terça-feira, 6 de outubro de 2015

Alckmin impõe sigilo de 25 anos no "metrolão". É uma confissão de culpa?

Falhas e atrasos no metrô de SP só serão tratados após um quarto de século

bessinha luz no fim do tunel do alckmin e do serra
Saiu na Fel-lha:


Alckmin impõe sigilo e só vai expor falhas no metrô de SP após 25 anos


O governo Geraldo Alckmin (PSDB) tornou sigilosos por 25 anos centenas de documentos do transporte público metropolitano de São Paulo –que inclui os trens do Metrô e da CPTM e os ônibus intermunicipais da EMTU.

Devido ao carimbo de ultrassecreto no material, os paulistas só poderão saber os motivos exatos de atrasos em obras de linhas e estações, por exemplo, um quarto de século após a elaboração de relatórios sobre os problemas.

Quase todas as obras do governo Alckmin estão atrasadas. A promessa de deixar a rede de metrô com 100 km, até 2014, feita no mandato passado, só deve ser atingida no final desta nova gestão –atualmente há só 78 km.

O carimbo de ultrassecreto se refere ao grau máximo de sigilo previsto na Lei de Acesso à Informação, que entrou em vigor em 2012 e permite a qualquer cidadão requisitar documentos do setor público. Os demais são secreto (dez anos) e reservado (por cinco anos) –os prazos de sigilo ainda podem ser prorrogados. 

(...)

Em tempo: leia no Tijolaço, de Fernando Brito:

O cofre de Alckmin é a confissão do “Metrolão”. E do cinismo nacional.

Transparente como a água suja do fundo do Cantareira.

É o mínimo que se pode dizer da decisão, publicada na Folha de hoje, do Governador Geraldo Alckmin de tornar “ultrassecretos” – com acesso vedado por 25 anos – milhares de documentos relativos às obras do Metrô e às aquisições da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

A desculpa de que ‘pessoas “mal-intencionadas” poderiam ter acesso’ à documentação é um deboche.

As obras do metrô paulista feitas nos últimos anos já se mostraram uma forma escandalosa de “cavar” dinheiro ilegal e estão sob investigação no Cade e no Ministério Público.

Punições, zero. O crime de homicídio cometido contra as sete pessoas tragadas pela cratera que se abriu em janeiro de 2007, no governo tucano de José Serra prescreveu este ano, sob o silêncio cúmplice de quase toda a imprensa. As empreiteiras envolvidas – será que você as conhece? – são as mesmas da Lava Jato: Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez.

Nenhum de seus dirigentes, por contribuírem para matar gente, foi preso. Deve ser “crime menor”.

As atuais, atrasadas ao extremo, duplicaram o custo e cortaram sua extensão.

Mas é “segredo de Estado”, num país onde e-mails que registram simples encontros entre autoridades e empresas, quando se trata do governo federal, são expostos e apontados como indícios de negócios suspeitos e merecem manchetes.

Os mortos da cratera, nem uma placa in memorian tiveram direito na  fatídica estação Pinheiros, segundo se lê na única (e boa) matéria sobre a prescrição do crime, publicada no Monitor Mercantil.

Não há Moro para eles, não há “eles sabiam” para Serra e Alckmin, não há panelas, nem bonecos infláveis, ninguém os agride em restaurantes em hospitais.

Mas, sobretudo, não há interesse em escavar o monte de sujeiras que há no metrô paulista e o ouro que o monturo dos governos tucanos mal esconde.

O decreto tornando secretos – secretos por uma geração! – documentos de uma obra pública cheia de suspeitas é uma confissão.

Enterram-se os indícios, as provas, as culpas. E enterra-se a moribunda credibilidade de uma imprensa que ajuda a sepultar a si mesma.

O problema é que, quando se trata do PSDB, nem confessando lhes acontece qualquer coisa.

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