quinta-feira, 28 de abril de 2016

Espaço Público entrevista Lúcio Gregori

janeiro 27, 2016 
O autor do projeto tarifa zero, hoje inspiração do Movimento Passe Livre (MPL), Lúcio Gregori é o entrevistado desta terça-feira (26/01) no programa Espaço Público, que vai ar pela TV Brasil, às 23h. Engenheiro civil, Gregori coordenou a elaboração da proposta quando era secretário dos Transportes da então prefeita paulistana Luiza Erundina – à época, no começo da década de 1990, no PT. A ideia era a prefeitura de São Paulo bancar o custo com o aumento do IPTU nas áreas mais valorizadas da cidade.
A partir do início dos anos 2000, manifestantes começaram a se organizar e a ir às ruas em defesa do transporte público gratuito. Já em 2003, houve a Revolta do Buzú, na capital baiana. Em 2004 e 2005, foi a vez da Revolta da Catraca, em Florianópolis. Ainda em 2005, surgia o MPL, fundado durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, em 2013, os protestos espalharam-se pelo país e puseram a tarifa zero no centro dos debates nacionais.
Hoje engenheiro aposentado e colaborador do MPL, Lúcio Gregori comemora o fato de mais de 100 cidades brasileiras haverem revogado aumentos de tarifas. Na opinião dele, “a rebeldia compensou”. Fiel à defesa da tarifa zero, explica que ela é um diferencial imbatível para fazer o cidadão abandonar o carro e migrar para o transporte coletivo. Observa que o serviço deve ser gratuito, como a coleta de lixo, a educação e a saúde.
“A mobilidade urbana é tratada como um serviço, o transporte como um produto e a tarifa é parte de um produto excludente dos que não podem pagar”, justifica Gregori, enquanto a população das regiões metropolitanas do país continua tomando as ruas, em protesto contra a má qualidade do transporte público e o alto custo das passagens. Este mês, por exemplo, os paulistanos têm se manifestado com frequência contra a recente alta da tarifa de ônibus, de R$ 3,50 para R$ 3,80.
O programa Espaço Público é apresentado pelo jornalista Paulo Moreira Leite. Da entrevista com Lúcio Gregori também participam o repórter do jornal Folha de S.Paulo, Rodrigo Russo, e a editora do site da CartaCapital, Tory Oliveira.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Petrobras inicia testes para produzir diesel em Cubatão

Jornal GGN – Na última terça-feira (26), a Petrobras deu início à primeira etapa para começar a operação da Unidade de Hidrotratamento de Diesel (HDT) na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, São Paulo.
A companhia realizou um procedimento de admissão de gás natural, que prepara e testa a unidade para a circulação de diesel. A entrada em operação da nova planta permitirá à refinaria produzir Diesel S-10, que possui teor de enxofre ultrabaixo. A unidade terá capacidade de produção de 10 mil m³/dia.
“Com isso, será possível à Petrobras aumentar sua capacidade de entrega de combustíveis de melhor qualidade, otimizar o mix de produção em suas refinarias e elevar o seu posicionamento no mercado de derivados”, disse a Petrobras em nota.
O incremento de oferta favorecerá principalmente a região da Baixada Santista. Como a refinaria fica próxima à costa, o mercado de cabotagem também poderá se beneficiar.
O procedimento de admissão de gás foi licenciado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Atualmente, a Petrobras produz Diesel S-10 em nove refinarias: Refinaria Abreu e Lima (RNEST), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Refinaria de Capuava (Recap), Refinaria Duque de Caxias (Reduc), Refinaria Gabriel Passos (Regap), Refinaria Henrique Lage (Revap), Refinaria Landulpho Alves (RLAM), Refinaria de Paulínia (Replan) e Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). A produção total do derivado é de 1,2 milhão de m3/mês.

