domingo, 16 de setembro de 2012

Fundos de pensão bloqueiam compra da ALL pela Cosan


Foto: Reprodução
Fundos de pensão de estatais bloquearam a compra da ALL Logística, concessionária das ferrovias, pela Cosan, um dos maiores grupos agrícolas do mundo.
O negócio havia sido anunciado em fevereiro pelo dono da Cosan, Rubens Ometto.
Por R$ 896 milhões ele compraria cerca de 5% das ações da empresa, o suficiente para ter o controle da ALL.
A companhia tem 23 mil km de trilhos no Brasil e na Argentina, por onde passa a maior parte das cargas de açúcar e etanol das empresas de Ometto, que são grandes exportadoras. Mas até hoje o negócio não se concretizou.
Isso porque os fundos Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica), que são os maiores acionistas da empresa mas não a controlam, ficaram insatisfeitos com a oferta de Ometto, que pretendia adquirir apenas ações de três sócios privados da empresa.
Do total de ações da ALL, 25% estão na mão dos fundos e do BNDES, 63% estão pulverizadas no mercado e 11% pertencem a três acionistas privados -Julia Arduini, Ricardo Arduini e Wilson Lara.
Apenas 10% de todas as ações da ALL, contudo, dão direito a voto. Dessa parcela, 53% pertencem aos sócios privados e 47%, aos fundos e ao banco estatal. Essa composição dá aos acionistas privados o controle da companhia, mesmo sendo donos da menor parte das ações.
Ometto ofereceu comprar quase todas as ações com direito a voto apenas dos sócios privados, o que lhe daria o controle acionário integral.
Ele ofereceu R$ 23 por ação, preço que é cerca de 150% superior ao valor das ações negociadas na Bolsa de São Paulo, que variaram este ano entre R$ 9 e R$ 10.
A oferta gerou insatisfação dos fundos, que não ganhariam nada com a negociação e continuariam fora do controle da empresa.
Eles reivindicam a venda de parte das ações deles a Ometto, para também ganharem com o negócio. O empresário não concorda em pagar mais, a não ser que o BNDES financie parte da compra.
Os fundos de pensão de estatais e o BNDES disseram que não se pronunciariam pelo fato de a ALL e a Cosan serem companhias abertas.
A compra da ALL pela Cosan era vista com bons olhos por parte do governo no início da transação. A expectativa era que a gestão da ferrovia -hoje alvo de reclamações por parte dos usuários- pudesse ser melhorada.
Mas alguns especialistas dizem que a venda para a Cosan, um grande usuário dos trilhos, pode reduzir o acesso de outras empresas à rede, a despeito de mudança feita na legislação em 2011.
O governo mudou a regulamentação ferroviária para permitir que as redes sejam abertas a todos os usuários interessados. O diagnóstico era que as concessionárias eram controladas por companhias que davam preferência às suas cargas, principalmente minérios e siderúrgicos, dificultando o uso da via por outros setores.
Editoria de Arte/Folhapress
Fonte: Folha de S. Paulo, Por Dimmi Amora

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