quarta-feira, 26 de abril de 2017

Uber wants to test its network of flying taxi planes by 2020

UberElevate VTOL planesAn illustration shows an Uber Elevate plane landing in Dallas, Texas, one of its partner cities. Uber
http://www.businessinsider.com/uber-elevate-vtol-summit-flying-cars-by-2020-2017-4

Uber isn't just about cars on the ground anymore. By 2020, the company wants to have its first public demonstration of its network of electric planes that would ferry passengers at 150 m.p.h. through urban skies to their destinations.
To reach its ambitious goal in the next few years, Uber Elevate has partnered with Dallas-Forth Worth and Dubai to be its launch partners. Uber plans to announce on Tuesday that it's aiming to debut the Uber Elevate network when Dubai hosts the World's Fair in 2020. 
"It’s push a button and get a flight," said Jeff Holden, Uber's Chief Product Officer, in his keynote at the Uber Elevate Summit.  
The vision for Uber Elevate is to build a network of vertical take-off and landing (VTOL) aircraft that would make aviation on-demand. The project will have "significant cost advantages" over other modes of solving transportation problems, like building new roads, bridges, or tunnels, Uber says. Since the planes don't need to follow set routes, it would help avoid congestion and improve commute times, the company says. 
"Just as skyscrapers allowed cities to use limited land more efficiently, urban air transportation will use three-dimensional airspace to alleviate transportation congestion on the ground," Uber wrote in its white-paper on Uber Elevate, which it unveiled in October 2016. 
Based on Uber's calculations, a two-hour drive between San Francisco's Marina neighborhood to downtown San Jose would only take 15 minutes in a VTOL aircraft. In an app demonstration, Holden showed how "UberAir" could become an in-app option, just like choosing between UberPOOL and UberXL. Uber says its key to unlocking this kind of urban air travel is being able to understand demand and pricing.
"We think we can start this for roughly the cost of UberX," said Holden. 
To get there though requires an infrastructure build out. The company suggests parking garages and helipads could be repurposed to be used as "vertipods" and "vertistops." As part of its partnerships with Dubai and Dallas-Fort Worth, Uber will also be working with two real estate holding companies to work on building the infrastructure needed for it. The Dubai Road and Transport Authority will also be funding studies on pricing and demand for a VTOL network.
Uber is also working with NASA, the FAA, and the National Air Traffic Control Association to work on a different approach to air traffic control.
uberElevate DubaiA visualization by Uber of what its Uber Elevate network could look like in Dubai. Uber

Flying cars

Building out the infrastructure is just one part of the puzzle. The other roadblock is perfecting an all-electric VTOL plane that is quiet enough that it could be used to bring people from the cities to the suburbs, or even across cities, in a short amount of time.
Uber, for now, has decided not to build its own aircraft, but partner with other manufacturers who are designing planes to fit Uber's design needs. At the Uber Elevate summit in Dallas, Uber announced its first five VTOL vehicle partners will be Aurora Flight SciencesPipistrel Aircraft,EmbraerMooney, and Bell Helicopter.
Here's what Aurora is envisioning for what an Uber VTOL plane could look like:
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While these types of vertical take-off aircraft might sound similar to helicopters, Uber argues that the planes would have key advantages over helicopters: since they'll be electric, the planes would have zero emissions, and they'll be significantly less noisy than helicopters. 
"The Uber Elevate mission is all about low noise, high reliability, and low cost," said Aurora CEO John Langford in a press release about the news. "We have already built and flown the first proof-of-concept aircraft and we’re excited to partner with Uber in accelerating the eVTOL initiative."
Launching a demonstration in a few years is ambitious for the $69 billion ride-hailing company that's currently saddled with enough problems across its other business units. But Uber seems to be aware of the challenges ahead in its path.
"We have a lot of work to do," Holden said. "This isn’t going to be easy."

terça-feira, 25 de abril de 2017

Alto Tietê e ABC aumentam mortes no trânsito. Praia Grande reduz. No Estado, índice tem leve queda


Parcela significativa dos acidentes com motos é causada por imprudência de motociclistas. Ocorrências entre as motos e veículos pesados são as mais graves


Maior parte das ocorrências envolve pedestres e motociclistas; homens e jovens são maioria
ALEXANDRE PELEGI

Viatrolebus
O número de atropelamentos em Praia Grande, no primeiro bimestre de 2017 em comparação ao mesmo período do ano anterior, apresentou redução de 38,9%, passando de 18 para 11 casos. Os dados foram informados pela Secretaria Municipal de Trânsito (Setran). Além disso, o número geral de acidentes viários em todo Município registrou uma queda de 26,5% em comparação ao mesmo período do ano passado. Este ano, ocorreram 308 acidentes, contra 419 de janeiro a fevereiro de 2016. Para a Setran, as reduções são reflexos das ações de educação, sinalização e fiscalização de trânsito realizadas em Praia Grande.
Enquanto a aprazível cidade litorânea comemora, as cidades do Alto Tietê lamentam: na região foram registradas 48 mortes no trânsito no primeiro trimestre do ano. Os casos de atropelamento representam a maior parte dos registros: 17 pedestres perderam a vida no trânsito da região. Os dados são do sistema Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo), órgão do governo do Estado.
As sete cidades da região do ABC paulista, na Região Metropolitana de SP, também amargam resultados negativos. Segundo o balanço regional do Infosiga para o trimestre 59 pessoas morreram por causa do trânsito na região, 34,09% mais mortes do que no mesmo período de 2016 (44 vítimas fatais).
Se no Alto Tietê os pedestres foram as maiores vítimas, no ABC este posto foi ocupado pelos motociclistas (com 24 mortes), seguidos de perto pelos atropelamentos (que ocasionaram 22 mortes).
Os dados do Infosiga para a Capital do Estado também foram negativos: o número de mortes em atropelamentos explodiu em março deste ano. Foram 43 ocorrências, contra 28 do mesmo período do ano passado, um aumento de 50%. No geral, em toda a cidade, o índice de mortes teve aumento de 7%.
No Estado de São Paulo os dados do Infosiga apontam uma leve queda de 4,8% nas fatalidades no primeiro trimestre. Foram registrados 1.297 óbitos, contra 1.361 vítimas fatais no ano anterior. Dos que perderam a vida por causa do trânsito no Estado de SP, homens e jovens lideram as estatísticas: 80% são do sexo masculino e 26% têm idade entre 18 e 29 anos.