Artigo: Quatro anos da Política Nacional de Mobilidade Urbana

Esta lei merece ser chamada de “Estatuto da Mobilidade Sustentável”, pois ela marca uma mudança significativa na orientação e na implementação de políticas públicas
http://forumreformaurbana.org.br/novidades/323-quatro-anos-da-politica-nacional-de-mobilidade-urbana
por Nazareno Stanislau Affonso* | Publicado em 06/04/2016
Foto: Secom/Prefeitura de SP
Aprovada pelo Congresso no final de 2011, sancionada com vetos pela presidenta Dilma Rousseff em 3 de janeiro de 2012, e publicada no Diário Oficial da União em 4 de janeiro, a Lei nº 12.587, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, entrou em vigor na primeira quinzena de abril, completando quatro anos de vigência.
Esta lei merece ser chamada de “Estatuto da Mobilidade Sustentável”, pois sua vigência proclama a todo o país que houve uma mudança significativa na orientação e na implementação da política de Estado quanto à mobilidade urbana.
Com ela, deixamos uma política pública de “mobilidade da exclusão social” - que universaliza o uso e a propriedade dos veículos individuais - e passamos a ter uma política de “mobilidade cidadã”, na qual o transporte público está como eixo estruturante, mas também há o transporte não motorizado, como bicicletas, além de calçadas acessíveis a todas as pessoas, inclusive aquelas com algum grau de deficiência.
Assim, deve ser o centro da ação dos governos a democratização do uso das vias públicas – nas quais ainda se tem o automóvel ocupando mais de 80% e transportando, em média, 30% de pessoas. E toda essa transformação deve ser conduzida de forma democrática e com transparência.
Sustentável e cidadã
A introdução do conceito de mobilidade urbana sustentável, feita pela nova lei, foi muito além da defesa do transporte público. Ela passou a incluir o modo a pé, de bicicleta e mesmo os automóveis, identificando as iniquidades das políticas do Estado em privilegiar os investimentos públicos, além da apropriação das vias públicas e as renúncias fiscais para promover inúmeros privilégios que fazem do automóvel o centro da política de mobilidade do país.
Junto a isso, vem o conceito de sistema integrado, que tem como eixo estruturador os sistemas de metrô, ferrovias urbanas, corredores exclusivos de ônibus (BRTs), veículos leves sobre trilho (bondes modernos) e alimentados por linhas de ônibus, micro-ônibus, bicicletas e calçadas acessíveis; tudo com segurança e paz no trânsito.
Soma-se ainda a integração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos; priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado.
Regras
Assim, a lei assegura, em seus princípios, a equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros: democratização do uso do sistema viário; acessibilidade universal; desenvolvimento socioeconômico e ambientalmente sustentável das cidades; equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano e na circulação urbana; gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana; segurança nos deslocamentos das pessoas; justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços.
Nos objetivos estão a redução das desigualdades, promoção da inclusão social e do acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais, melhoria nas condições urbanas quanto à acessibilidade e à mobilidade, desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos, e consolidação da gestão democrática como instrumento e garantia da construção contínua do aprimoramento da mobilidade urbana.
Nas diretrizes da política tarifária estão a equidade no acesso aos serviços; melhoria da eficiência e da eficácia; ser instrumento da política de ocupação equilibrada da cidade, de acordo com o plano diretor municipal, regional e metropolitano; modicidade da tarifa para o usuário; integração física, tarifária e operacional dos diferentes modos e das redes de transporte público e privado nas cidades; simplicidade na compreensão; transparência da estrutura tarifária para o usuário; e publicidade do processo de revisão.
Estabelece a obrigatoriedade da licitação para a contratação dos serviços de transporte público, mediante fixação de metas de qualidade e desempenho; definição da tarifa inicial - e não mais a planilha de custos - e seu reajuste acontecerá em períodos predefinidos com transferência de parcela dos ganhos de eficiência e produtividade e as receitas oriundas de outras fontes de custeio aos usuários.
Estão nos direitos dos usuários garantir a participação da sociedade civil no planejamento, fiscalização e avaliação da Política Nacional e local; receber o serviço adequado; participar do planejamento e ser informado em linguagem acessível sobre seus direitos e responsabilidades; os direitos e obrigações dos operadores dos serviços; os padrões de qualidade e quantidade dos serviços ofertados e nos pontos de embarque e desembarque, sobre itinerários, horários, tarifas dos serviços e modos de integração com outros modais; garantir a acessibilidade universal e os meios para reclamações e respectivos prazos de resposta.
A lei dá base para que autoridades municipais instituam medidas como o pedágio urbano; ciclovias e ciclofaixas; sistemáticas de restrição ao o uso do automóvel; políticas visando a ampliar o controle de emissões de gases poluentes e de gases de efeito estufa; os recursos gerados pela taxação de estacionamentos, pedágios urbanos, empreendimentos imobiliários devem ser aplicados exclusivamente em transporte público coletivo e no transporte não motorizado. além do subsídio público da tarifa.
Planos
Finalmente, a lei determina que todas as cidades com mais de 20 mil habitantes deverão elaborar seu Plano de Mobilidade Urbana compatível com o Plano Diretor do município, com ênfase específica para os transportes coletivos e para os meios de transporte não motorizados, sob pena de ficarem impedidos de receberem recursos orçamentários federais.
Nesses quatro anos, nosso Estatuto da Mobilidade influiu na destinação dos recursos dos Programas de Ação do Crescimento (PAC) da Mobilidade; na elaboração do Pacto Nacional da Mobilidade Urbana; no crescimento da democratização das vias com o crescimento de faixas exclusivas de ônibus, das ciclovias e ciclofaixas por todo o país; início de uma movimentação social pela qualificação das calçadas; incluiu o transporte público como parte das medidas de redução da violência no transito; a inclusão do Transporte Público como Direito Social; a adição da democratização do uso das vias públicas na Campanha da Função Social da Cidade e da Propriedade; e tem sido nossa mapa de navegação de ação política para conquistar a mobilidade urbana sustentável no país.
*Membro da Coordenação do Fórum Nacional de Reforma Urbana, representando o MDT (Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos) e a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).

