segunda-feira, 25 de março de 2013

Grupos de concessão aplicaram menos que o previsto em obras


“Entregaremos as obras no prazo, em setembro de 2014″, diz Marcelino Rafart de Seras, presidente da EcoRodovias. Fotos: Luis Ushirobira/Valor
Em 2012, os três principais grupos de capital aberto especializados em administração de rodovias deixaram de investir R$ 540 milhões em seus negócios. O número representa a diferença entre o que era previsto anteriormente e o que de fato foi concretizado durante o ano.
Os números de EcoRodovias, CCR e Arteris (ex- OHL Brasil) mostram que, ao todo, a quantia “desembolsada” ao longo de 2012 foi 15% menor do que as estimativas feitas pelas próprias empresas um ano atrás.
O maior corte nos investimentos foi feito pela EcoRodovias, que cortou R$ 242 milhões (ou 32%) do orçamento. Entre os investimentos adiados, estão aportes da Ecovias, subsidiária responsável pelo Sistema Anchieta-Imigrantes (que liga a capital paulista ao litoral do Estado).
A Ecovias investiu R$ 38,1 milhões no ano passado a menos que o previsto. No entanto, a empresa explica que a estimativa inicial para o ano incluía números de possíveis aditivos contratuais, ou seja, obras extras – que estavam em fase final de negociação entre empresa e governo do Estado.
A assinatura dos aditivos só foi feita em novembro de 2012, após extensa negociação. Pelo fato de o contrato ter sido assinado só no fim do ano, a maior parte dos investimentos foi postergada para os anos seguintes.
A demora na liberação dos aditivos pelo governo deveu-se a uma discussão de preço, segundo a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). A agência diz que a companhia reivindicava uma taxa interna de retorno de projeto de 20,59% – como nos contratos originais, firmados nos anos 90.
Após negociação, a taxa final para as novas obras foram acordadas em menos da metade: 9,1%. Entre os novos investimentos, está a ampliação do trevo de interseção da Anchieta (SP 150) com a Cônego Domênico Rangoni (SP 55) e a implantação de faixas adicionais na SP-55. “Entregaremos no prazo, em setembro de 2014″, diz Marcelino Rafart de Seras, presidente da EcoRodovias. Em relação ao contrato original, a Ecovias não tem pendências, de acordo com a Artesp.
A CCR é outra companhia que cortou custos em 2012. No total, foram investidos R$ 1,13 bilhão pela companhia durante o ano. O número é 20%, ou R$ 293 milhões, menor do que o inicialmente estimado.
Houve postergação de obras principalmente da subsidiária ViaLagos. A empresa, que administra a RJ-124 (Rodovia dos Lagos, no Rio de Janeiro), investiu R$ 6,5 milhões em 2012 – ou 74% menos que o previsto. A Rodonorte, que administra rodovias no Paraná, investiu R$ 53 milhões no ano – ou 67% menos que o previsto.
A CCR também “cortou” 43% dos investimentos inicialmente previstos no Rodoanel, em São Paulo, além de 89% dos investimentos previstos na ViaQuatro – concessionária da Linha 4-Amarela do metrô paulistano.
O grupo, controlado por Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Soares Penido não conseguiu um porta-voz até o fechamento desta edição. No entanto, em um comunicado da assessoria de imprensa, a empresa informou que “o valor divulgado no começo de cada ano é uma estimativa que está sujeita a uma série de condições para ser realizada, como autorizações e aprovações dos projetos pelos poderes concedentes e a liberação de licenças ambientais, entre outras”.
Já a Arteris, que sofre críticas por não ter entregado obras importantes nas rodovias administradas, agora cumpre um cronograma intensivo de investimentos. Em 2012, “desembolsou” R$ 1,24 bilhão, praticamente o que estava previsto (R$ 1,25 bilhão).
Outra companhia aberta especializada em rodovias, a Triunfo, não havia fornecido previsão de investimentos para 2012. Os dados do texto foram reunidos pela equipe de economistas do Valor Data.
Fonte: Valor Econômico, Por Fábio Pupo

Nenhum comentário:

Postar um comentário