VLT de Fortaleza terá operação assistida em maio


O trecho em questão, de número dois, está com 93% das obras concluídas e será o primeiro a ficar pronto
ALEXANDRE PELEGI
Demorou, mas finalmente a população de Fortaleza vai poder utilizar um trecho do VLT para se locomover na capital cearense. A informação partiu da Secretaria da Infraestrutura do Estado do Ceará (Seinfra), que estima começar em maio o que chamou de “operação assistida” de parte do ramal Parangaba-Mucuripe, no trecho entre as estações Parangaba e Borges de Melo.
Quando pronto, o modal terá 13,4 quilômetros de extensão, dos quais 12 quilômetros em superfície e 1,4 em trechos elevados. O VLT de Fortaleza atravessará 22 bairros onde moram mais de 500 mil pessoas.
A implantação do VLT foi iniciada em 2012. As obras, divididas em três trechos, ficaram paralisadas por mais de um ano por conta de problemas com a empresa responsável. Outro fator que contribuiu para alongar a entrega da obra foram os impasses que surgiram nas desapropriações. Por fim, as obras foram retomadas em 2015.
A operação assistida funcionará como um teste com passageiros, sem cobrança de tarifa. O VLT funcionará de segunda à sexta-feira, das 8h ao meio dia, segundo informações do Metrofor, órgão responsável pela operação dos trens. O trecho que passará a funcionar no próximo mês é o de número dois, já com 93% de execução e que será o primeiro a ficar pronto. Desde setembro de 2016 esse trecho funciona em caráter experimental, apenas das 10h às 11h, quando são realizadas quatro viagens por dia. Nessas ocasiões são verificados o funcionamento da via férrea, da plataforma e das estações.
O trecho um do VLT de Fortaleza abrange a construção da passagem inferior da Avenida Borges de Melo, e deve ser concluído na sequência. A previsão de entrega parcial desse trecho está prevista para acontecer a partir do mês de junho deste ano. Os trabalhos alcançam, atualmente, 50% de execução.
Já o trecho três demandará mais tempo para ficar pronto. A estimativa de entrega ficou para o início de 2018, sem previsão de data para início da operação comercial.
Os serviços nos três trechos são executados pelo Consórcio VLT Fortaleza, formado pelas empresas AZVI S. A. do Brasil e Construtora e Incorporadora Squadro Ltda, com orçamento total da obra de R$ 284.644.592,16.

Corredor de ônibus incompleto abriga moradores de rua e acumula lixo na Grande São Paulo


Corredor de ônibus CarapicuíbaMoradores de rua tomaram conta de parada que não está em funcionamento ainda. Falta de segurança é preocupação


Trecho em Carapicuíba, próximo ao Fórum e ao Rodoanel, causa transtornos para moradores e comerciantes. Ônibus ainda trafegam pelo lado direito da Via
ADAMO BAZANI
Diário do Transporte
O corredor de ônibus metropolitano entre Itapevi, na Região Metropolitana, e a capital paulista, deveria ter sido concluído plenamente em 2014, de acordo com a primeira previsão da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, gerenciadora das linhas intermunicipais e responsável pela obra.
Atrasada, a obra deve começar a ser entregue até o final deste ano, mas o último trecho, entre o Km 21 Osasco e a Vila Yara, no limite entre as cidades de Osasco e São Paulo, terá a licitação publicada apenas em novembro deste ano.
Além de contingenciamento de recursos por causa da crise econômica, problemas com as construtoras Villanova e EMPARSANCO, no trecho entre Itapevi e Jandira, que ocorreram em 2013 e 2014, atrasaram mais ainda os cronogramas.
Enquanto isso, moradores, comerciantes, passageiros e até mesmo motoristas que estão nos carros sofrem com os transtornos, não apenas das obras em si, mas do estado em que se encontram os canteiros em diversos trechos.
O leitor do Diário do Transporte, Paulo Gil, por exemplo, reclama da situação do trecho nas proximidades do Fórum de Carapicuíba e do Rodoanel. De acordo com imagens do leitor, feitas no último final de semana, algumas paradas que deveriam receber os passageiros e os ônibus estão abandonadas e viraram ponto de habitação de moradores de rua.
Pela internet, o morador das proximidades Rosivaldo Silva Santos Amorim afirmou ao Diário do Transporte que, além de moradores de rua, os canteiros das obras do corredor de ônibus também viraram ponto de consumidores de entorpecentes.
“A região aqui já é violenta, agora com esta obra incompleta, temos medo de passar a noite pelo local, sem contar que está tudo pichado”

Em nota ao Diário do Transporte, a EMTU admite o problema, mas diz que não está de braços cruzados e que constantemente são realizadas ações para retirar os moradores de rua. Nova operação está programada para os próximos dias.
Quanto aos moradores de rua que estão alojados nas paradas, informamos que por três vezes a EMTU/SP em companhia da Guarda Municipal retirou os invasores que, invariavelmente, retornam ao local. Uma nova operação está sendo programada com a participação da EMTU/SP, da Guarda Municipal e da Secretaria Municipal da Assistência Social da região, para tentar resolver a situação.
A gerenciadora informa também o novo cronograma para conclusão das obras:
A EMTU informa que o Corredor Itapevi/São Paulo foi dividido, em seu projeto, em quatro trechos.
  • 1º trecho – obras retomadas em novembro 2015 com previsão de entrega até o final de 2017. Este trecho compreende 5 km entre as cidades de Itapevi e Jandira.
Início da obra abril 2011. Em março de 2013 a EMTU rescindiu Unilateralmente o contrato por ineficiência do Consórcio liderado pela construtora Villanova.
Nova contratação em Novembro/2013, contrato encerrado por abandono de obra pela EMPARSANCO em Novembro/2014. Uma nova licitação foi feita e a empresa ENPAVI e tem prazo até o final de 2017 para entregar o trecho, que está com 65% do viário pronto.
  • 2º trecho: Trecho Jandira-Carapicuíba, de 8,8 km, incluindo o Terminal Carapicuíba, uma Estação de Transferência e nove  Estações de Embarque e Desembarque. A obra está com 90% do sistema viário pronto e 46% do Terminal Carapicuíba. O viário deste trecho está previsto para ser entregue no final de 2017, com exceção das paradas e do terminal que vai passar por uma nova licitação e devem ser entregues no final de 2018.
  • 3º trecho –: Trecho Carapicuíba – Osasco (Terminal – km 21), com 2,2 km de extensão, terá duas estações de embarque e o terminal Km 21 . O terminal está com 90% da obra pronta e deve ser entregue no final do próximo mês de junho.
  • 4º trecho –  Trecho Osasco km 21 – Vila Yara (divisa Osasco-SP). Terá 7,6 km de extensão e contará com um Terminal de Integração (Vila Yara) e 10 estações de embarque. Os projetos básico e executivo já foram concluídos
A licitação para contratação das obras Osasco – Vila Yara deve ser publicada em novembro de 2017.
Características: 23,6 km de extensão, irá do futuro Terminal Itapevi (junto à Estação da CPTM), até o terminal Vila Yara (na divisa entre Osasco e São Paulo). O objetivo do Corredor Metropolitano é integrar os sistemas de transporte por ônibus às estações de trem das cidades da região e também ao metrô, a partir da estação Butantã da Linha 4. Investimento total: R$ 457 milhões.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Tucanos roubaram uma linha inteira de metrô