terça-feira, 26 de abril de 2016

BR - 381 Duplicação

Mais de 60 quilômetros de corredores de ônibus em São Paulo não saem do papel por falta de dinheiro

onibus
Ônibus em São Paulo. Ampliação de corredores poderia deixar serviços mais eficientes
No primeiro bimestre deste ano, investimentos totais da prefeitura caíram 53,8%
ADAMO BAZANI
A cidade que precisa de melhorias na mobilidade urbana não deve ter uma das principais soluções para o problema em curto prazo: a expansão da malha de corredores de ônibus de maneira satisfatória.
Diversos motivos podem explicar a realidade, como erros nos projetos, bloqueios por parte do TCM – Tribunal de Contas do Município e TCU – Tribunal de Contas da União, mas o principal é falta de recursos.
De acordo com matéria assinada pelos jornalistas Bruno Ribeiro e Fábio Leite, do jornal o Estado de São Paulo, os investimentos totais da Prefeitura de São Paulo tiveram queda de 53,8% no primeiro bimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2015. O balanço é da Secretaria Municipal de Finanças.
No período neste ano, foram empenhados R$ 203,5 milhões para obras e ampliação de programas na cidade. No primeiro bimestre do ano passado, R$ 440,7 milhões.
A Prefeitura de São Paulo em janeiro e fevereiro congelou 17,5% do Orçamento, o que significa suspensão de investimentos para este ano na ordem de R$ 9,5 bilhões.
Com a crise econômica, política e fiscal, a arrecadação do município tem caído sensivelmente. Além disso, o Governo Federal deve entorno de R$ 400 milhões de repasses do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento que financia justamente obras vitais como de contenção de enchentes e mobilidade urbana.
Somente em relação à mobilidade urbana, 63,7 quilômetros de corredores de ônibus, incluindo vias como Avenida Belmira Marin, Estrada do M’ Boi Mirim, por exemplo, estão com licitações em andamento, mas não há previsão para as obras começarem justamente por falta de recursos.
A prefeitura garante que vai terminar os outros 66,3 quilômetros de corredores cujas obras de construção ou modernização começaram, como em parte da Radial Leste, Avenida Líder, na zona leste, na Ponte Baixa, zona Oeste, e a requalificação de corredores já existentes.
Em relação às obras de drenagem urbana, a prefeitura congelou projetos que somam R$ 2,3 bilhões, algumas delas já contratadas.
A queda de arrecadação entre janeiro e março deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, foi de 8,6% passando de R$ 13,6 bilhões para R$ 12,5 bilhões.
Ainda em relação aos corredores de ônibus, cerca de 40 quilômetros sofreram bloqueios por parte do TCM e do TCU:
CRONOLOGIA CORREDORES DE ÔNIBUS DE SÃO PAULO:
– 04 de novembro de 2015:
O TCU – Tribunal de Contas da União confirmou que recomendou formalmente a paralisação das intervenções e de licitações de três obras de corredores e terminas de ônibus na Capital Paulista. Tratam-se do corredor Itaim Paulista – São Mateus, na zona Leste de São Paulo, e de dois trechos do corredor da Radial Leste (trechos I e III). O órgão de contas manteve o entendimento de que houve sobrepreço nas licitações das obras e não classificou como satisfatórios os esclarecimentos prestados pela prefeitura de São Paulo. Os três projetos somam R$ 1,3 bilhão.
– 08 de agosto de 2015:
O ministro do TCU – Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, atendeu os pareceres técnicos de auditoria realizada pelo órgão que apontou para a necessidade da suspensão das licitações de trechos do Corredor de Ônibus da Radial Leste e o Corredor de Ônibus Perimetral Itaim Paulista – São Mateus. Dentre os maiores problemas apontados estão as possibilidades de sobrepreço na ordem de R$ 65,8 milhões, sendo R$ 36,2 milhões no corredor da Radial e R$ 29,6 milhões no corredor Itaim Paulista – São Mateus. São preços superdimensionados pela prefeitura de materiais e procedimentos, segundo o TCU.
– 30 de julho de 2015.
No dia 30 de julho de 2015, o TCM – Tribunal de Contas do Município de São Paulo suspendeu pela terceira vez duas licitações de corredores de ônibus na cidade que somam aproximadamente 44,4 quilômetros. Trechos dos mesmos corredores que teriam problemas na licitação apontados pelo TCU também foram embargados pela decisão dos conselheiros da corte municipal. Novamente, o problema apontado foi a possibilidade de sobrepreço: R$ 47 milhões que seriam desembolsados a mais que o necessário, além da possibilidade de pagamentos “indevidos” de R$ 69 milhões.
Os trechos das obras são:
– Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus, somando 18,2 km (dois trechos)
– Corredor Radial Leste, de 9,6 km, além de um terminal na região de São Mateus, na zona Leste.
– Corredor Perimetral Bandeirantes/Salim Farah Maluf, totalizando 16,6 km (dois trechos).
– 19 de dezembro de 2014:
Em 19 de dezembro de 2014, o TCM barrou, pela segunda vez, a licitação de corredores para trânsito rápido de ônibus e a construção de terminais, obras avaliadas em R$ 2,4 bilhões, que somam 44,4 quilômetros.
E novamente, o conselheiro do TCM, Edson Simões, apontado como desafeto de Haddad, disse no documento assinado por ele que faltam comprovações de verbas para as obras e indicações dos recursos para pagar as desapropriações para a instalação dos corredores.  Entre os trechos estavam:
– Trecho 2 do Corredor Norte/Sul, entre a Praça das Bandeiras e a Avenida dos Bandeirantes.
– Trecho 2 do Corredor Perimetral Bandeirantes/Avenida Salim Farah Maluf.
– Trecho 3 do Corredor Radial Leste, em Guaianases.
– Trecho 2 do Corredor Itaim Paulista/São Mateus.
– Trecho 3 do Corredor Itaim Paulista/São Mateus.
– Terminal de Ônibus Jardim Miriam, na zona Sul.
– Terminal de Ônibus Anhanguera, na zona Oeste.
– Terminal de Ônibus Itaim Paulista (para atender o padrão do corredor).
– Terminal de Ônibus São Mateus (também para atender o padrão do corredor).
Janeiro de 2014:
O TCM – Tribunal de Contas do Município barrou em janeiro de 2014 a licitação de 128 quilômetros de corredores no valor de R$ 4,2 bilhões alegando que a prefeitura não mostrou as fontes de recursos para as obras, a existência de erros nos projetos e modelo inadequado que licitava toda a malha de corredores. A prefeitura então cancelou todas as licitações em dezembro daquele ano.

