Fabricante Volvo está otimista em relação à proposta que apresentou junto com empresas de ônibus para rede de transportes de Curitiba
ADAMO BAZANI
A cidade de Curitiba pode ter estações de ônibus subterrâneas parecidas com estações de metrô. O modelo faz parte de uma proposta apresentada pela fabricante de ônibus Volvo junto com a representante da marca Nórdica, Cesbe Engenharia (construtora paranaense que atua em projetos de infraestrutura) e pela Associação Metrocard (que reúne as empresas de ônibus da região metropolitana de Curitiba).
A notícia já tinha sido divulgada pelo Diário do Transporte em outubro deste ano, mas na edição da FetranRrio que ocorre até esta sexta-feira, a fabricante trouxe mais detalhes do sistema de transporte que foi apresentado no âmbito de uma PMI – Pesquisa de Manifestação de Interesse lançada em maio pelo poder público municipal.
A proposta da Volvo e das empresas de ônibus leva em conta uma malha de corredores de aproximadamente 100 quilômetros de extensão, divididas em cinco eixos troncais: Aeroporto/Centro Cívico; Tamandaré/Cabral; Linha Verde; Araucária / Boqueirão; e Norte/Sul.
As estações subterrâneas estariam nesta malha que contempla túnel de seis quilômetros, nos quais seriam distribuídas seis paradas.
“O conceito de parada seria semelhante às estações de metrô, no entanto com menor profundidade: seis metros, enquanto, em média, uma estação de metrô necessita de uma profundidade de 15 metros. As estações seriam modernas com fácil acesso e na superfície da área onde estariam as estações poderiam ser feitos bulevares para melhorar o espaço urbano” – disse o especialista em mobilidade urbana da Volvo Bus Latin América, Ayrton Amaral, que qualifica a ideia como evolução do BRT.
Denominado de CIVI – City Vehicle Interconnect, o projeto deve contar com ônibus híbridos e posteriormente elétricos puros. No entanto, inicialmente, pode admitir ônibus diesel, inclusive de tecnologias mais antigas, e veículos que não sejam necessariamente produzidos pela Volvo. Cerca de 300 estações tubos seriam interconectadas por cabos de fibra ótica e os passageiros teriam wi-fi, painéis com informações sobre os horários e as linhas, além de ar-condicionado nos espaços. Hoje a ausência de ar condicionado e a defasagem das estações tubos estão entre algumas das críticas que recebe o modelo de Curitiba.
Amaral também estima que a o sistema teria custo de em torno de R$ 30 milhões por quilômetro.
“É bem mais barato e viável que o VLT ou qualquer outro sistema por apresentar mais capacidade e poderia ser implantado em dois anos” – defendeu.
Durante a apresentação, a Volvo mostrou os resultados de operações do novo modelo de ônibus elétrico híbrido que também pode receber cargas rápidas durante o trajeto e operar áreas apenas no modo elétrico, sem nenhuma emissão de poluente.
O veículo opera desde maio na linha Juvevê – Agua Verde e, segundo a Volvo, “os primeiros resultados da operação mostram que o veículo está operando 55% do tempo no modo 100% elétrico, consome 65% menos combustível que o modelo convencional a diesel e 30% menos que híbrido convencional de primeira geração. O impacto na redução da emissão de poluentes no período de testes, de agosto a outubro, também é alto. O modelo emite 55% menos CO2, 540% menos NOX e 1.500% menos material particulado (fumaça preta) que o modelo a diesel com tecnologia Euro 3 que circula na mesma linha. Já o híbrido, emite 26% menos CO2, 430% menos NOX, e 700% menos material particulado que o onibus movido a diesel. Considerando um ano de operação, o elétrico híbrido deixa de emitir 30 toneladas de dióxido de carbono quando comparado ao veículo movido a diesel.”
Modelo semelhante, mas com carroceria nacional, deve ser proposto no sistema apresentado à prefeitura de Curitiba.
AS PROPOSTAS PARA RENOVAÇÃO DE TRANSPORTE EM CURITIBA:
A prefeitura de Curitiba recebeu três propostas no dia 30 de setembro de 2016. Até o início do ano que vem o poder público municipal já deve dar a primeira resposta e pedir mais detalhes de cada projeto.
