segunda-feira, 28 de novembro de 2016

FetransRio 2016: Curitiba deve ter estações de ônibus subterrâneas


Estações devem ficar a seis metros de profundidadeEstações devem ficar a seis metros de profundidade

DIARIO DO TRANSPORTE 

Fabricante Volvo está otimista em relação à proposta que apresentou junto com empresas de ônibus para rede de transportes de Curitiba
ADAMO BAZANI
A cidade de Curitiba pode ter estações de ônibus subterrâneas parecidas com estações de metrô. O modelo faz parte de uma proposta apresentada pela fabricante de ônibus Volvo junto com a representante da marca Nórdica, Cesbe Engenharia (construtora paranaense que atua em projetos de infraestrutura) e pela Associação Metrocard (que reúne as empresas de ônibus da região metropolitana de Curitiba).
A notícia já tinha sido divulgada pelo Diário do Transporte em outubro deste ano, mas na edição da FetranRrio que ocorre até esta sexta-feira, a fabricante trouxe mais detalhes do sistema de transporte que foi apresentado no âmbito de uma PMI – Pesquisa de Manifestação de Interesse lançada em maio pelo poder público municipal.
A proposta da Volvo e das empresas de ônibus leva em conta uma malha de corredores de aproximadamente 100 quilômetros de extensão, divididas em cinco eixos troncais: Aeroporto/Centro Cívico; Tamandaré/Cabral; Linha Verde; Araucária / Boqueirão; e Norte/Sul.
As estações subterrâneas estariam nesta malha que contempla túnel de seis quilômetros, nos quais seriam distribuídas seis paradas.

Sobre túneis e estações, uma alternativa é construir áreas de pedestres e jardins
Sobre túneis e estações, uma alternativa é construir áreas de pedestres e jardins

“O conceito de parada seria semelhante às estações de metrô, no entanto com menor profundidade: seis metros, enquanto, em média, uma estação de metrô necessita de uma profundidade de 15 metros.  As  estações seriam modernas com fácil acesso e na superfície da área onde estariam as estações poderiam ser feitos bulevares para melhorar o espaço urbano” – disse o especialista em mobilidade urbana da Volvo Bus Latin América, Ayrton Amaral, que qualifica a ideia como evolução do BRT.
Denominado de CIVI – City Vehicle Interconnect, o projeto deve contar com ônibus híbridos e posteriormente elétricos puros. No entanto, inicialmente, pode admitir ônibus diesel, inclusive de tecnologias mais antigas, e veículos que não sejam necessariamente produzidos pela Volvo. Cerca de 300 estações tubos seriam interconectadas por cabos de fibra ótica e os passageiros teriam wi-fi, painéis com informações sobre os horários e as linhas, além de ar-condicionado nos espaços. Hoje a ausência de ar condicionado e a defasagem das estações tubos estão entre algumas das críticas que recebe o modelo de Curitiba.
Amaral também estima que a o sistema teria custo de em torno de R$ 30 milhões por quilômetro.
“É  bem mais barato e viável que o VLT ou qualquer outro sistema por apresentar mais capacidade e poderia ser implantado em dois anos” – defendeu.

Ônibus Híbrido importado testado em linha da cidade pode compor sistema proposto
Ônibus Híbrido importado testado em linha da cidade pode compor sistema proposto