Começou com Careca, o guloso

Serra e Alckmin.jpg
Santo e Careca roubam juntos e separados (Reprodução)
Conversa Afiada reproduz reportagem de Talita Bedinelli no El País:
Uma obra, muitos corruptos. Assim poderia ser descrita a expansão da linha 2-Verde do Metrô de São Paulo, segundo o relato do delator Fabio Gandolfo, ex-diretor do contrato na Odebrecht. Seu depoimento mostra a anatomia da corrupção que beneficiou a empresa ao longo de ao menos 15 anos e envolveu diversas esferas políticas: teriam recebido propina o órgão que deveria fiscalizar o contrato, membros da Assembleia Legislativa e um deputado federal e membros da diretoria do Metrô. Além do tucano José Serra, que no período se preparou para eleições à Prefeitura de São Paulo e ao Governo paulista. O depoimento do executivo foi colhido pela força tarefa da Operação Lava Jato e tornado público no final da semana passada, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, derrubou o sigilo das investigações, revelando a sistemática corrupta gerenciada pela empresa.
Gandolfo conta em seu depoimento que assumiu o contrato dos lotes dois e três da linha no início dos anos 2000. O contrato existia desde 1992, mas nunca havia sido implementado, pois o Governo do Estado afirmava não ter dinheiro para as obras. Havia, no entanto, uma cláusula que determinava que, se a construção não se iniciasse no prazo de seis meses após a assinatura do acordo, ele poderia ser extinto. Para que isso não ocorresse, esse contrato precisava passar por aditamentos. É neste momento que se inicia o primeiro episódio de corrupção. Para que o Tribunal de Contas do Estado (TCE), órgão responsável por fiscalizar a lisura da aplicação do dinheiro público em São Paulo, não contestasse os aditamentos, o delator conta que havia um "compromisso" de pagamento, na ordem de 0,9% do contrato. Quando questionado se esse compromisso indicava "propina", ele confirma que sim.
"Quando eu cheguei, já tínhamos assinado 20 aditivos contratuais mantendo a eficácia [do contrato]. Vinte aditivos sem ter iniciado [a obra]", conta ele. "O Metrô não tinha interesse em desmanchar o contrato porque teria que fazer licitação outra vez, e isso demora. Mas não havia recurso para executar a obra. O grande problema era se o TCE aprovava ou não aditivo. Não sei se o acordo envolvia todos os conselheiros, um conselheiro ou o quadro técnico do tribunal", afirma o executivo. Segundo ele, os pagamentos haviam sido acordados com um intermediário, chamado Luiz Carlos Ferreira. Não fica claro o papel dele junto aos receptores da propina, já que o delator afirma que ele era um consultor. "Esse compromisso seria da ordem de 0,9% do valor do contrato. Nós tínhamos dois lotes, portanto, dois contratos. O do lote dois, da linha 2, era da ordem de 125 milhões de reais, e o contrato do lote três, da ordem de 150 milhões de reais." O codinome dele na planilha da Odebrecht era Corinthiano e ele recebeu, ao todo, 2,754 milhões de reais, segundo o delator.
Em 2003, houve a decisão por parte do governador Geraldo Alckmin de ampliar a linha Verde. E, com isso, decidiu-se colocar em prática a obra acordada com a Odebrecht. E, neste momento, se inicia o segundo episódio de corrupção, segundo o delator. "Um pouco antes de começarem as obras, o presidente do Metrô na época, Luiz Carlos Frayze David, me convocou para uma reunião no gabinete dele. Disse que ele precisava de um apoio político nosso para um grupo de deputados, para que não tivesse pressão da assembleia contra esse contrato. Porque, vamos convir, que ficar com um projeto por dez anos em stand by[espera] é um negócio discutível. Por que não fazer nova licitação? Porque vai perder tempo. Mas é discutível", afirma ele.
O ex-diretor do Metrô, que ganhou o codinome Estrela, teria recebido 10 milhões de reais, em três entregas distintas, todas feitas em sua casa. O dinheiro, diz o delator, iria ao menos para dois parlamentares: Rodrigo Garcia, então deputado Estadual pelo DEM que entre 2005 e 2007 foi presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo; e Arnaldo Madeira, um dos fundadores do PSDB, ex-deputado federal e que, em 2003, assumiu a secretaria estadual da Casa Civil no Governo Alckmin. "Ele me disse que precisaria da ordem de quatro ou cinco por cento do valor do contrato para que fosse destinado a ele e ele se encarregaria de fazer essa distribuição."
Na mesma reunião, descreve Gandolfo, Frayze David teria pedido ainda um outro valor. Ou seja, o terceiro episódio de corrupção no mesmo contrato. "Ele disse que precisava de um apoio da área operacional do Metrô", conta. "Como a gente não ia fazer a linha inteira (...) .seria preciso fazer uma análise e um planejamento operacional. E, para isso, precisaria envolver a área de operação do Metrô, que é uma área muito forte, rigorosa. Ele pediu para designar 0,5%, que seria entregue ao diretor de Operações do Metrô, Décio Tambelli", ressalta.Tambelli ganhou na planilha o codinome Bragança e recebeu em seu escritório, segundo o delator, um valor aproximado de 1,5 milhão de reais. Ainda segundo o delator, um quarto episódio de corrupção ocorreu neste contrato: seria necessário fazer um ajuste contratual, devido às mudanças necessárias no projeto. Para isso, teria dito o ex-diretor do Metrô, seria necessário entregar mais 0,5% do valor contrato para Sérgio Brasil, que liderava o setor de contratação, que ganhou o codinome Brasileiro e uma quantia também próxima a 1,5 milhão de reais, entregues em restaurantes de São Paulo.
Os contratos da Odebrecht para a realização da obra foram responsáveis ainda por um outro nome na planilha de corrupção da empresa. Um executivo da empresa solicitou que ele incluísse o pagamento de 3% deste contrato para o codinome Careca "para gastos em futuras campanhas políticas". Na hora, não foi dito a ele quem era a pessoa por trás do apelido, mas ele descobriu, posteriormente, que se tratava do tucano José Serra, que também era conhecido pelo codinome Vizinho. "Esse eu programava, mas eu nunca pagava. Esse dinheiro era entregue, mas eu não sei a quem", conta o delator, que ressalta que o dinheiro era destinado a campanhas políticas. Em 2004, Serra concorreu nas eleições para prefeito de São Paulo, cargo ao qual renunciou dois anos depois, para concorrer ao Governo de São Paulo."Neste período [de contrato] nós recebemos do Metrô mais ou menos 320 milhões de reais porque tinha reajuste. Eu detectei pagamento para (...) o Vizinho de 4,670 milhões. Os 3% dariam 7,5 milhões, mas eu só detectei isso. Mas eu sai do contrato em 2006. O contrato do lote 3 se estendeu e eu não sei se foi pago depois."
O depoimento faz parte de uma das petições de Fachin, que inclui a fala de outros executivos da Odebrecht que confirmam as propinas. O ministro pede que o caso seja encaminhado para a avaliação da Procuradoria da República em São Paulo, já que envolve pessoas que não teriam foro privilegiado no STF, com exceção de Serra, que é senador e deve ser investigado em um inquérito separado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Se a investigação sobre as irregularidades nas obras do Metrô for autorizada, ela será feita pelo Ministério Público Federal de São Paulo, que afirma que ainda não tem novidades concretas no momento sobre o caso.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos, responsável pelo Metrô, diz que a empresa tem "rígidos controles sobre seus contratos". "A empresa mantém firme compromisso com a sociedade para oferecer serviços cada vez melhores e processos de contratação permanentemente transparentes", ressaltou, em nota. "Todos os contratos de todos os lotes e todos os aditivos da linha 2 foram julgados regulares pelo Tribunal de Contas do Estado."
O TCE, por sua vez, diz que reitera sua "disposição de prestar todas as informações que se fizerem necessárias para o esclarecimento de quaisquer fatos". "O TCE determinou o levantamento da situação de todos os processos referentes aos contratos citados. O relatório com essas informações estará disponível, de forma transparente, a todas as autoridades competentes e a quem possa interessar.", ressaltou o órgão, também em nota. O ex-deputado Rodrigo Garcia, atual Secretário da Habitação do Governo de Geraldo Alckmin, afirma que a delação é um "relato mentiroso e falso", "uma suposta citação de uma terceira pessoa (e não do delator), que foi negada por essa pessoa. "Jamais solicitei, ou autorizei que solicitassem em meu nome, recursos irregulares", disse ele, por meio de uma nota.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Qual é o preço da privatização? Transições Parte 1