CET restringe circulação de carros no Viaduto do Chá


Foto: Jose Cordeiro | SPTuris
A Companhia de Engenharia de Trafego – CET testa uma nova restrição a veículos particulares e motos no viaduto do Chá, desde a quarta-feira passada. Ônibus, trólebus, ciclistas e pedestres tem acesso a estrutura que liga a Praça do Patriarca à Praça Ramos de Azevedo, no centro da cidade.
De acordo com a prefeitura de São Paulo, a ação visa monitorar a segurança dos pedestres, em grande quantidade na região, e o fluxo de veículos. A medida vem de encontro com o tipo de politica pública que a atual administração vem tomando, seguindo a lógica da lei nacional de mobilidade, dando prioridade ao pedestre, depois a bicicleta, transporte coletivo, e por último o transporte individual.
Alguns motoristas não gostaram da medida, e suas opiniões tiveram eco em reportagens, como o caso de um taxista que afirma que a ação “gerou um transtorno tremendo”, segundo o jornal “Folha de São Paulo”.

Linha 11 Coral deve ter intervalo normalizado em 6 meses

AUTOR: RENATO LOBO 


Passageiros da Linha 11-Coral da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM, no trecho entre Guaianases e Estudantes, terão que enfrentar partidas e intervalos maiores pelo menos até seis meses, segundo informou reportagem da TV Diário.
O problema começou quando ladrões roubaram 80 metros de fios da estação Calmon Viana, em Poá, na região metropolitana de São Paulo, na última quinta-feira (14) (relembre aqui).
Segundo a companhia, em decorrência deste problema, um princípio de incêndio danificou os equipamentos. Peças importadas terão que ser repostas.
O intervalo de partidas no pico da manhã que era de 8 minutos passou a ser de 12. Por dia, neste trecho são transportados cerca de 200 mil usuários.

Com obras atrasadas, Metrô de SP terá 46 novos trens parados neste ano

26/04/2016 - O Estado de São Paulo

Com atraso na conclusão das obras de três linhas de metrô, São Paulo terá até o fim deste ano 46 trens novos fora de operação. A concessionária ViaQuatro, operadora da Linha 4- Amarela, já começou a receber mais 15 composições, enquanto a construção de quatro estações, sob responsabilidade do governo do Estado, ainda não foi finalizada. A lentidão nas obras afetam também as Linhas 15-Prata e 5-Lilás. Os trens não terão onde rodar. O Metrô alega que os carros ficarão em testes.

