Foi o carnaval mais violento dos últimos 4 anos nas rodovias estaduais, com 37 mortes entre sexta e quarta-feira; o número de acidentes também cresceu 11%, de 864 para 965, enquanto as operações com bafômetro caíram 69%.
As estradas paulistas tiveram o carnaval mais violento dos últimos quatro anos, com 37 mortes entre sexta-feira e quarta-feira, 5.
O Estado de São Paulo não tinha tantos acidentes fatais desde 2010, quando 41 pessoas haviam morrido em acidentes durante o carnaval.
O aumento foi de 37% em relação ao ano passado, quando foram registradas 27 mortes. O resultado negativo ocorre depois de uma queda 69% no número de blitze da lei seca feitas pela Polícia Militar.
Também cresceu o total de acidentes, que passaram de 864 no ano passado para 965 neste ano (mais 11,7%) e, consequentemente, o número de pessoas feridas por causas das colisões, quedas e atropelamentos, que somaram 550 vítimas neste carnaval, contra 445 em 2013 – crescimento de 23,6% na comparação entre os dois feriados prolongados.
A Polícia Militar Rodoviária culpou, em nota, o aumento de atropelamentos para justificar resultado tão negativo.
“As principais causas para essa elevação do número de mortes foram os atropelamentos de pedestres e os acidentes envolvendo motocicletas, que somados corresponderam ao total de 25 mortes nesta Operação Carnaval, ou seja, 67,5% do total”, diz a corporação, em texto divulgado nesta quarta.
Segundo os dados da PM, a maior parte desses atropelamentos ocorreu no período da noite. O “motivo determinante” das mortes, ainda de acordo com a polícia, foi “a falta de prudência de alguns pedestres na utilização e travessia das rodovias, deixando de fazer uso de locais adequados, como as passarelas”, diz o texto.
Apesar de a PM informar ter flagrado 895 motoristas embriagados neste carnaval, a corporação não informou se há dados sobre a embriaguez das pessoas envolvidas nos acidentes.
Também no caso dos motociclistas, a PM atribuiu a responsabilidade pelos acidentes às próprias vítimas. “Já em relação aos acidentes envolvendo motocicletas, constatou-se a inobservância das regras gerais de circulação e condutas seguras nas realizações das manobras de ultrapassagens”, informa texto da corporação.
Lei seca
Fato é que o aumento de acidentes, vítimas e, principalmente, mortes, coincide com um afrouxamento que a fiscalização da lei seca teve neste começo de ano.
Segundo dados da própria Polícia Militar, solicitados pelo Estado há duas semanas, houve uma grande redução no número de ações da chamada Operação Direção Segura – que fiscaliza o cumprimento da lei seca.
Em janeiro de 2013, haviam sido realizadas 227 operações do tipo. Neste ano, foram apenas 70 ações, ou 69% menos.
A queda do número de blitz já vem ocorrendo desde 2012. Naquele ano, a Polícia Militar realizou, ao todo, 4.798 blitze da Operação Direção Segura em todo do Estado. No ano passado, esse número foi reduzido para 1.434 operações. É uma redução de 70%.
O carnaval de 2013 havia registrado a queda de 12,9% no número de mortos em acidentes na comparação com o ano anterior, 2012, quando 31 pessoas haviam morrido.
Na época, a lei seca havia acabado de ser alterada no Congresso, permitindo, por exemplo, que o testemunho do policial fosse tido como prova de embriaguez.
Uma Operação Direção Segura diferente, baseada no modelo do estados do Rio de Janeiro, em que os PMs tinham apoio de agentes do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e das polícias Civil e Científica, foi implementada e, mesmo obtendo o resultado positivo, não foi levada adiante ao longo do ano.
O presidente do Detran, Daniel Annenberg, afirmou na última sexta-feira ao Estado que, agora, essa operação especial vai ocorrer permanentemente em sete regiões do Estado – a capital, a Grande São Paulo, a Baixada Santista e as regiões de Campinas, São José dos Campos, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto. A expectativa é de que os acidentes voltem a cair.
Fonte: Estado de S. Paulo, Por Bruno Ribeiro e Caio do Valle
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