ASSEMBLEIA APROVA GREVE EM 28/4!


Assembleia_11042017 (50)
metroviários votam a participação na Greve Geral no dia 28/4 contra as reformas do governo Temer. Foto: Paulo Iannone
Os metroviários vão parar no dia 28/4, dia em que será realizada uma Greve Geral no País. A decisão foi aprovada na assembleia de 11/4 (terça-feira). A luta é contra as Reformas da Previdência e Trabalhista, a terceirização e privatização.
O 15/3 mostrou que é possível realizar uma Greve Geral no Brasil. Agora, chegou o momento de parar e mostrar ao governo Temer que não aceitamos perder a aposentadoria, os direitos trabalhistas e sermos submetidos à terceirização.
Os trabalhadores estão conscientes de que agora é o momento de realizar uma grande manifestação. As Centrais Sindicais, sindicatos e os movimentos sociais estão unidos para a Greve Geral. Todos à assembleia do dia 27/4. Vamos parar o Brasil!

FALHAS GRAVES NAS LINHAS DO METRÔ NOS ÚLTIMOS 5 ANOS


 Sindicato dos Metroviários

COMPARAÇÕES QUE A GRANDE MÍDIA NÃO FAZ:


Ao verificarmos a quantidade de trens que circulam diariamente em todas as linhas do metrô estatal e na Linha 4-Amarela (privada), observamos que a L4 teve, nos últimos cinco anos, 40% a mais de falhas do que as linhas estatais. No entanto, a grande imprensa prefere não examinar a fundo os números que o próprio Metrô apresenta para, dessa forma, apoiar a privatização da L5.
O site UOL publicou, no dia 4/1, uma reportagem com o título “Panes graves nas linhas estatais do Metrô de SP crescem pelo 3º ano seguido”. No final deste texto você pode conferir a tabela publicada pelo site. Mas a matéria do UOL é tendenciosa e simplesmente omite informações valiosas. Vamos a elas:
2012: proporcionalmente ao tamanho das linhas, a L4 teve 50% mais falhas do que a L1
L4 teve quase 83% mais falhas do que a Linha 2
L4 teve 25% menos falhas do que a Linha 3
L4 teve 1000% mais falhas do que a L5
2013: proporcionalmente ao tamanho das linhas, a L4 teve 100% mais falhas do que a L1
L4 teve 100% mais falhas do que a linha 2
L4 teve 78% mais falhas do que a L3
L4 teve quase 500% mais falhas do que a L5
2014: proporcionalmente ao tamanho das linhas, a L4 teve quase 400% mais falhas do que a L1
L4 teve 160% mais falhas do que a L2
L4 teve 190% mais falhas do que a L3
L4 teve 300% mais falhas do que a L5
2015: proporcionalmente ao tamanho das linhas, a L4 100% mais falhas do que a L1
L4 teve 100% mais falhas do que a L2
L4 teve 130% mais falhas do que a L3
L4 teve quase 500% mais falhas do que a L5
2016: proporcionalmente ao tamanho das linhas, a L4 teve mais 30% falhas do que a L1
L4 teve 40% menos falhas do que a L2
L4 teve 32% menos falhas do que a L3
L4 teve 100% mais falhas do que a L5
Em 2016, nas 63 estações do metrô estatal, ocorreram 78 falhas. Já as 7 estações da L4 tiveram 8. Proporcionalmente, a L4, mesmo sendo mais nova, teve apenas 7,5% a menos de falhas. Se considerarmos os últimos 5 anos acumulados, ocorreram 370 falhas no metrô estatal e 82 na ViaQuatro, ou seja, proporcionalmente a L4 teve 100% a mais de falhas. Verificando a quantidade de passageiros transportados nos últimos 5 anos no metrô estatal e na ViaQuatro, houve a mesma quantidade de falhas no período, proporcionalmente.
Tudo isso sem contar que nos últimos anos o governo diminuiu os investimentos no metrô estatal e deu calote nas gratuidades. Também nos últimos 5 anos, o metrô estatal repassou mais de R$ 1,1 bilhão para a ViaQuatro. Ou seja, mesmo com o governo priorizando o setor privado, garantindo o lucro da concessionária e tentando precarizar as linhas estatais, o metrô estatal, que tem 40 anos, é mais eficiente do que a L4. Se todo o dinheiro desviado e repassado para a L4 tivesse sido investido no sistema poderíamos ter mais linhas. E menos problemas.
A questão central dessa discussão, que afeta todas as linhas, é que São Paulo precisa da expansão do metrô para diminuir a superlotação e a quantidade de falhas. Mas as linhas devem continuar estatais porque o metrô privado só visa o lucro. A L4 tem, entre operação e manutenção, 480 funcionários em 7 estações. Hoje, com 6 anos de operação, tem mais falhas que o sistema de 40 anos. O que vai acontecer quando a L4 chegar aos 40 anos?
É importante lembrar que a linha que se mostra mais eficiente entre todas (incluindo a L4) é a L5–Lilás, que tem cerca de 720 funcionários em 7 estações (mesmo número da L4). Ou seja, o governo do Estado quer privatizar a melhor linha. E com uma agravante: sem contrapartida nenhuma.
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segunda-feira, 17 de abril de 2017

