A TAM vai explorar as oportunidades da aviação regional no Brasil para acelerar o ritmo de crescimento da receita no país e reforçar a contribuição no balanço da Latam, holding que reúne as operações da brasileira TAM e da chilena LAN, disse o presidente da TAM S.A., Marco Antonio Bologna.
“Na medida em que a gente evolui nossa malha, a gente vê oportunidades de alimentar nossas principais rotas pelos mercados secundários”, disse o executivo ao Valor, ontem. O plano da empresa é aumentar a taxa de ocupação e mesmo as frequências em rotas entre os maiores aeroportos graças a um tráfego mais intenso gerado nas cidades menores. “Até o fim deste ano a TAM terá mais definida a estratégia operacional voltada para a aviação regional”.
“O crescimento no interior está mais forte que nas capitais e estamos avaliando bem de perto essas oportunidades. Devemos ter uma posição mais para o fim do ano”, disse a presidente da TAM Linhas Aéreas, Claudia Sender, durante teleconferência code analistas. Segundo ela, entre a decisão de aderir ao programa e o início das operações nas rotas pode levar de 6 a 18 meses.
O programa de aviação regional do governo prevê investimentos de R$ 7,2 bilhões para ativar 270 aeroportos e estimular o transporte aéreo entre cidades secundárias no país, garantindo que 95% da população brasileira tenha um aeroporto a pelo menos 100 quilômetros de distância.
Bologna disse que a operação da TAM no Brasil é fundamental para que a Latam continue melhorando os números dos balanços. “O mercado brasileiro tem dado forte contribuição ao resultado da Latam”, disse.
Entre abril e junho deste ano, a Latam reduziu o prejuízo trimestral em 82% ante o mesmo período do ano passado, somando perda de US$ 58,9 milhões. A receita da companhia aérea no intervalo atingiu US$ 3,047 bilhões, ante US$ 3,098 bilhões um ano antes, queda de 1,7%.
No Brasil, a TAM reduziu a capacidade em 2,5% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2013. Mesmo com a menor oferta, a empresa transportou 1% mais passageiros, atingindo uma taxa de ocupação de 80,6%, 2,9 pontos percentuais a mais ante o segundo trimestre de 2013.
Bologna disse que essa combinação de menor oferta e maior demanda permitiu à TAM elevar em 12,9% a receita por assento por quilômetro (rask) medido em real, “apesar da depreciação da moeda e da pressão sobre o ‘yield’ provocada pela Copa do Mundo”. O ‘yield’ mede quanto cada passageiro paga para voar por um quilômetro.
O executivo apontou que as margens operacionais praticadas no Brasil estão contribuindo positivamente para que a Latam possa fechar o ano com uma margem de lucro antes de juros e impostos (margem Ebit) entre 4% e 5%, conforme prometido pela holding ao mercado. “Há ganhos futuros ainda a serem conquistados, por exemplo, com unificação de sistemas de vendas”, diz Bologna. Ele afirmou ainda que a companhia aérea vai ganhar eficiência graças aos investimentos feitos na infraestrutura aeroportuária brasileira.
Nas contas de Bologna, os ganhos de eficiência poderão ser medidos, por exemplo, na redução do tempo entre os voos em conexão. “Teremos maior qualidade de atendimento em conexão, que poderá cair de 4 a 5 horas para menos de 2 horas”, disse o presidente da TAM S.A, que planeja começar a utilizar o novo terminal até o fim de setembro.
Bologna disse que a transferência dos contratos de leasing, que hoje estão sob a TAM S.A., para a Latam, baseada no Chile, permitirá à holding reduzir ainda mais a exposição do balanço patrimonial ao real até setembro de 2014, para aproximadamente US$ 500 milhões, dos atuais US$ 1 bilhão.
Segundo a Latam, a variação foi impactada positivamente pelo câmbio, resultante, principalmente, da valorização de 2,7% do real entre 1º de abril de 2014 e 30 de junho. Isso foi parcialmente compensado pela baixa contábil de US$ 56,3 milhões, referente ao ajuste do câmbio na Venezuela.
A menor exposição do balanço da holding à volatilidade do real associada à diminuição do tamanho da dívida líquida em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e leasing (Ebitdar) vai permitir ao grupo Latam recuperar o grau de investimento até 2017, apontou a diretora de relações com investidores da Latam, Gisela Escobar.
“Acreditamos que a redução da alavancagem para um patamar ao redor de 3,5 vezes, associada a ganhos de receita e de margens nos colocam em situação semelhante àquela que tínhamos quando as agências de rating nos davam grau de investimento”, disse a executiva, ao Valor, por telefone.
Fonte: Valor Econômico, Por João José Oliveira
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