Por: Karen Marchetti (karen@abcdmaior.com.br) |
Empresas concessionárias ampliam faturamento mesmo com preço congelado em 2013 após protestos
Em 2013, as 19 concessionárias que exploram as rodovias no Estado de São Paulo, mesmo com o congelamento das tarifas de pedágio após protestos, arrecadaram R$ 800 milhões a mais do que em 2012. De acordo com dados da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), as concessionárias arrecadaram, somente com pedágios, R$ 8,2 bilhões no ano passado. Em 2012, quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aumentou as tarifas, as empresas faturaram R$ 7,4 bilhões. Para o dia 1º de julho deste ano, como antecipado pelo ABCD MAIOR, o governador irá reajustar novamente as tarifas.
O faturamento com pedágios foi possível graças à ampliação da frota que passou pelas praças: entre 2012 e 2013 houve um aumento de 3,4% nos veículos de passeio, pesados e motos, sempre de acordo com informações da ABCR. Do total arrecadado, as concessionárias investiram R$ 3,8 milhões nas rodovias.
Além do aumento na arrecadação, não é possível dizer que as empresas tiveram algum prejuízo com o congelamento das tarifas em 2013. Isso porque o dinheiro público foi utilizado para arcar com as despesas.
Para compensar o congelamento, Alckmin passou a cobrar pelos eixos suspensos dos caminhões e abriu mão do retorno que as concessionárias dão ao Estado, o chamado “ônus fixo”, pago anualmente pelas empresas que, em 2013, somaria R$ 352 milhões. A verba seria utilizada para investimentos em vias não pedagiadas.
Reajuste - Diferentemente do ano passado, Alckmin já anunciou o aumento do pedágio para este ano. O reajuste será em 1º de julho, mas o valor ainda está indefinido. Entretanto, a bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo já pediu o congelamento da tarifa. A questão foi levantada durante a CPI dos Pedágios, em andamento na Assembleia. O líder da bancada do PSDB, deputado Cauê Macris, chegou a admitir, durante a reunião da CPI, que as concessionárias não tiveram prejuízo já que o governo do Estado teria bancado o reajuste.
Entre os deputados da oposição, é consenso que o preço das tarifas já é alto, tendo em vista o aumento na arrecadação mesmo com o congelamento da cobrança. Outro ponto levantado é a ampliação nas praças de pedágio pelo Interior.
“Quem mora em Conchas e trabalha em Pereira, cidades muito próximas, paga pedágio. É um absurdo. As concessionárias faturam muito, têm lucros absurdos e o governo do Estado não presta contas. Estamos cobrando para apurar tudo isso na CPI dos Pedágios”, explicou a deputada Ana do Carmo (PT).
Federal vs. Estadual - A diferença apontada pela deputada Ana do Carmo, e sentida no bolso pelos motoristas que utilizam as rodovias estaduais, tem explicação. Para se ter uma ideia, o pedágio da Anchieta/ Imigrantes custa R$ 21,20 e é a praça mais cara do Brasil. Já o último leilão realizado pelo governo federal, há duas semanas, definiu que a empresa Galvão Engenharia, que irá explorar os 624 quilômetros da rodovia BR-153, que corta os estados de Goiás e Tocantins, somente poderá cobrar dos motoristas pedágio no valor de R$ 4,90 a cada 100 km.
Isso ocorre pela diferença nos modelos de concessão. Em São Paulo, a concessão parte da chamada outorga onerosa, quando o retorno financeiro aos cofres públicos é embutido nas tarifas.
Já os leilões realizados pelo governo federal desde 2007 permitem que as rodovias sejam exploradas pela empresa que oferecer a menor tarifa de pedágio para os usuários. A taxa interna de retorno – ou o lucro das empresas – está na ordem dos 20% nos modelos estaduais e em 8,5% no federal.
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