A implantação do CBTC na Linha 2-Verde do Metrô-SP foi uma conquista

Matéria do Nexo Jornal citada no texto pode ser lida aqui: O que define o intervalo de trens no metrô de São Paulo
Milton Gioiia Júnior, diretor de Operações do Metrô-SP

‘Efeito Uber’ deixa valets sem serviço e esvazia estacionamentos em São Paulo

 O Estado de SP

Do sítio da ANTP
Depois de mexer com o mercado dos táxis, os aplicativos de transporte afetam agora outro serviço: o de valets. Funcionários de estacionamentos já passam noites sem trabalho, enquanto donos de restaurantes veem suas vagas vazias, apesar de terem clientes. Empresários dizem manter o serviço porque os concorrentes também continuam, mas não lucram com isso. Por outro lado, com a população voltando para casa de Uber, 99, Easy ou Cabify, os flagrantes de embriaguez ao volante vêm registrando quedas mesmo com aumento das blitze.
Na capital paulista, em geral os valets são serviços oferecidos pelos próprios restaurantes, que fazem convênios com empresas que contratam estacionamentos e manobristas. O serviço não fica barato. Na Vila Madalena, o bairro badalado da zona oeste, não se acha um deles por menos de R$ 25. E esse é também um dos fatores que tornam os apps atrativos.
“O preço do valet acaba sendo quase o preço de ir e voltar de Uber. E, além disso, tem aquela coisa de poder beber sem a preocupação de dirigir”, afirma o empresário Fabio Saez Salomão, dono de bares como Salve Jorge e Posto 6, na Vila Madalena. “Tenho de ter esse serviço, até porque meus concorrentes oferecem. Mas não me dá nenhum centavo.”
Dados da Polícia Militar, que faz as blitze da Lei Seca, indicam que, de fato, as pessoas estão bebendo menos ao volante. Em 2015, foram 350 flagrantes – ou um resultado positivo a cada 181 testes feitos pelos PMs. No ano passado, foram 226 – um a cada 539 testes. E o número de exames quase dobrou: de 63,4 mil em 2015 para 121,8 mil no ano passado.
“Temos um estacionamento para 120 carros, que ficava lotado sempre. Agora, nos almoços de domingo, a ocupação varia de 80 a 100 carros. E posso dizer que o consumo de vinho aumentou”, afirma Leonel Generale, da Osteria Generale, tradicional restaurante da Rua Pamplona, nos Jardins.
Comparando os três primeiros meses deste ano com o mesmo período de 2016, o uso de aplicativos de transporte na cidade subiu 15%. As empresas do setor não revelam seus dados.
No bolso. Na porta dos bares e restaurantes, preço competitivo e possibilidade de beber sem preocupação também são as respostas dadas por quem espera, segurando o celular, o carro pedido pelo app chegar. “Os valets custam R$ 25, R$ 30. Hoje, paguei R$ 11 no Uber”, diz a engenheira de sistemas Paula Ivoglo, de 33 anos.
“Antes, ia de táxi, de carro. Mas tem uma tranquilidade: que é poder beber à vontade sem se preocupar em dirigir depois, estar sujeito a um acidente. Passei a evitar dirigir depois da Lei Seca. Com os aplicativos, ficou mais fácil”, diz, com chope na mão, a bancária Alexandra Bruno, de 35 anos, enquanto conversava com amigas.
Essa mudança de hábitos se faz notada em comércios de diferentes perfis. “Nunca tive valet porque estou em uma rua ampla, fácil de estacionar. Mas não faço nenhum plano para ter. Hoje, vejo que uns 80% dos meus clientes voltam para casa de Uber”, diz a empresária Luisa Ines Saliba, da Rota do Acarajé, em Santa Cecília, na região central. Ela conta que, antes de os aplicativos chegarem, parte dos clientes vinha de carro e outra parcela, menor, usava táxi.
Para os bares, a redução da demanda tem outra vantagem. Historicamente, os valets são alvo de ações de fiscalização da Prefeitura, de olho no recolhimento de impostos do setor.
Os manobristas são o lado que perde na história. Nas portas dos restaurantes, são comuns as histórias de demissões e ameaças de fechamento. “Não está bom. Tem noite em que a gente pega cinco carros. É o serviço que uma pessoa faria sozinha. E nós estamos em quatro”, relata o funcionário de um valet da Rua Aspicuelta, na Vila Madalena.
Em números. 13 milhões é o total de usuários do Uber, segundo a empresa. No País desde 2014, o app chegou a 1 milhão de clientes em janeiro de 2016.

LAVA JATO E TRANSPORTES: Novas delações expõem ainda mais escândalos envolvendo o ir e vir dos brasileiros

Linha 2 Verde, que não tem mais previsão certa de ir até Guarulhos.

