por
ENTREVISTA: Indústria quer “Caminho da Escola Urbano”
Para presidente do Simefre e da Fabus, BNDES deve financiar pessoas físicas com linha semelhante ao “Pró-Caminhoneiro” para aquisição de miniônibus ou micro-ônibus escolares
ADAMO BAZANI – CBN
São inegáveis e numerosos os benefícios trazidos pelo “Programa Caminho da Escola”, do Governo Federal, que desde 2007 foi responsável por colocar em circulação 45 mil veículos escolares em áreas rurais e de tráfego difícil.
Com transporte seguro, seguindo especificações técnicas padronizadas, foi possível diminuir a evasão escolar em diversas regiões, facilitando o acesso à escola.
No entanto, as áreas urbanas também enfrentam dificuldades de transporte escolar.
Pensando nos ganhos que podem ser proporcionados por estes serviços de deslocamento de estudantes na área urbana e também em possibilidades de negócios, a indústria de ônibus propõe ao Governo Federal a criação de uma espécie de programa “Caminho da Escola Urbano”.
Em entrevista à reportagem de Adamo Bazani, no Blog Ponto de Ônibus, nesta sexta-feira, dia 05 de dezembro de 2014, o presidente da Fabus (Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus), do Simefre (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários) e vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), José Antonio Fernandes Martins, disse que as conversas com o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social são para propor uma linha de financiamento nos moldes do “Pró-Caminhoneiro”, mas destinada a quem pretende comprar um miniônibus ou um micro-ônibus.
“Hoje o Pró-Caminhoneiro permite financiamento para pessoas físicas e pequenos investidores. Já para a compra de ônibus não existe linhas de financiamento para este público. E uma parcela significativa dos transportadores escolares nas áreas urbanas é formada por pequenas empresas, cooperativas ou mesmo proprietários individuais de vans, micro-ônibus ou até ônibus de porte maior” – disse Martins.
Existem aproximadamente cem mil veículos escolares no País. Uma boa parte nas áreas urbanas é formada por vans, kombis antigas e até mesmo ônibus velhos dispensados de sistemas urbanos porque já atingiram a vida útil de operação.
No entendimento de José Antonio Fernandes Martins, além de facilitar o acesso às escolas, um programa de renovação de frota do transporte escolar nas cidades pode ser mais uma ação em prol da melhoria da mobilidade urbana.
“Muitos pais não contratam transporte escolar nas cidades e levam os filhos às escolas de carro, causando verdadeiros transtornos nas imediações onde ficam os estabelecimentos de ensino, porque não se sentem seguros. E não estão errados. Como colocar o filho ou a filha num veículo antigo e mal conservado?. Mas se o transporte escolar passar segurança para os pais, eles não vão levar os filhos para a escola de carro, o que vai imediatamente reduzir os congestionamentos” – explica Martins.
O executivo cita o exemplo dos famosos School Bus norte-americanos, de cor amarela.
Nos Estados Unidos há uma preocupação muito grande em relação ao transporte escolar nas cidades. Tanto é que a produção anual deste tipo de veículo chega a aproximadamente 35 mil unidades. A frota de ônibus escolares nos Estados Unidos é de 470 mil veículos.
“Quanto às especificações técnicas de segurança no caso do transporte urbano escolar no Brasil, caberá ao Inmetro determinar as normas a serem seguidas, mas a indústria tem todas as condições de colaborar neste processo. Na verdade, o ônibus escolar urbano está praticamente pronto. Já desenvolvemos o ônibus escolar para tráfego rural que exige muito mais equipamentos. Basta que seja criada uma Medida Provisória, uma portaria ou qualquer outro dispositivo ao alcance do Governo Federal”
A expectativa é que em oito anos, após todas as regulamentações, a frota de ônibus escolares urbanos seja renovada.
SEM COLOCAR A MÃO NO BOLSO:
O presidente da Fabus (Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus), do Simefre (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários) e vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), José Antonio Fernandes Martins, disse à reportagem, no entanto, que a modalidade urbana do Caminho da Escola praticamente não traria gastos ao Governo Federal, já que não haveria necessidade de o poder público comprar os ônibus.
“Diferentemente do Caminho da Escola Rural, para o ônibus escolar urbano não será necessária injeção direta de recursos públicos para a aquisição dos veículos. Basta financiamento com condições atrativas, como no Pró-Caminhoneiro, para o próprio dono do ônibus trocar o veículo. Um prazo de 10 anos de financiamento com cobertura de 100% do valor do veículo é ideal. Não há necessidade de renúncia fiscal do Governo Federal. A única renúncia que propomos é dos governos estaduais em relação ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), mas as vantagens de um transporte escolar ideal seriam superiores a esta desoneração” – disse Martins.
O BNDES ainda não deu uma resposta concreta à indústria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário