quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Governo deve liberar carro sem ABS e airbags em 2014

Foto: Shutterstock
A obrigatoriedade de ABS e airbags em todos os carros fabricados no Brasil, prevista para vigir a partir de 1º de janeiro de 2014, deve ficar para depois. Quem diz é o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Ele reuniu-se com representantes do setor automotivo na última segunda-feira, em São Paulo, para discutir o impacto do acréscimo dos itens de segurança a partir de 2014. “Estamos preocupados com o preço do carro, que subiria de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil”, disse Mantega.
O valor citado pelo ministro está correto, ao menos quanto ao preço final para o consumidor. Colocar airbags e ABS num Chevrolet Celta, por exemplo, custa R$ 1.142. Num Fiesta Rocam, até pouco tempo atrás o valor dos itens era de R$ 1.000. O Fiat Palio Fire, por sua vez, recebe ABS e airbags por R$ 1.691.
O Latin NCAP, entidade uruguaia que promove e avalia a segurança veicular na América Latina, afirma que o módulo de airbag frontal duplo, instalado, custa US$ 70 para as montadoras.
“Hoje, 60% dos veículos já têm os equipamentos, e [em janeiro] passaria para 100%. Então, nós vamos diferir em um a dois anos. Fecharemos [a decisão] na semana que vem”, afirmou Mantega — que deve fazer nova reunião com a Anfavea (associação das fabricantes).
Os 60% da produção local citados por Mantega são a fatia obrigatória de carros com ABS e airbags para 2013, de acordo com resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). No próximo ano, a meta era saltar aos 100%.
Além do custo dos novos itens de segurança, Mantega teme também a pressão que será exercida pela volta do IPI (imposto sobre industrializados) cheio para veículos. O atual desconto nas alíquotas segue apenas até 31 de dezembro.
Festa na fábrica
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT, já dá a “vitória” como certa. A entidade tem interesse no adiamento porque evitaria a dispensa de cerca de 4.000 funcionários da Volkswagen, que aconteceria — segundo cálculos do próprio sindicato — com o fim da produção de Kombi e do Gol G4, ambos sem condições estruturais de receber ABS e airbags.
O secretário-geral do sindicato, Wagner Santana, afirmou que o acordo com o governo federal prevê estender a obrigatoriedade de ABS e airbags a 70% dos carros nacionais em 2014; a um índice maior, ainda indefinido, em 2015; e a 100% só a partir de 1º de janeiro de 2016.
A Volkswagen disse, em nota oficial divulgada nesta quarta, que cumpre as normas legais quanto à segurança de seus veículos — é uma outra forma de dizer que, se a lei permitir, Kombi e Gol G4 sobreviverão por mais dois anos.
A fabricante alemã lançou recentemente (e com muito sucesso) uma série especial da perua, batizada de Last Edition. Também veiculou anúncios com o “testamento” da Kombi.
Há outros modelos nacionais que estavam com os dias contados devido ao aperto nas normas de segurança, e que podem ganhar sobrevida. Entre eles, Ford Ka e Chevrolet Classic.
Pedindo anonimato, duas pessoas — uma ligada ao governo, outra a uma fabricante estrangeira — disseram a UOL Carros que a iniciativa de tentar o adiamento da obrigatoriedade total dos itens de segurança partiu de montadoras ligadas à Anfavea.
Esta diz que foi apenas “informada” da decisão do governo (que já estaria tomada), e que a iniciativa de propor o adiamento teria sido mesmo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Fonte: Uol Carros Com Agência Brasil

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