Diário do Transporte
Cálculo não leva em conta os corredores de ônibus da capital paulista que não são BRT, estruturas que possuem maior capacidade de atendimento e oferecem mais velocidade para os coletivos. Monotrilho também foi descartado
ADAMO BAZANI
A maior parte dos passageiros de transporte público na cidade de São Paulo mora na periferia e não dispõe perto de casa de sistemas de transportes mais eficientes de média e alta capacidade.
É o que conclui um estudo denominado PNT, da sigla inglês, People Near Transport feito pelo ITDP Brasil – Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento e pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis.
No caso da capital paulista, não foram considerados os corredores de ônibus porque na prática eles não são exclusivos para o transporte coletivo, admitido, por exemplo, táxis, carros aos fins de semana e muitas vezes delimitados apenas por faixas pintadas no solo, possibilitando invasão de carros particulares e motos.
Na cidade de São Paulo, existe apenas um BRT – Bus Rapid Transit, sistema que permite maior eficiência dos ônibus com mais capacidade de atendimento e velocidade, que é o Expresso Tiradentes, na região da Avenida do Estado, cuja velocidade média, de acordo com dados da própria Prefeitura de São Paulo, chega a 47 quilômetros por hora nos horários de pico da manhã. Relembre em:https://diariodotransporte.com.br/2016/08/03/velocidade-media-dos-onibus-mostra-que-sao-paulo-precisa-de-brt/
Foram consideradas as estações de trem e de metrô.
O monotrilho da linha 15-Prata, cuja extensão é de 2,9 quilômetros e não funciona no horário total do transporte público, operando apenas das 6h às 22h, com intervalo de até 20 minutos, também não foi considerado no levantamento por ter horário e extensão limitados, não se enquadrando nas exigências técnicas do estudo.
No Rio de Janeiro, por exemplo, onde houve investimentos em BRT – Bus Rapid Transit e VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, o índice de pessoas que moram perto de estações é de 47%. Já na Cidade do México, que conta com maior malha de Metrô e linhas de BRT, o índice é de 48%.
De acordo com o ITDP Brasil e a WRI Brasil, a distância em São Paulo das moradias em relação às estações de trem, metrô e de sistemas de ônibus com maior capacidade pode induzir mais pessoas a utilizarem os veículos particulares, prejudicando o trânsito e aumentando a poluição.
Outro aspecto fundamental é que enquanto não cresce a malha de metrô e de trem (modal quase desprezado no planejamento urbano) e de corredores de ônibus BRT, deve haver uma melhoria na prestação dos serviços de micro-ônibus e ônibus alimentadores de grandes sistemas, que hoje são os únicos meios de transporte público que conseguem acessar as áreas com menos infraestrutura e maior distância das áreas centrais de São Paulo.
Adamo Bazani, jornalista especializada em transportes
Nenhum comentário:
Postar um comentário