Três trens foram entregues para a Linha 4, que liga a Estação Butantã, na zona oeste, à Luz, no centro. O quarto está previsto para chegar amanhã. O quinto será entregue no dia 4 de maio, segundo a concessionária ViaQuatro, empresa responsável pela linha e pelas aquisições. Até o fim da concessão, a empresa deverá investir R$ 2 bilhões na compra de trens e equipamentos – a concessionária recebe parte da arrecadação das bilheterias do Metrô como contrapartida pelo montante.

Acontece que já não há espaço para abrigar as novas composições. “O estacionamento do pátio tem capacidade para abrigar os 14 trens da frota já em circulação. Os novos trens também serão abrigados no estacionamento do pátio, que está para ser ampliado com a retomada das obras da Linha 4”, informa a ViaQuatro. As obras de ampliação, no entanto, estão paralisadas desde julho do ano passado e só devem ser retomadas em junho deste ano – com conclusão prevista para 2018. Até lá, ainda não há definição sobre onde ficarão os carros.
O total de 29 trens foi pensado para atender à demanda das 11 estações previstas para a Linha 4-Amarela – hoje sete estão em operação. A concessão da linha para a ViaQuatro previa que a empresa adquiriria os trens e o governo faria as obras das estações.

Estacionamento. A situação na Linha 4 é parecida com a do monotrilho da Linha 15-Prata, na zona leste, e na Linha 5-Lilás, na zona sul.

No caso da Linha 15-Prata, os trens lotam o pátio Oratório, onde os monotrilhos ficam estacionados enquanto a linha continua em construção. São, ao todo, 16 trens – a frota em operação é de quatro composições. Ali, o Estado chegou a suspender a compra original, da empresa Bombardier, que era de 54 trens. A canadense chegou a estruturar uma fábrica de monotrilhos no Brasil para atender à demanda, mas agora a frota da linha será de 32 trens, uma vez que o Metrô congelou a extensão até Cidade Tiradentes, extremo leste.
O monotrilho tem atualmente 2,9 km de extensão. O consórcio responsável pela aquisição de trens e construção das vias completou o serviço até São Mateus. 

Mas o governo optou por fazer licitações diferentes para a construção das estações – que deveriam ter sido entregues em 2014, mas ainda estão em construção. Há vãos nos trilhos nos locais onde deveria haver as estações, e assim os trens já comprados não têm onde ser testados em conjunto.
Na Linha 5-Lilás, os carros fora de operação já foram alvo de vandalismo, como o Estado noticiou duas vezes. A primeira foi em agosto do ano passado. A segunda vez foi há duas semanas. Os trens foram pichados.
O pátio no Capão Redondo, na zona sul, tem 15 trens à espera da conclusão das obras de ampliação da linha, até a Chácara Klabin, zona sul, prevista para terminar em 2018.

O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, chama a situação de “irresponsável”. “A garantia desses trens está correndo antes que eles sejam entregues à população”, afirma.
Já o professor adjunto do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas Claudio Gonçalves Couto afirma que há poucas ações a serem tomadas para reverter a situação. “Agora é preciso que as obras continuem para que esses trens possam ser usados”, argumenta.

O que diz o Metrô

Em nota, o Metrô afirma que todos os trens fora de circulação estão em testes. “Não é verdade que o Metrô de São Paulo terá 46 trens parados até dezembro pelo atraso de obras”, diz a empresa, de responsabilidade da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).

Entretanto, a estatal reconhece que, no caso da Linha 5, “das composições entregues, seis trens já estão com os testes concluídos e outros seis passam por testes”, mas a empresa afirma que parte da frota só deverá circular pelo trecho já em operação da Linha 5-Lilás no segundo semestre do ano que vem. “No caso da Linha 15, o primeiro monotrilho do Brasil, com trens especialmente projetados e desenvolvidos para o novo e inédito modal, os mesmos testes são necessários para garantir a operação segura do sistema”, diz a nota.

Já a ViaQuatro informou que a compra dos novos trens obedece ao cronograma previsto para a linha.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Trólebus comemora 67 anos de Brasil e terá exposição especial neste sábado

