação de mecanismos que estimulem a produção e a compra de ônibus elétricos, trólebus, a gás natural ou biometano, etanol, entre outras fontes para tração.
À Agência Brasil, o coordenador do estudo na área de transportes, Márcio D’Agosto, professor de Engenharia de Transportes da Coppe, disse que o processo é gradativo, mas necessário para o bem estar das pessoas e para a economia de empresas e do poder público.
“Com a utilização de biocombustíveis e de energia elétrica, em vez de combustíveis fósseis, o setor de transportes pode ter um consumo de energia 61% menor do que o atual” – diz o estudo.
O professor diz que é necessário estipular metas que sejam levadas a sério e alcançadas de fato.
Além disso, não basta apenas substituir o diesel e a gasolina pelos biocombustíveis e eletricidade sem melhorar a eficiência energética dos modais menos poluentes.
MUDANÇAS DE HÁBITOS DE DESLOCAMENTO:
O principal caminho para que o setor de transportes reduza o consumo de energia e a poluição não está apenas na tecnologia, mas também nas mudanças de hábitos de deslocamento. Por isso que investir em mobilidade urbana e incentivar os deslocamentos a pé são essenciais para alcançar a meta de redução de emissões, na visão do professor Márcio D’Agosto.
“Não basta só substituir por combustíveis renováveis. Tem que melhorar eficiência. E isso não significa só acessar máquinas melhores. É usar aparelhos que consomem menos energia, é deixar de usar automóvel e andar a pé e de bicicleta, dar preferência a transportes coletivos, é transportar carga mais por trem do que por caminhão”.
O estudo ainda diz que atual malha de trens deve ser melhor aproveitada. Hoje apenas 25% do transporte de cargas e 4,1% de passageiros são pelos trens.
O estudo propõe que até 2050 os transportes por trilhos respondam por 47% da carga nacional e 13% dos passageiros
Adamo Bazani, jornalista especializado em transporte
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