Durante a apresentação, a Volvo mostrou os resultados de operações do novo modelo de ônibus elétrico híbrido que também pode receber cargas rápidas durante o trajeto e operar áreas apenas no modo elétrico, sem nenhuma emissão de poluente.
O veículo opera desde maio na linha Juvevê – Agua Verde e, segundo a Volvo, “os primeiros resultados da operação mostram que o veículo está operando 55% do tempo no modo 100% elétrico, consome 65% menos combustível que o modelo convencional a diesel e 30% menos que híbrido convencional de primeira geração. O impacto na redução da emissão de poluentes no período de testes, de agosto a outubro, também é alto. O modelo emite 55% menos CO2, 540% menos NOX e 1.500% menos material particulado (fumaça preta) que o modelo a diesel com tecnologia Euro 3 que circula na mesma linha.  Já o híbrido, emite 26% menos CO2, 430% menos NOX, e 700% menos material particulado que o onibus movido a diesel. Considerando um ano de operação, o elétrico híbrido deixa de emitir 30 toneladas de dióxido de carbono quando comparado ao veículo movido a diesel.”
Modelo semelhante, mas com carroceria nacional, deve ser proposto no sistema apresentado à prefeitura de Curitiba.
AS PROPOSTAS PARA RENOVAÇÃO DE TRANSPORTE EM CURITIBA:
A prefeitura de Curitiba recebeu três propostas no dia 30 de setembro de 2016. Até o início do ano que vem o poder público municipal já deve dar a primeira resposta e pedir mais detalhes de cada projeto.
Acompanhe um resumo dos modelos apresentados.
VLP – Veículo Leve sobre Pneus
Uma delas diz respeito ao VLP – Veículo Leve sobre Pneus, sugerido pelo consórcio das empresas JMaluceli Construtora, M4 Consultoria e Pontoon Participações.
A tecnologia proposta deve ser da empresa francesa NTL, que e já administra sistemas semelhantes em cidades como, Paris na França; Medellín, na Colômbia; e Xangai, na China.
O trajeto seria o mesmo do BRT da cidade e haveria rede elétrica aérea.  Os veículos teriam capacidade para 358 passageiros. O projeto teve base a tarifa técnica atual de R$ 3,66, com uma média de 8 a 12 mil passageiros hora sentido nos horários de pico. Mas o sistema teria muita margem para expansão, defende o consórcio. Foi considerada uma taxa de crescimento de 1,36% por ano na demanda de passageiros, tendo como base a taxa de crescimento da população da região metropolitana de Curitiba.
City Vehicles Interconnectd (Civi)/BRT 2.0
A outra proposta é do consórcio formado pela Nórdica Volvo (resentante da rede de vendas de veículos pesados da Volvo no Paraná), pela Cesbe Engenharia (construtora paranaense que atua em projetos de infraestrutura) e pela Associação Metrocard (que reúne as empresas de ônibus da região metropolitana de Curitiba).
Chamada de City Vehicles Interconnectd (Civi) ou ainda o BRT 2.0, é mais abrangente de todas do ponto de vista territorial porque, além de envolver os quatro trechos sugeridos pela prefeitura, também leva em consideração o eixo Norte-Sul e engloba parte da Região Metropolitana.
Seriam ônibus articulados e híbridos, cujo motor a combustão já estaria baseada nas normas Euro 6 de restrição à poluição, além do motor elétrico.
O sistema teria 300 novas estações. Todas elas seriam conectadas por fibra ótica, haveria monitoramento por câmera em todo o sistema e informações disponíveis em tempo real, usando painéis, internet e aplicativos.  A pavimentação seria feita de concreto, haveria pontos de ultrapassagem e a velocidade operacional poderia subir em cerca de 50 % ultrapassando a de um VLT por causa da eficiência operacional, garantem os idealizadores. O custo por quilômetro seria de R$ 27 milhões, sendo dois terços para infraestrutura e um terço para compra dos veículos.  A tarifa média estimada é de R$ 3,80, se estive em operação hoje. Seriam requalificados 106 quilômetros de vias exclusivas para ônibus. Também foi levada em consideração a taxa de crescimento da população de Curitiba.  A chamada Linha Verde poderia pular, dentro das estimativas de crescimento populacional,  dos atuais 31 mil passageiros por dia para 120 mil passageiros por dia. O modelo proposto de contrato seria uma PPP – Parceria Público-Privada.
Cooperativa de Ônibus Elétricos:
Já a Sociedade Peatonal, representada pelo engenheiro André Caon, propõe ônibus elétricos com baterias no trajeto entre a CIC e o Parque da Imigração Japonesa.
Foi usado como base o modelo de negócio da empresa chinesa BYD, que testou ônibus elétricos em Curitiba e, pela Leblon Transporte, na região metropolitana, pelo qual o ônibus seria adquirido, mas a baterias seriam financiadas. Isso, segundo o projeto, faria o investimento inicial cair de R$ 45 milhões para R$ 12,7 milhões.
O investimento seria privado e o retorno para o investidor, como lucro livre, seria de R$ 5 milhões.
Um dos diferenciais é que o projeto prevê uma cooperativa de trabalhadores de transportes para operação. A sociedade também levou em conta a possibilidade de tarifa zero na linha, desde que houvesse a Cide Municipal, imposto sobre as vendas dos combustíveis direcionados para este sistema.
Agora a prefeitura de Curitiba vai analisar essas propostas e comparar com os resultados da pesquisa de origem e destino que devem ficar prontos até o final do ano.
Após o procedimento, será lançado o edital para a implantação do sistema escolhido, prevê administração municipal.
Na licitação, mais propostas de outros grupos ou consórcios podem ser apresentadas.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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