blogpontodeonibus.blogspot.com

trolebus
Os primeiros trólebus no Brasil eram importados. Somente nos anos de 1960 é que a produção local começou a tomar consistência.
Fotos, veículos antigos e um olhar para o futuro do meio ambiente e da mobilidade vão marcar o evento na capital paulista
ADAMO BAZANI
No dia 22 de abril de 1949, iniciava a primeira viagem de trólebus do Brasil. Era a linha entre o bairro da Aclimação e a Praça João Mendes na capital paulista com trajeto de 7,2 quilômetros. O passageiro ilustre e o condutor em alguns momentos era o governador de São Paulo, Adhemar de Barros.
A primeira queda de alavanca (pantógrafo), perto da Rua Conselho Furtado, indicava que o meio de transporte teria altos e baixos. O veículo foi assumido pelo motorista Manoel Vieira (lembre da entrevista em: https://miltonjung.com.br/2009/06/02/o-pioneiro-do-trolebus/)
Mas a chegada ao fim da viagem também era sinal de que o meio de transporte seria um sucesso, embora que ao longo do tempo foi abandonado em muitas cidades por diversas questões, inclusive interesses de grupos econômicos e até suspeitas de corrupção.
O trólebus é um veículo que marcou a história dos Transportes no Brasil e que tem muito a oferecer para o futuro da mobilidade urbana, já que os veículos e as redes tiveram evolução tecnológica e hoje são largamente usados em 360 sistemas de mais de 40 países, em especial na Europa, Estados Unidos, China e Rússia.
Para contar a história deste meio de transporte ambientalmente correto e de baixo custo e também lançar uma luz para o futuro da mobilidade do meio ambiente, o Movimento Respira São Paulo realiza neste sábado, 23 de abril de 2016, um evento em comemoração aos 67 anos do sistema de trólebus em São Paulo e no Brasil.
No calçadão da Praça Dr. João Mendes, no centro da capital paulista, em frente ao Fórum, a população poderá conferir um trólebus de 1948 restaurado, fotos antigas, trólebus e ônibus a bateria novos. O horário é das 8h às 17h. A exposição é gratuita.
O evento tem apoio da Prefeitura de São Paulo, SPTrans, CET, Ambiental Transportes Urbanos, Viação Gato Preto.
O Movimento Respira São Paulo preparou um resumo que mostra a importância dos trólebus no Brasil e no mundo.
HISTÓRICO DO SISTEMA
trolebus
Aclimação teve primeira linha de ônibus elétricos do País.
Em 22 de abril de 2016 o Sistema de Trólebus comemora 67 anos de existência na cidade de São Paulo.
Foram várias fases do Sistema, envolvendo muitos modelos de trólebus e expansão da rede.
 A Frota:
  • De 1949 a 1957 – aquisição de 155 trólebus importados.
  • De 1958 a 1967 – aquisição de 24 trólebus de primeira geração, fabricados no Brasil.
  • De 1963 a 1969 – a CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) montou seus próprios trólebus em suas oficinas, assegurando a sobrevivência do Sistema na década de 70. Foram 145 veículos.
  • De 1979 a 1982 – aquisição de 290 trólebus modernos de segunda geração, fabricados no Brasil, no Programa Nacional de Trólebus, com recursos no Governo Federal.
  • De 1985 a 1987 – aquisição de 80 trólebus de terceira geração, fabricados no Brasil.
  • De 1996 a 1998 – reforma de 284 trólebus e aquisição de 111 novos veículos brasileiros de quarta geração.
  • De 2002 a 2004 – desativação de parte da frota de trólebus, sendo que 37 deles tinham pouco tempo de uso e plenas condições de operação. Outros veículos, apesar da idade, poderiam continuar em operação, bastando uma reforma ou revisão geral.
  • De 2008 a 2014 – aquisição de 212 trólebus da quinta geração, fabricados no Brasil, equipados com os mais modernos componentes, similares aos utilizados nos modernos trólebus da Europa. Estes trólebus são equipados com motor de tração de corrente alternada, os quais são mais baratos na aquisição e na manutenção e carroçaria com piso baixo. Cinquenta destes trólebus são dotados de baterias de tração que permitem a operação desconectados da rede aérea em situações de problemas com a rede, falta de energia no circuito ou desvios de tráfego. Esta frota terá uma vida útil até 2025, pelo menos.
As Linhas:
