A Vale tem planos de cercar os 101 quilômetros do ramal ferroviário que vai construir para ligar a Estrada de Ferro de Carajás (EFC) ao projeto S11D, nova área de produção de minério de ferro da empresa, na Serra Sul de Carajás.
O cercamento da faixa de domínio da ferrovia deve se estender também a outros trechos dos 892 quilômetros da EFC, alvo constante de invasões que paralisam o transporte do minério escoado para exportação pela região norte do país.
Zenaldo Oliveira, diretor de operações logísticas da Vale, confirmou que o ramal ligando a EFC ao S11D será cercado e que a empresa estuda ainda cercar trechos existentes da ferrovia. Nos trechos operacionais, a Vale deverá negociar o cercamento com prefeituras e associações locais.
“Mas não é só cercar. Também estamos fazendo viadutos e trabalhamos questões sociais com governo e comunidades”, disse Oliveira.
Serão construídos 45 viadutos na EFC dentro da expansão da ferrovia que terá a capacidade praticamente duplicada para atender ao crescimento da produção de minério de ferro de Carajás com o S11D. A construção dos viadutos será importante para dar mais fluidez ao tráfego em comunidades da área de influência da EFC.
Em 2012, houve uma invasão de indígenas que paralisou a EFC por alguns dias. Nos últimos anos, a ferrovia tem sofrido invasões e protestos feitos por grupos que, muitas vezes, não têm demandas diretas em relação à mineradora, mas buscam pressionar o governo em relação a outros temas.
Em média, chegam 12 trens por dia carregados com minério de ferro no complexo industrial de Ponta da Madeira, em São Luís, no Maranhão, por onde o produto é embarcado em navios para o mercado externo. Esse número de trens vai dobrar com a produção do S11D. O crescimento na demanda também leva a Vale a buscar inovações para melhorar a produtividade e reduzir custos operacionais da malha.
Oliveira citou, por exemplo, estudos para operar locomotivas com gás natural. A Vale testou o uso de biodiesel e agora a ideia é ter locomotivas rodando a gás natural. O projeto está em fase inicial, mas há protótipo a gás operando na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), que escoa a produção de minério de ferro de Minas Gerais exportada via Vitória, no Espírito Santo.
O executivo citou outro estudo que consiste em utilizar dormentes de plástico, que estão sendo testados em trecho da EFC. “Precisamos fazer uma observação [do material] ao longo de anos para ver os resultados”, disse Oliveira.
A Vale vem substituindo os antigos dormentes de madeira por peças de concreto e de aço na EFC e na EFVM. Outra inovação é o uso de uma máquina que renova a linha férrea substituindo brita, dormentes e trilhos de forma automatizada. A máquina é capaz de trocar 1,5 quilômetro de linha em 12 horas.
Everardus Pouw, gerente-geral de operações da EFC, mencionou outra inovação, o uso do freio elétrico-pneumático, que melhora a frenagem dos trens. Em Carajás, a Vale incorporou, há alguns anos, comboios com 336 vagões para o transporte de minério. “É o maior trem do mundo em operação regular”, disse Pouw.
O comboio se estende por 3,5 quilômetros. Com o freio elétrico-pneumático, a composição freia ao mesmotempo e evitam-se choques, aumentando a vida útil dos vagões. Hoje o sistema de freio da composição funciona a ar, o que resulta em maiores choques entre os vagões.
A Vale também incorporou um sistema de engate de locomotivas em movimento para auxiliar na tração em trecho de subida da EFC, entre Marabá (PA) e Açailândia (MA). O mecanismo é conhecido como “helper dinâmico” e está há três anos em operação.
Antes era preciso parar o trem e engatar duas locomotivas extras que ajudam a empurrar o comboio. Com o novo sistema, a locomotiva persegue o trem em movimento e, sem o auxílio do maquinista, a máquina se conecta em movimento ao último vagão reforçando a tração do comboio. “Ganhamos 900 litros por trem e economizamos uma hora no percurso, o que gera mais produtividade”, disse Pouw.
Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário