A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deverá divulgar, hoje, novas regras para a distribuição de “slots” — horários de pousos e decolagens — em aeroportos que já estão saturados.
A minuta de resolução, que será debatida em audiência pública, prevê critérios mais rigorosos de regularidade e pontualidade. Ou seja, companhias que hoje têm índices elevados de atrasos e cancelamentos de voos perderão mais facilmente seus espaços em terminais como o de Congonhas (SP).
Hoje, as aéreas que cancelam mais de 20% dos voos, a cada período de 90 dias, podem perder seus slots. Ao redistribuir essas permissões, a Anac privilegia as empresas que já operam no aeroporto, a quem cabem quatro de cada cinco slots desocupados. A partir de agora, pela proposta, os critérios vão privilegiar companhias que têm menos presença nos aeroportos, de forma a aumentar a concorrência.
Com as novas regras, todos os slots da aviação doméstica serão distribuídos de acordo com critérios de eficiência, contemplado não só a regularidade (quantidade de cancelamentos), mas também a pontualidade dos voos. A distribuição dos slots passará a ser feita anualmente. As empresas terão que cumprir exigência de pelo menos 80% de regularidade e 75% de pontualidade.
Em Congonhas, o aperto será ainda maior. A exigência será de 90% de regularidade e 80% de pontualidade. O objetivo da Anac é evitar uma prática das companhias aéreas, já identificada pelos técnicos, de cancelar decolagens com horários próximos a fim de evitar aviões vazios e juntar os passageiros em um mesmo voo.
Elas costumam fazer um rodízio dos voos cancelados para escapar do risco de perder os slots, segundo avaliação dos técnicos, o que ficará mais difícil a partir de agora.
Outra mudança é que, até hoje, a redistribuição de slots era restrita apenas a aeroportos totalmente saturados, que não têm mais horários disponíveis para pousos e decolagens. Atualmente, o único que se enquadra no caso é Congonhas.
As novas regras passam a valer para outros aeroportos, inclusive aqueles que têm apenas saturação nos horários nobres, como é o caso de vários terminais da rede: Guarulhos (SP), Brasília (DF) e Santos Dumont (RJ) se encaixam nessas características.
Em dezembro, ao lançar um plano de aviação regional e duas novas concessões de aeroportos — Galeão (RJ) e Confins (MG) —, o governo já havia anunciado parte das mudanças e deixado claro o objetivo de acirrar a competição em Congonhas. O que falta agora é a regulamentação da medida, pela Anac, com o detalhamento das regras.
Fonte: Valor Econômico, Por Daniel Rittner
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