  • De 1949 a 1957 – as linhas iniciais serviam os bairros mais nobres, como Aclimação e Pinheiros e algumas substituíram os bondes, como no caso do Jardim Europa e Santana.
  • De 1958 a 1969 – expansão para as zonas leste e norte da cidade.
  • De 1970 a 1979 – estagnação na quantidade das linhas e experiência de integração na Estação Santana do metrô.
  • De 1980 a 1982 – expansão das linhas para a zona leste (Vila Prudente e São Mateus) e norte (Casa Verde) na primeira etapa do Programa de Revitalização do sistema.
  • De 1985 a 1987 – expansão das linhas para a zona sul (Santo Amaro) na segunda etapa do Programa de Revitalização do sistema.
  • De 1996 a 1998 – reativação do Corredor Rio Branco, criação das três linhas circulares centrais e desenvolvimento do Projeto do VLP – Veículo leve sobre Pneus ao longo do Corredor Sacomã.
  • De 2001 a 2003 – desativação de 50% das linhas por motivos políticos e não técnicos.
  • De 2011 a 2015 – Renovação de 80% da malha de Rede Aérea com durabilidade para os próximos 10 anos, ao menos.
A tração elétrica no Brasil:
Entre 1900 e 1950 o principal meio de transporte urbano nas cidades brasileiras era por meio da tração elétrica, através dos bondes, que fizeram o papel que os ônibus atuais fazem, transportando a maior quantidade de passageiros.
As principais razões das gradativas desativações destes sistemas foi o desenvolvimento dos ônibus movidos a diesel, sendo uma opção mais barata e imediata do que a renovação da infraestrutura de trilhos e rede aérea e da própria renovação das frotas que eram, na sua maioria, importadas. Outro fator foi o início do declínio do transporte coletivo em favor do transporte individual.
Os trólebus representaram muito pouco na substituição dos bondes.
No Brasil, em 1969, havia onze sistemas de trólebus nas principais capitais e a maioria deles foram desativados na década de 60.
Somente cinco sistemas de trólebus, além de São Paulo que é o pioneiro, foram revitalizados nos anos 80 com o Programa Nacional de Trólebus. O último golpe que ocasionou a desativação de quatro sistemas nas cidades de Araraquara, Recife, Ribeirão Preto e Rio Claro foram os processos de privatização nas concessões de operação das frotas de transporte de passageiros, no final dos anos 90 e início de 2000. 
Hoje os Sistemas de Trólebus operam nas cidades de São Paulo, Santos e na região do Grande ABC. 
No Corredor Metropolitano de Trólebus da EMTU, no Grande ABC, a infraestrutura elétrica foi revitalizada entre 2009 e 2013 e parte da frota foi renovada. Em Santos, a pequena frota de seis veículos e a malha de rede aérea não tiveram revitalização significativa.
A volta da tração elétrica:
No combate à poluição do ar e sonora a tração elétrica tem sido cada vez mais considerada nas cidades do mundo inteiro. Atualmente existem cerca de 360 sistemas de trólebus no mundo em mais de 40 países e em muitos casos, estão sendo modernizados e ampliados, principalmente nos países da Europa, Estados Unidos, China e Rússia.
Novas tecnologias, tais como o uso de baterias e de super-capacitores tem resolvido o principal problema dos trólebus que são as paralisações devido aos danos na rede aérea ou falta de energia. Estas inovações tecnológicas permitem que os trólebus operem, desconectados da rede, para percorrer curtas ou longas distâncias, tornando-os totalmente eficazes.
Os ônibus movidos por baterias, sem a necessidade do uso de redes aéreas, deverão ser a solução para o transporte de passageiros do futuro, entretanto, um grande desafio é o equacionamento da metodologia de recarregamento das baterias durante a madrugada, enquanto os veículos permanecem recolhidos.                                 
A potência elétrica necessária para a recarga de uma frota numerosa é bastante significativa, com a necessidade de implantação de subestação de grande porte ou então distribuição da frota em várias garagens, dotadas de subestações de capacidades menores.
De qualquer forma, a tração elétrica, tanto para o transporte coletivo ou individual, está voltando a ter importância na luta contra a poluição do ar e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
MATERIAL: JORGE FRANÇOZO DE MORAES – RESPIRA SÃO PAULO