Obras que poderiam melhorar a vida de milhões de brasileiros estão paradas, atrasadas ou sem a qualidade necessária por causa da corrupção. Advogados especializados em transportes e empresários de ônibus também entraram no rol das acusações. Um deles já chegou a ser preso
ADAMO BAZANI
Diário do Transporte
Rita Lisandra, de 26 anos, se formou no ano passado em Comércio Exterior. Moradora de Santo André, na Grande São Paulo, engrossa a lista dos mais de 12 milhões de desempregados no Brasil.
Essa situação iria mudar, mas ela continua desempregada por causa dos transportes. Isso mesmo.
Rita contou ao Diário do Transporte que disparou dezenas de currículos. Uma das empresas chamou, mas a única vaga disponível era em Guarulhos, perto do Aeroporto, numa companhia de distribuição que tem várias unidades. Mas só em Guarulhos tinha vaga.
De acordo com um aplicativo de rotas, de carro, Rita gastaria mais ou menos uma hora para chegar. “Rota rodoviária Geração entre Vila Luzita, Santo André – SP, Brasil y Aeroporto, Guarulhos – SP, Brasil. A distância entre as duas cidades é 45,1 km, estimado 57 minutos.”
Não é pouco, mas daria para encarar.
Acontece que: “Eu não sei dirigir, não tenho carta e de condução, não vai dar” – disse a jovem à reportagem.
A falta de ligação fácil de transporte e o custo deixariam a rotina da jovem inviável. Ela gastaria mais de 2h30 para ir e o mesmo tanto para voltar e ainda teria de pagar caro (no caso, a empresa).
Pois bem, leitor, se prepare e ganhe fôlego agora:
Por R$ 4,20, Rita teria de pegar um ônibus da Suzantur da linha AL 114 Terminal Vila Luzita/Recreio da Borda do Campo até o Terminal Vila Luzita. De lá, embarcaria sem custo na linha TR 101 – Terminal Vila Luzita/Estação de Santo André. Do terminal Santo André teria de pegar lances e lances de escada e acessar a Estação Prefeito Celso Daniel, da linha 10 Turquesa, de onde pegaria o trem sentido Brás por mais R$ 3,80. Seguiria até o Brás, de onde embarcaria sem custo na linha 3 Vermelha do Metrô. Aí poderia optar para ir até a Estação Armênia ou Tatuapé, de onde pegaria um ônibus da Airport Service por R$ 5,95 até as proximidades daquele que seria seu emprego. – Têm ônibus executivos da empresa de pontos mais próximos para ela, em São Paulo, mas R$ 48,80 toda ida e mais R$ 48,80 toda volta, seria um custo inviável.
Muitos podem dizer: “mas o ideal é que o local de trabalho fique mais próximo da residência” . É verdade, mas enquanto a distribuição de oferta de emprego e moradias não se resolve, as pessoas têm de trabalhar, têm de comer, têm que pensar no seu futuro.  Além disso, para determinadas profissões, algumas regiões sequer têm vagas de emprego.
“Perdi uma chance porque aquele metrô até Guarulhos não saiu” – desabafou.
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Ela se refere à linha 2-Verde do metrô, hoje Vila Madalena/Vila Prudente, que não iria exatamente até o aeroporto, mas ajudaria muito. Rita poderia, por exemplo, se integrar com a linha 13-Jade da CPTM que iria até o Aeroporto Também poderia fazer isso por trem. No entanto nem a extensão da Linha 2-Verde (suspensa por falta de verbas) e  nem a 13-Jade saíram do papel ainda.
A IMOBILIDADE E A CORRUPÇÃO:
Acontece que existem milhões de “Ritas” no Brasil afora. São pessoas que perdem o emprego, oportunidades de estudo, tempo e dinheiro devido à imobilidade.
Faltam investimentos adequados na área de transportes, isso sem dúvida. De acordo com o levantamento do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, até 2027, seriam necessários investimentos na ordem de R$ 234,8 bilhões para oferecer a mobilidade necessária nos grandes centros urbanos. – Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2015/06/20/brasil-tem-de-aumentar-em-oito-vezes-investimentos-em-mobilidade-diz-bndes/
Mas não é apenas falta de dinheiro. A corrupção atrapalha e muito.
Por causa de pagamentos de propinas, sobretaxas e esquemas em algumas obras, não sobra dinheiro para fazer outras linhas necessárias para o brasileiro se deslocar, seja por corredores de ônibus, VLTs, monotrilhos, trens, metrô ou melhor, todos estes modais integrados.
As delações na Operação Lava Jato têm mostrado a dimensão da corrupção no Brasil, ou ao menos uma parte dela.
É verdade que não se pode condenas apenar por delações, mas é impossível achar que tudo o que estão falando nos depoimentos é mentira, como dizem as notas-respostas do citados.
A área de transportes está sendo diretamente envolvida, seja por esquemas em obras, licitações ou atuação de alguns empresários e advogados do setor.
Lembra da linha 2-Verde que, se estendida poderia melhorar a vida de Ritas e mais Ritas?
A ligação apareceu nas delações.
LINHA 2 – VERDE METRÔ SÃO PAULO:
De acordo com o executivo, Fábio Gandolfo, um dos delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato, o senador José Serra recebeu R$ 4,67 milhões de reais em 2004 como, nas palavras do delator, “propina”, sobre as obras da linha 2-Verde do Metrô. Os codinomes de Serra seriam “careca” ou “vizinho”, segundo o depoimento. O governador na época era Geraldo Alckmin e Serra, um dos mais influentes do PSDB, assumiria o executivo paulista em 2007.
A Procuradoria questionou no depoimento a Fabio Gandolfo se o ‘compromisso’ de 3% sobre o contrato era sinônimo de propina: “Propina, propina”, disse o executivo ao ligar o percentual a Serra.
“O senador José Serra reitera que não cometeu irregularidades em sua longa vida pública, que sempre foi pautada pela lisura, ética e transparência. A abertura do inquérito pelo Supremo Tribunal Federal servirá como oportunidade para demonstrar que as acusações e o conteúdo das delações são fantasiosos e infundados.” – diz nota da assessoria de Serra.
Ainda sobre a linha 2, Gandolfo citou pagamento de propina a um suposto intermediário do Tribunal de Contas do Estado (TCE), responsável por fiscalizar e liberar as obras, Luís Carlos Ferreira, para o ex-presidente da Companhia do Metropolitano Luiz Carlos Frayse David e aos funcionários da companhia do Metrô, Sérgio Brasil e Décio Tambelli. O pagamento também era chamado de “compromisso”.
Cada um também tinha seu codinome: Luiz Carlos Frayse David era “Estrela”, Sérgio Brasil era o “Brasileiro”, Luís Carlos Ferreira  era “Corinthiano”, e Décio Tambelli era o “Bragança”.
“Eu detectei pagamento para o ‘Estrela’, na ordem de R$ 10 milhões ao longo de 2004, 2005 e 2006. Eu detectei tanto para o ‘Brasileiro’ como para o ‘Bragança’ pagamentos na ordem, cada um, de R$ 1,5 milhão. Esse ‘Corinthiano’ era 0,9% do valor do contrato original sempre pago em cinco vezes a partir do início. Detectei dois pacotes de cinco parcelas que totalizam R$ 2,754 mil, que bate com esse número”, relatou no depoimento.
Todos os acusados negam.
BRT Expresso DF SUL:
O corredor de ônibus, orçado em R$ 800 milhões, liga a região de Santa Maria e do Gama ao centro de Brasília. Mensagens obtidas pelos investigadores da Lava Jato em perícia no celular de José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, indicam que o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, intermediou negócios da empreiteira com o Governo do Distrito Federal em 2014, na gestão de Agnelo Queiroz (PT). O vice governador era Tadeu Filippelli, atual  assessor direto do presidente Michel Temer.
