sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Tem candidato que defende a autonomia do Banco Central: saiba por que isso é ruim para a sua vida



Alguns candidatos à Presidência da República afirmam que vão garantir a autonomia do Banco Central - Neca Setubal, coordenadora do programa de  governo de Marina Silva vem sinalizando nesse sentido, assim como Aécio Neves (link is external)(PSDB). Você sabe como isso interfere diretamente na sua vida? O Muda Maisexplica. Vamos por partes:
O Banco Central do Brasil foi criado em 1964 e seu papel é gerir e política monetária do país – que está dentro da politica econômica, mais abrangente. Cabe ao Banco Central gerir a moeda, o crédito e as taxas de juros. A forma de gestão dessas ferramentas de controle da política monetária interferem diretamente na vida econômica do país, afetando o dia-a-dia das pessoas.
Atualmente, o Banco Central não tem autonomia formal, já que seu gestor é escolhido pelo presidente da República, autoridade máxima do país, eleito democraticamente pelo povo. Por extensão, podemos dizer, então, que o gerente do Banco Central representa as necessidades do povo e atua em consonância com o governo eleito por ele e que, por sua vez, luta por políticas (dentre elas a econômica) que beneficiem a população que o elegeu. O BC tem, hoje, autonomia operacional para atingir as metas determinadas pelo governo. Dar ao Banco Central autonomia formal seria dar independência aos diretores do banco, que passariam a ter mandatos soberanos. Essa independência se daria em relação às autoridades que expressam a soberania popular.
A autonomia do Banco Central é uma medida fundamentalmente neoliberal. Os adeptos dessa teoria acreditam que o salário e o emprego se mantêm estáveis pela autorregulação do mercado, portanto é desnecessária (e eles acreditam ser prejudicial) a interferência do Estado nas questões econômicas. A crise econômica por que passou – e ainda passa – grande parte das nações, que sofrem com os efeitos devastadores de uma política neoliberal que causou o desemprego de 60 milhões de pessoas por todo o mundo é a prova de que o neoliberalismo econômico é nocivo, mesmo em um sistema capitalista.
Os neoliberais defendem que o controle da inflação a níveis que atendam exigências dos mercados é a única prioridade, não importando os estragos no meio do caminho já que, assim, se construiria uma âncora para as expectativas dos investidores e, com expectativas bem ancoradas, os investimentos estariam garantidos e favoreceriam o crescimento. Fica bem claro que essa teoria defende os interesses do mercado. Em nenhum momento se fala da manutenção da taxa de empregoaumento de renda ou qualquer outro interesse do povo.
No governo de Fernando Henrique Cardoso, adepto da teoria neoliberal, as taxas de juros eram abusivas, enquanto Dilma mantém a menor taxa média de juros dos últimos 25 anos. Apesar da alta taxa de juros, o governo de FHC conviveu com a inflação média de 8,8% ao ano de 1999 a 2002, chegando a 12,5% no último mandato. Para fazer a comparação, o governo Dilma manteve a inflação dentro da meta entre 2011 e 2013, com a inflação média de 6% ao ano. E mesmo assim tem gente que tenta colar o fantasma da inflação descontrolada no governo Dilma Rousseff. É importante lembrar que a inflação interfere diretamente nos custos de bens duráveis e não duráveis. Quando a inflação é alta, tudo aumenta: desde o preço do pão até o da máquina de lavar.
A economia está atrelada à geração de empregos. Dentro da política econômica do governo Dilma,  está definido como prioridade manter uma das menores taxas de desemprego da série histórica, como a presidenta vem fazendo. O segundo governo de Fernando Henrique apresentou taxas de desemprego médio de 10% ao ano. O governo Dilma, que valoriza a inclusão social, teve taxas de 4,6% ao ano, entre 2011 e 2013, as menores desde que o IBGE começou a fazer a medição.
Num momento de crise mundial, diversas nações do mundo, como Estados Unidos e Japão estão repensando a autonomia(link is external) do Banco Central. Isso porque a desregulamentação do mercado financeiro criou bolha imobiliára com excesso de crédito sem lastro em moeda real, o que desestabilizou a economia, gerando aumento de preços e do desemprego, resultando nesse desastre por que passam as nações e do qual o Brasil não sentiu efetivamente os estragos. A única coisa que permitiu que passássemos por essa bagunça foi uma política econômica forte do governo federal, que pensa em crescimento, geração de empregos, valorização de renda e inclusão social.
Dar autonomia completa ao Banco Central significa que o governo vai abrir mão de parte importante da gerência do país. O presidente do BC, que não será mais escolhido por uma figura que representa o povo, terá poder absoluto sobre as taxas de juros, crédito e valor da moeda. Hoje, o Real vale X. Se for decidido que o Real passará a valer X+2, o parcelamento de bens que dependam da taxa cambial, como eletrodomésticos vai ficar mais caro, além  do celular, do carro e de vários outros bens, o que pode impactar também o emprego e a renda.
O Brasil, que hoje anda de cabeça erguida, não quer voltar ao retrocesso do passado. Hoje, a prioridade do governo é o povo, como deve ser. É justo que os analistas de mercado tomem, autonomamente, as decisões que interferem diretamente na vida dxs brasileirxs? 

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