HISTÓRIA – Ônibus Uiraquitan: Projeto revolucionário que seria para o primeiro corredor de ônibus do mundo

ônibus Uiraquitan
Uiraquitan. Modelo não passou da fase de projeto, mas poderia inaugurar o sistema de BRT como solução de mobilidade
Estrutura seria monobloco e motorista ficava acima dos passageiros
ADAMO BAZANI
Você já ouviu falar deste modelo de ônibus, o Uiraquitan? Pois, foi uma das oportunidades da cidade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, ter tido influência direta na implantação do sistema de ônibus expresso segregado, de Curitiba, inédito no País e no mudo. Mas as inovações propostas na época pelo DEPV – Departamento de Pesquisa de Veículos, da FEI – Faculdade de Engenharia Industrial da Fundação Educacional Inaciana de São Bernardo do Campo assustaram e o modelo não passou de uma miniatura e vários desenhos.
O projeto foi encomendado pelo IPPUC  – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, no início dos anos 70, que na contramão dos investimentos ferroviários, decidiu, de maneira bem sucedida, investir em linhas de ônibus de grande demanda, troncais, em corredores exclusivos, e linhas alimentadoras, que serviram de modelo até para outros países, como a Colômbia que implantou o Transmilênio.
O Uiraquitan, desenvolvido pelos engenheiros da FEI, de São Bernardo do Campo, sob coordenação do chefe do departamento, o espanhol  Rigoberto Soler Gisbert, já revolucionava pela posição do motorista, que ficava numa alta cúpula de vidro, acima dos passageiros. Isso mesmo, se hoje, vemos alguns ônibus panorâmicos com o salão de passageiros sobre os motoristas, como os LDs ou HDs, no projeto do ABC para Curitiba, o motorista que ficava em cima do passageiro. O objetivo do “mirante” era oferecer maior visibilidade tanto para motorista como para passageiros.
O ônibus Uiraquitan foi uma adaptação de um projeto de modelo rodoviário desenvolvido pela equipe de Rigoberto Soler Gisbert, em 1968.
Ônibus Uiraquitan
O Uiraquitan foi desenvolvido a partir de um projeto de 1968 para ônibus rodoviário. Motorista ficava numa cúpula acima dos passageiros.
Não bastasse a inovação de o motorista ficar em nível acima do passageiro, proporcionando mais espaço interno, a acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, que é obrigatória em todas as carrocerias produzidas desde julho de 2008, já foi preocupação dos engenheiros da época, que planejaram o Uiraquitan para que o salão de passageiros ficasse a 20 centímetros de altura em relação ao solo.
O modelo, cujo projeto foi finalizado em 1973, teria também painel eletrônico (algo adotado recentemente nos ônibus urbanos), que informava, além de itinerário e número de linha, quantos assentos estavam desocupados. Os engenheiros da FEI também tinham preocupação ambiental. Projetaram uma série de filtros no motor que já nos anos 70 reduziriam em até 50 por cento os níveis de poluentes.
A capacidade para transportar passageiros sentados, de acordo com o projeto, seria maior que um articulado de hoje: 80 sentados. Os articulados têm, aproximadamente, 60 sentados. Isso seria possível porque o posto do motorista ficaria acima do salão de passageiros e pelo fato de os bancos serem longitudinais. Os corredores também seriam mais largos.
A estrutura seria de monobloco, com carroceria, motor e chassis integrados, e o modelo receberia propulsor Scania de 260 cavalos.
No entanto, o ônibus não saiu da fase de miniatura, por vários motivos, entre eles, o desenho inovador para época, dificuldade de fabricação de alguns equipamentos e necessidade de uma barra de direção muito longa, por causa do “mirante do motorista”
onibus Uiraquitan
Desenho inovador depois serviu de inspiração para a indústria.
ônibus Veneza Expresso
O ônibus que foi escolhido para marcar o início das operações do primeiro BRT do mundo, em Curitiba, foi o Veneza Expresso, da Marcopolo, que também trazia inovações
Veneza Expresso
Veneza Expresso, a exemplo do que foi planejado para o Uiraqutan, também tinha bancos laterais
Fracasso? Não, apesar de o Uiraquitan não ter sido fabricado. Assim como no mundo da moda, onde vemos roupas inimagináveis de serem encontradas nas ruas, mas que ditam tendências, o Uiraquitan apontou caminhos que depois de adaptados à realidade da indústria nacional de carrocerias viriam solucionar vários problemas, alguns ainda recorrentes, como a necessidade de ônibus acessíveis e menos poluentes.
De pronto, o Uiraquitan deixou a herança da maior visibilidade para motoristas e passageiros e de um salão de passageiros com melhor aproveitamento. Logo após a recusa do Uiraquitan, depois de analisar projetos de encarroçadoras como Nimbus, Marcopolo e Caio, o Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba, escolheu o modelo Marcopolo Veneza Expresso, com grande área envidraçada na carroceria. O IPPUC fez questão de exigir algumas características do Uiraquitan, como a visibilidade, o desenho diferenciado e o motor mais silencioso, traseiro, com no mínimo 200 cavalos de potência.
Com um pouco do Uiraquitan, em 22 de setembro de 1974, começam a circular os Marcopolo Veneza Expresso trazendo ao setor, o conceito de BRT – Bus Rapid Transit -, os ônibus rápidos de corredor segregado, termo usado em todo o mundo.
As propostas do Uiraquitan também foram usadas por outras encarroçadoras que aos poucos vinham assimilando os conceitos apresentados pela FEI. Alguns destes conceitos viraram obrigatórios pelos órgãos concedentes e fiscalizadores e opções de modelo de encarroçadoras, que o desenvolveram.
Por isso, dizer que o Uiraquitan foi um fracasso da engenharia do setor de transportes é um equívoco. Talvez, sem as ideias, consideradas loucuras na época, de seus projetistas, a indústria de ônibus nacional, uma das mais respeitadas do mundo, não teria chegado ao atual patamar.
Aliás, este é o papel do mundo acadêmico: apontar tendências.
O Uiraquitan pode ser visto apenas em miniatura. Já o Veneza Expresso, deixado de lado nos anos 80, por causa da maior demanda de passageiros e novas necessidades, teve um exemplar restaurado em 1999, com o uso de três carrocerias abandonadas, achadas em ferro velho de Curitiba e vários dias de trabalho.