Mulher dizia estar grávida e tentava ficar na fila preferencial do trem, quando entrou em atrito com funcionários
O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, divisionário da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deatur), vai indiciar por homicídio dois agentes de segurança ferroviária da CPTM pela morte de uma mulher que tentava entrar na fila preferencial na Estação da Luz, no dia 25.
O depoimento de um adolescente estagiário da CPTM e dos dois agentes envolvidos no caso foi tomado nesta quinta-feira, 6. “Quando quiseram arrastar a mulher, agiram com dolo eventual (assumiram o risco)”, disse Gonçalves.
Duas testemunhas confirmaram nesta quinta que o adolescente agia de modo truculento com os passageiros. Uma delas disse que o rapaz até chegou a rasgar o documento de um usuário. Segundo as testemunhas, o estagiário impediu a entrada da mulher, que se declarou grávida e passou com pressa, e a agarrou pelo braço, passando-lhe uma “rasteira”. Ela não caiu porque se agarrou a uma grade.
As duas mulheres ouvidas pela polícia também disseram que a vítima tentou se desvencilhar do jovem e, em seguida, teve voz de prisão decretada por um dos agentes da CPTM. Segundo eles, a mulher havia agredido um menor de idade.
As usuárias contam que a vítima tentou ficar no local, mas passou a ser puxada pelos agentes. Nenhuma delas viu o momento em que a passageira bateu contra o trem. De acordo com o delegado, o menor vai responder por ato infracional por lesão corporal.
Um dos indiciados, Rodnei José Manfredo, que teria dado a voz de prisão, trabalha na CPTM há 18 anos. Ele disse que presenciou a vítima dar um tapa no estagiário e empurrá-lo. Manfredo teria dito que a mulher seria conduzida à delegacia. De acordo com ele, a passageira simulou um desmaio, mas foi amparada. Depois, ela teria começado a gritar, dizendo que os agentes matariam seu filho, e insistiu em entrar no trem.
O agente disse que segurou a vítima pela mão para que não embarcasse, mas ela jogou seu corpo para trás, batendo de costas em um vagão. Segundo ele, a intenção dos agentes era evitar que a mulher entrasse no trem ou atingisse outras pessoas.
A mulher chegou a ser internada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no último dia 28.
Fonte: O Estado de S. Paulo, Por Luciano Bottini Filho
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