As mensagens indicam pagamentos de propina nas obras, o que foi confirmado nas delações.
O suposto repasse de R$ 1 milhão a Agnelo Queiroz é citado nas delações dos ex-diretores da Odebrecht João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira e envolve também o estádio Mané Garrincha.
Ainda sobre o BRT, o  ex governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (PR), teria recebido, segundo as delações, R$ 996 mil para o caixa 2 da campanha de 2014. Arruda tentava voltar ao cargo.
Os advogados de Arruda falaram que não comentam o caso porque trata-se de uma delação de investigação em andamento.
Os delatores afirmam que o repasse foi concretizado pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, ou seja, o setor de propinas da construtora.
A construção do Expresso DF Sul começou no governo Arruda, em 2011, com a previsão de que os ônibus já estariam rodando na Copa das Confederações, em 2013. Após uma série de adiamentos e mudanças no projeto, os ônibus começaram a operar em testes somente em abril de 2014.
VLT de Goiânia:
O ex-diretor da Odebrecht, Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, disse em delação que  o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, recebeu dinheiro ilegal do projeo do VLT de Goiânia.
“Recurso alocado nessa obra [do VLT de Goiânia] foi destinado a ele”. “Na contabilidade nossa do sistema saíram daí para poder fazer o pagamento para o Parreira [apelido de Arruda nas planilhas da Odebrecht].”
O valor totalizou, segundo o depoimento, R$ 466 mil para a campanha ao Governo do DF.
Os advogados de Arruda falaram que não comentam o caso porque trata-se de uma delação de investigação em andamento.
O VLT de Goiânia foi licitado em 2013, mas a obra não chegou a sair do papel por falta de financiamento. O orçamento foi de R$ 1,3 bilhão e a Odebrecht tendo detém 90% de participação no projeto.
O sistema contaria com 30 composições e de dois carros (vagões) pelo Eixo Anhanguera.
LINHA 4 METRÔ RIO DE JANEIRO:
O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Junior, responsável pelo Setor de Operações Estruturadas da construtora, disse em depoimento que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), recebeu R$ 36 milhões com recursos de caixa dois entre 2012 e 2014.  O dinheiro veio do projeto de construção da Linha 4 do metrô do Rio. O valor parte de um total de R$ 94 milhões destinados a Cabral de forma ilícita, considerando todos os contratos com irregularidades, segundo Benedicto Barbosa.
O ex-secretário de Estado de Transportes, Júlio Lopes, hoje deputado federal pelo PP, também foi citado pelo executivo que contou que Júlio Lopes teria recebido R$ 4 milhões de propina. O dinheiro integra os R$ 12,2 milhões que Lopes teria obtido para que não criasse “problemas” ou interferisse no andamento das obras.
Segundo a Lava Jato, a Odebrecht só entrou na obra por causa da corrupção. As investigações mostram ainda que Sérgio Cabral interferiu na composição da concessão responsável pela obra. A Odebrecht, de início, não fazia parte do projeto da Linha 4, cuja licitação foi em 1998 e, vencida pelas empresas Queiroz Galvão (líder do consórcio), T’Trans e Constran.
Em 2009, porém, com a interferência do Governo do Estado, a Odebrecht conseguiu comprar os 33% de participação da Constran por R$ 11 milhões.
Ainda de acordo com as delações, o ex-governador Sérgio Cabral informou as construtoras da linha 4 que elas “deveriam se preparar” porque novas empresas integrariam o consórcio: a OAS, a AG e a Delta Construções.
A Delta é presidida por Fernando Cavendish, amigo de Cabral e também investigado por corrupção.
Segundo Benedicto Barbosa, Cabral queria cobrar, além do Caixa 2,   5% de propina em cima do contrato da Linha 4.
Mas a Odebrechet, segundo Benedicto Barbosa, não pagou a propina extra, porque já tinha desembolsado R$ 11 milhões para entrar no consórcio da Linha 4.
“Ele voltava com a conversa dos 5%, e eu sempre dizendo: paguei aqui R$ 11 milhões para entrar nesse negócio. Paguei com [dinheiro] privado. (…) Eu não tenho problema de ajudar [isto é, pagar propina], mas eu não posso ser tratado como os 5% que o senhor entende que um prestador de serviço comum faz aqui”, disse o delator.
A Polícia Federal deflagrou em 14 de março de 2017, mais uma fase da Operação Lava Jato.
Foram presos diretor da Rio Trilhos, Companhia de Transportes sobre trilhos do Estado do Rio de Janeiro, Heitor Lopes de Sousa Junior, e o atual subsecretário de Turismo do estado e ex-subsecretário de Transportes, Luiz Carlos Velloso.
Eles são suspeitos de participarem de um esquema de corrupção e pagamento de propina em contratos para construção da linha 4 do Metrô.
De acordo com depoimentos de executivos da Carioca Engenharia, havia cobrança de propina em contratos bilionários de obras civis.
Heitor, ainda de acordo com os depoimentos, recebia propina do canteiro em dinheiro vivo. Ele era sócio de duas empresas que prestavam serviços para construção da linha 4 do metrô.
Os procuradores justificaram o pedido de prisão, concedido pelo juiz Sérgio Moro, por causa de  uma possível fuga dos acusados. Heitor a mulher estavam tentando entrar com um pedido de cidadania portuguesa .
A força-tarefa também pediu o bloqueio de bens de R$ 36 milhões de Heitor e de R$ 12 milhões de Velloso.
A linha 4 tem atrasos nos cronogramas e custa quase o dobro do previsto inicialmente. Quando foi lançado o projeto da linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, a estimativa era de que o sistema custaria R$ 5,5 bilhões para ser entregue, valor que foi para R$ 9,8 bilhões, incluindo 15 composições.
A polícia investiga a atuação dos acusados com Sérgio Cabral, ex governador do Rio de Janeiro, preso em novembro do ano passado, acusado de cobrar propina de empreiteiras para fechar contratos de obras com o Estado.
Cabral foi preso na Operação Calicute, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato.
As construtoras se associavam para fraudar licitações. As empresas sabiam previamente quem iria ganhar as concorrências e se revezavam.
Todos os citados negam
RONAN MARIA PINTO:
O juiz federal Sérgio Moro condenou no dia, 2 de março de 2017, o empresário de ônibus e dono do jornal Diário do Grande ABC, Ronan Maria Pinto, a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro. Também foi condenado à mesma pena, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.
A condenação se refere a 27ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada em 1º de abril de 2016, denominada Operação Carbono 14, mas ele responde em liberdade.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal investigam um empréstimo considerado fraudulento do Banco Schahin por meio do pecuarista José Carlos Bumlai. Segundo as investigações, o dinheiro foi para o PT, que nega a acusação. Ainda de acordo com a equipe de investigadores, metade do valor foi para dívidas do partido e outra metade para Ronan Maria Pinto porque o empresário de ônibus estaria chantageando o PT e ameaçando envolver o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros dirigentes do PT, como Gilberto Carvalho, José Genoíno e José Dirceu, no caso da morte do prefeito de Santo André Celso Daniel em 18 de janeiro de 2002.