Acompanhe um resumo dos modelos apresentados.
VLP – Veículo Leve sobre Pneus
Uma delas diz respeito ao VLP – Veículo Leve sobre Pneus, sugerido pelo consórcio das empresas JMaluceli Construtora, M4 Consultoria e Pontoon Participações.
A tecnologia proposta deve ser da empresa francesa NTL, que e já administra sistemas semelhantes em cidades como, Paris na França; Medellín, na Colômbia; e Xangai, na China.
O trajeto seria o mesmo do BRT da cidade e haveria rede elétrica aérea. Os veículos teriam capacidade para 358 passageiros. O projeto teve base a tarifa técnica atual de R$ 3,66, com uma média de 8 a 12 mil passageiros hora sentido nos horários de pico. Mas o sistema teria muita margem para expansão, defende o consórcio. Foi considerada uma taxa de crescimento de 1,36% por ano na demanda de passageiros, tendo como base a taxa de crescimento da população da região metropolitana de Curitiba.
City Vehicles Interconnectd (Civi)/BRT 2.0
A outra proposta é do consórcio formado pela Nórdica Volvo (resentante da rede de vendas de veículos pesados da Volvo no Paraná), pela Cesbe Engenharia (construtora paranaense que atua em projetos de infraestrutura) e pela Associação Metrocard (que reúne as empresas de ônibus da região metropolitana de Curitiba).
Chamada de City Vehicles Interconnectd (Civi) ou ainda o BRT 2.0, é mais abrangente de todas do ponto de vista territorial porque, além de envolver os quatro trechos sugeridos pela prefeitura, também leva em consideração o eixo Norte-Sul e engloba parte da Região Metropolitana.
Seriam ônibus articulados e híbridos, cujo motor a combustão já estaria baseada nas normas Euro 6 de restrição à poluição, além do motor elétrico.
O sistema teria 300 novas estações. Todas elas seriam conectadas por fibra ótica, haveria monitoramento por câmera em todo o sistema e informações disponíveis em tempo real, usando painéis, internet e aplicativos. A pavimentação seria feita de concreto, haveria pontos de ultrapassagem e a velocidade operacional poderia subir em cerca de 50 % ultrapassando a de um VLT por causa da eficiência operacional, garantem os idealizadores. O custo por quilômetro seria de R$ 27 milhões, sendo dois terços para infraestrutura e um terço para compra dos veículos. A tarifa média estimada é de R$ 3,80, se estive em operação hoje. Seriam requalificados 106 quilômetros de vias exclusivas para ônibus. Também foi levada em consideração a taxa de crescimento da população de Curitiba. A chamada Linha Verde poderia pular, dentro das estimativas de crescimento populacional, dos atuais 31 mil passageiros por dia para 120 mil passageiros por dia. O modelo proposto de contrato seria uma PPP – Parceria Público-Privada.
Cooperativa de Ônibus Elétricos:
Já a Sociedade Peatonal, representada pelo engenheiro André Caon, propõe ônibus elétricos com baterias no trajeto entre a CIC e o Parque da Imigração Japonesa.
Foi usado como base o modelo de negócio da empresa chinesa BYD, que testou ônibus elétricos em Curitiba e, pela Leblon Transporte, na região metropolitana, pelo qual o ônibus seria adquirido, mas a baterias seriam financiadas. Isso, segundo o projeto, faria o investimento inicial cair de R$ 45 milhões para R$ 12,7 milhões.
O investimento seria privado e o retorno para o investidor, como lucro livre, seria de R$ 5 milhões.
Um dos diferenciais é que o projeto prevê uma cooperativa de trabalhadores de transportes para operação. A sociedade também levou em conta a possibilidade de tarifa zero na linha, desde que houvesse a Cide Municipal, imposto sobre as vendas dos combustíveis direcionados para este sistema.
Agora a prefeitura de Curitiba vai analisar essas propostas e comparar com os resultados da pesquisa de origem e destino que devem ficar prontos até o final do ano.
Após o procedimento, será lançado o edital para a implantação do sistema escolhido, prevê administração municipal.
Na licitação, mais propostas de outros grupos ou consórcios podem ser apresentadas.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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