Imagine a seguinte situação: você levanta cedo, se arruma, come e sai de casa para pegar o ônibus rumo ao trabalho. Mas ele demora mais do que o previsto e você se arrepende de não ter dormido aqueles preciosos minutos extras. Ou de não ter tomado um café da manhã mais caprichado.
A rotina de quem mora longe do trabalho pode ser muito maçante quando o passageiro fica à mercê da sorte. Por estar no congestionamento, o intervalo entre um ônibus e outro é imprevisível, o trânsito é lento e, uma vez que embarcou, o usuário não sabe o quanto vai demorar para chegar.
Por que, em pleno 2015, ainda vemos este problema recorrente nas nossas cidades quando inúmeros estudos e experiências reais mostram que a solução pode ser tão simples quanto segregar o ônibus do tráfego misto?
O espaço viário é desigual e injusto ao priorizar o automóvel. Primeiro, porque uma faixa de ônibus carrega dez vezes mais pessoas do que uma faixa para carros. Segundo, porque viagens por transporte coletivo e a pé representam 65,9% dos deslocamentos no Brasil, contra 27,4% por automóvel individual. Terceiro, porque uma pessoa de carro ocupa 15 vezes mais espaço da cidade que um passageiro de ônibus para se deslocar. Também polui mais e piora o trânsito. E o congestionamento traz custos sociais, ambientais e econômicos.
Qual forma de mobilidade urbana é mais eficiente?
Em 2001, um experimento em Münster, na Alemanha, buscou descobrir quanto espaço da rua cada meio de transporte – carro, ônibus e bicicleta – ocupava. Participaram do estudo 72 pessoas. Os resultados são conclusivos e refletem a realidade que vivemos em muitas das cidades de todo o mundo.
De bicicleta, as 72 pessoas em 72 bikes ocuparam 90 metros quadrados.
De carro, as 72 pessoas se dividiram em 60 veículos, pois foi utilizada a ocupação média real da cidade na época, de 1,2 pessoa/carro. Ocuparam 1000 metros quadrados.
De ônibus, as 72 pessoas embarcaram num só veículo, ocupando 30 metros quadrados.
Priorizando o espaço certo
As vias dedicadas ao transporte coletivo por ônibus já são realidade em todo o mundo, presentes em 189 cidades e atendendo 31 milhões de pessoas por dia. No Brasil, 33 cidades contam com a infraestrutura, totalizando 835 quilômetros de vias dedicadas entre sistemas BRT (Bus Rapid Transit) e faixas exclusivas, conforme o mapa abaixo.
As faixas dedicadas ao ônibus melhoram a qualidade do serviço porque aumentam a velocidade-média operacional do ônibus. Em São Paulo, o ganho foi de 40,5 minutos por dia aos usuários de ônibus em 2014. A cidade apostou fortemente na infraestrutura e chegou aos 320 km de faixas exclusivas. Com o aumento na velocidade média da operação, percorrem-se menos quilômetros, consequentemente menos poluição é gerada no ar. Com mais eficiência, a confiabilidade é um ponto-chave, pois saber a que horas o ônibus vai chegar faz toda a diferença na rotina do usuário. Além disso, uma operação de transporte coletivo ágil e confiável pode atrair e reter passageiros ao modal, ajudando a descongestionar e melhorar a qualidade de vida na cidade.
Os números de faixas exclusivas no Brasil estão crescendo e nós, no TheCityFix Brasil, vamos continuar acompanhando e documentando essa evolução que só trará saldos positivos para nosso país. Pois dedicar espaço para o ônibus na via significa estabelecer as prioridades certas para uma mobilidade urbana justa e eficiente.
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