Com os cerca de R$ 6 milhões, Ronan pagou dívidas com fabricantes de ônibus e conclui a compra do jornal Diário do Grande ABC.
ADVOGADOS SACHA RECK E GUILHERME GONÇALVES:
Em outro desdobramento, no dia 13 de agosto de 2015, na 18ª fase da Operação Lava Jato, policiais federais cumpriram mandados de apreensão nos escritórios dos advogados especializados em transporte, Sacha Reck e Guilherme Gonçalves.
A 18ª fase investiga desvio de até R$ 52 milhões em contratos entre a Consist Software e o Ministério do Planejamento . A empresa de informática é suspeita de repassar verba de contratos com o Ministério do Planejamento a operadores da Lava Jato, que indicavam como destino da propina outras empresas, como escritórios de advocacia.
Os procuradores suspeitam de irregularidades e desvios em serviços dos advogados de transportes.
Os dois advogados são investigados por outras irregularidades em licitações da área de transportes, que supostamente foram fraudadas para beneficiar grandes empresários de ônibus.
CONSTANTINO:
O empresário de ônibus e acionista da Gol Linhas Aéreas, Henrique Constantino,  confirmou a procuradores da Lava-Jato que pagou propina para o deputado cassado Eduardo Cunha e para o corretor Lúcio Funaro.
Cunha e Funaro foram presos pela Operação Lava Jato.
Ainda segundo o depoimento no âmbito de um acordo de colaboração premiada que está sendo negociado com os investigadores de Curitiba e Brasília, o objetivo do pagamento da propina foi a liberação de valores do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço  – FGTS.
O empresário de ônibus procurou as autoridades após surgir nas Operações “Sepsis” e “Cui Bono?” e ser citado no pedido de prisão de Eduardo Cunha.
A “Gol Linhas Aéreas” já assinou um acordo de leniência para assumir os crimes cometidos.
De acordo com a reportagem, a empresa se comprometeu a pagar R$ 5,5 milhões para reparação pública, outros R$ 5,5 milhões como multa e mais R$ 1 milhão pela condenação.
Agora, Constantino pretende se livrar na Justiça como pessoa física.
Os pagamentos realizados por Constantino foram em favor das empresas do corretor Lúcio Bolonha Funaro e diretamente a empresas da família de Eduardo Cunha.
Com a liberação dos valores do FGTS, o grupo de Constantino conseguia financiamentos mais facilitados.
A Lava Jato identificou dois pagamentos de propina que saíram de empresas de ônibus. Foram dois envios de R$ 246 mil da Viação Piracicabana e da empresa Princesa do Norte para Viscaya Holding, de Lúcio Funaro.
Os fatos narrados pelo empresário do setor aéreo e de ônibus, Henrique Constantino, coincidem com delação do ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Fabio Cleto.
Em delação, Cleto assumiu que recebeu propina para liberar um aporte de financiamentos de R$ 300 milhões do FI-FGTS para Via Rondon, empresa da família de Constantino.
A Via Rondon é do Grupo BRVias e, apesar de ter participação da família Constantino, não está na relação do Grupo Comporte, que reúne as empresas de ônibus.
Já o Grupo Comporte tem as seguintes empresas de transportes de passageiros (sujeito a alterações): Breda Transportes e Serviços S/A., BR Mobilidade Baixada Santista S/A – SPE, Empresa Auto Ônibus Manoel Rodrigues S/A., Empresa Cruz de Transportes Ltda., Empresa Princesa do Norte S/A., Expresso Maringá do Vale S/A., Expresso União Ltda.,  Turb – Transporte Urbano S/A., Viação Luwasa Ltda., Viação São Paulo São Pedro Ltda., Viação Piracicabana Ltda.. O Grupo Comporte também é sócio, ligado ou controlador em conjunto da Cidade Verde Transp. Rodov. Ltda. – Controladora em Conjunto, Empresa de Ônibus Nossa Senhora da Penha S/A, – Controlada em conjunto, Expresso Caxiense S/A – Controlada em conjunto, Expresso Itamarati S/A – Controlada em conjunto, Expresso Kaiowa S/A – Controlada em conjunto; Expresso Maringá Ltda. – Controlada em conjunto, Transp. Coletivo Cidade Canção Ltda.-  Controlada em conjunto, Transp. Coletivo de Rolândia Ltda. – Controlada em conjunto, – Transp. Coletivo Grande Bauru Ltda. – Controlada em conjunto, Transp. Coletivo Grande Londrina Ltda. Controlada em conjunto, Tua Transp. Urbano Arapongas Ltda. –  Ligada, Viação Apucarana Ltda. Controlada em conjunto.
Em relação a pagamentos diretos a Eduardo Cunha, o Ministério Público Federal afirmou no pedido de prisão ao deputado cassado, que a Receita Federal identificou pagamentos de R$ 3 milhões realizados entre julho e setembro de 2012 e em maio de 2015 para as empresas de Cunha e família, chamadas Jesus.com e GDAV.
“Praticamente todos os depósitos identificáveis na Jesus.com e na GDAV indicam uma só origem: o grupo econômico Constantino, que comanda a empresa Gol Linhas Aéreas e diversas empresas de ônibus”, dizem os procuradores no pedido de prisão de Cunha.
Já na Operação Sépsis, assim como o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Fabio Cleto, confirmou recebimento na liberação de financiamento de R$ 300 milhões para Via Rondon, o empresário Henrique Constantino confirmou que como contrapartida à liberação dos recursos, pagou para empresas do corretor Lúcio Funaro.
Funaro é apontado pelo Ministério Público Federal – MPF como operador de Eduardo Cunha.
Já na Operação “Cui Bono?”,  cuja tradução livre significa “a quem beneficia?”, a Via Rondon apareceu novamente. Nos autos, consta uma mensagem de celular que revela que Funaro chegou a cobrar de Fabio Cleto rapidez para destravar o financiamento de R$ 300 milhões .
“Recebi um e-mail aqui da BRVias (empresa controladora da ViaRondon) com todos os documentos já entregues (na Caixa), com exceção de um que foi anexado ao protocolo de entrega. Qual o prazo agora para estar na conta deles o dh (dinheiro) disponível para saque?”, questionou, em mensagem enviada em 11 de junho de 2012. “Consegue liberar isso amanhã?”, cobrou Funaro, na mensagem.
Outras mensagens obtidas pela polícia Federal mostram que Fabio Cleto, da Caixa Econômica Federal, informou que logo em seguida recebeu a documentação de Henrique Constantino e que disse que o setor que dirigia tomaria as providências necessárias para liberar o dinheiro, o que ocorreu em 14 de junho.
Por meio da assessoria de imprensa, Henrique Constantino disse que está à disposição das autoridades.
Já o advogado Ticiano Figueiredo, de Eduardo Cunha, afirmou que não conhece o teor do depoimento e estranha o fato de a imprensa ter acesso à informação antes dos advogados, mas complementou que são ilações desprovidas de prova concreta.
O advogado de Henrique Eduardo Alves, Marcelo Leal, disse que não conhece a colaboração premiada de Constantino e que não pode comentar.
Bruno Espiñeira, que defende Lúcio Bolonha Funaro, também disse que não tem conhecimento da existência da delação e da declaração sobre seu cliente.