segunda-feira, 12 de maio de 2014

TECNOLOGIA: Fabricante garante vantagens pelo uso do biodiesel nos ônibus

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Ônibus Mercedes-Benz em São Paulo. Fabricante garante que mistura B 20, com 20% de biocombustível e 80% de diesel, garante redução de poluição, sem comprometer eficiência operacional. Única tecnologia que até agora se mostrou economicamente e operacionalmente viável foi o trólebus, mas não há previsão de ampliação da rede. Foto: Mercedes-Benz.
Fabricante garante desempenho e qualidade operacional de ônibus abastecidos com biodiesel
Programa Ecofrota, da Capital Paulista, foi suspenso. Prefeitura disse que não tinha condições de subsidiar mistura B 20 e empresas alegaram corrosão nos motores
ADAMO BAZANI – CBN
A suspensão momentânea do Programa Ecofrota, pelo qual até 2018, todos os ônibus da Capital Paulista devem ser movidos integralmente ou parcialmente por fontes alternativas ao petróleo levantou o debate sobre a viabilidade de novas tecnologias que façam com que o transporte coletivo sobre pneus polua menos.
Na zona Leste de São Paulo, uma empresa de ônibus que chegou em 2011 a abastecer 1 mil e duzentos veículos com 20% de biocombustível misturados ao diesel convencional (B 20), voltou no primeiro trimestre de 2013 a usar somente o óleo diesel.
As alegações para a mudança foram os custos maiores de abastecimento e problemas operacionais como queda no desempenho e corrosão em alguns motores.
A mistura B 20 era subsidiada em São Paulo pela Petrobrás e o preço do litro era em média 18% mais alto. Quando a responsabilidade passou para a Prefeitura de São Paulo, o poder municipal parou de conceder o complemento às empresas de ônibus.
A situação financeira da cidade não é considerada a das melhores. Para 2015, a previsão de arrecadação é de R$ 49,2 bilhões. Para o mesmo ano, contando com as dívidas com a União, precatórios – de decisões judiciais e outras de menor valor, São Paulo deve ter débitos de R$ 85 bilhões.
Além disso, o congelamento das tarifas desde as manifestações de junho de 2013 fez com que a prefeitura aumentasse os subsídios às empresas de ônibus para compensar custos básicos de operação.
Não há dinheiro para experimentar novas tecnologias.
Por outro lado, a indústria diz que a aplicação da mistura de 20% de biocombustível no diesel traz vantagens operacionais e econômicas, além de benefícios ao meio ambiente.
Em nota divulgada à imprensa, a Mercedes-Benz diz que a mistura em seus motores é usada em diversas cidades, inclusive as que vão sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014.
A fabricante diz que a mistura foi testada em ônibus urbanos por 2 milhões e 200 mil quilômetros percorridos e que teve resultados positivos tanto em relação ao desempenho e à redução de emissão de poluentes.
“Os motores desenvolvidos pela Mercedes-Benz abastecidos com o biodiesel mantêm a eficiência e o excelente desempenho, com menores emissões e reduzido consumo. O uso do B20, por exemplo, possibilita a redução de 35% na emissão de Material Particulado. Isso reforça a confiança da empresa no uso deste combustível alternativo, que se mostra como opção interessante, uma vez que não requer alteração na estrutura da frota atual”, afirmou na nota o gerente de Desenvolvimento de Motores da Mercedes-Benz do Brasil, Gilberto Leal.
Para ele, o Brasil daria um exemplo mundial se apostasse no uso da mistura B 20 durante a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016.
“Seria uma espécie de ‘Copa Verde’, com redução de emissões, melhoria da qualidade do ar e estímulo ao desenvolvimento do PNPB (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel)”, completa.
Segundo a empresa, a mistura pode ser usada em qualquer motor diesel, independentemente do ano de fabricação.
Enquanto se discute a viabilidade de combustíveis mais limpos, a solução que já teve comprovação das vantagens técnicas, econômicas e ambientais é o trólebus.
Os trólebus circulam pela cidade de São Paulo desde 1949, mas não pararam no tempo, garantem as fabricantes.
Houve diversas gerações deste tipo de ônibus e atualmente, os modelos que saem de fábrica incorporam avanços como baterias que permitem circulação de quatro a sete quilômetros mesmo sem o veículo estar ligado à rede aérea, frenagem regenerativa, que possibilita o aproveitamento da energia gerada nas freadas e sistemas pneumáticos nas alavancas que reduzem as quedas durante o trajeto.
A emissão de poluentes é zero durante a operação.
Apesar das evoluções tecnológicas e da comprovação de que o modelo é viável, a SPTrans – São Paulo Transporte não informou previsões do aumento da rede de trólebus, mesmo nos corredores exclusivos previstos pela administração do prefeito Fernando Haddad.
Os corredores são espaços considerados adequados para a operação de trólebus por terem um pavimento mais apropriado para veículos de grande porte e maior peso. Hoje boa parte da queda das alavancas (pantógrafos) se dá pela má condição do asfalto e não por defeitos no sistema.
Mesmo sem previsão de ampliação da rede de trólebus em São Paulo e da instalação de novos sistemas que apostam em corredores exclusivos para ônibus BRT – Bus Rapid Transit em outras cidades, as montadoras de ônibus apostam neste tipo de veículo.
Na Capital Paulista há modelos da Mercedes-Benz e da Volkswagen/MAN, de tamanho convencional, e da Scania, de 15 metros de comprimento.
Já no Corredor Metropolitano ABD, cuja boa parte dos 33 quilômetros é exclusiva para o transporte coletivo, há modelos de trólebus com chassi Scania (15 metros), Mercedes-Benz (convencionais e articulados) e mais antigos com o chassi Volvo e HVR, da Busscar.
O Corredor Metropolitano ABD liga São Mateus, na zona Leste de São Paulo, ao bairro do Jabaquara, na zona Sul, por municípios do ABC Paulista.
O Programa Ecofrota, que prevê a implantação de fontes alternativas ao petróleo em todos os ônibus da Capital Paulista até 2018, foi instituído em 2009 na Lei de Mudanças Climáticas de São Paulo.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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