sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Avianca mais próxima de comprar TAP

Synergy Aerospace poderá fazer proposta para comprar companhia portuguesa; o que reforçará presença do grupo nos voos entre América do Sul e Europa.
Foto: Reprodução
Os irmãos Germán e José Efromovich, que controlam as companhias aéreas AviancaTaca e Avianca Brasil, ficaram mais próximos de comprar a TAP. Na quinta-feira, 18, o governo português anunciou que a Synergy Aerospace, empresa na qual os dois empresários são sócios, foi a única habilitada a participar do processo de privatização da companhia aérea estatal.
Presidente da Avianca Brasil, José Efromovich confirmou ao Estado que o grupo está participando do processo de privatização da TAP. “Fizemos uma proposta inicial e aguardamos as próximas etapas do processo”, disse o executivo.
Ele afirmou que assinou um termo de confidencialidade com o governo português e, por isso, não poderia informar detalhes da proposta. Efromovich revelou apenas que a Synergy Aerospace, postulante a adquirir a TAP, tem sede no exterior. Segundo Efromovich, a sub holding do grupo Synergy é uma empresa não operacional.
O Conselho de Ministros de Portugal informou que, depois de fazer um levantamento de potenciais investidores e manter conversas com diversas entidades “de referência” no setor de aviação civil, recebeu apenas uma proposta não vinculativa.
De acordo com comunicado divulgado ontem pelo governo português, a intenção da Synergy é comprar a totalidade das ações da TAP. A Synergy diz que ainda não foi comunicada oficialmente de sua aprovação para a próxima etapa da privatização.
Nos últimos meses, especulou-se no mercado que a aérea portuguesa seria disputada por gigantes como a IAG (dona da Iberia e da British Airways) e a asiática Qatar Airways.
Com idas e vindas, o processo de privatização da companhia se arrasta há pelo menos dez anos. Este ano, porém, o governo português se viu pressionado a vender logo a aérea, uma vez que a chamada troica (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) impôs a venda como uma das condições para socorrer o país, imerso em uma de suas piores crises.
Especialistas ouvidos pelo Estado classificaram de ousada a apresentação de uma proposta pelos irmãos Efromovich. “É uma ação bastante agressiva. Com essa operação, a Avianca ganharia uma grande musculatura internacional”, disse o professor Elton Fernandes, da UFRJ.
A proposta pela TAP acontece depois de uma série de fusões e aquisições regionais que tornaram a AviancaTaca uma das principais forças da aviação civil na América Latina, ao lado da Latam (união da TAM com a chilena LAN).
Com atuação inicialmente na Colômbia, em 2009 a Avianca anunciou que estava se fundindo com a Taca, de El Salvador. Em 2010, já como AviancaTaca, a companhia adquiriu a equatoriana Aerolíneas Galápagos (AeroGal). No mesmo ano, a brasileira OceanAir, também pertencente aos Efromovich, passou a usar a marca Avianca, porém se mantém uma empresa independente da colombiana.
A aquisição da TAP ajudaria a Avianca a estender seu domínio a um território pouco explorado. A empresa faz voos para toda a América Latina e para os Estados Unidos, mas tem presença tímida no mercado europeu. Na região, o único país que recebe voos da empresa é a Espanha.
Outra atratividade para a Avianca é a possibilidade de se tornar alimentadora dos voos da TAP no Brasil. Hoje, a empresa portuguesa é a segunda estrangeira com mais frequências internacionais para o Brasil, atrás da American Airlines, e a primeira em número de destinos atendidos. Em 2011, 26% da receita da TAP veio do mercado brasileiro.
Com a expectativa de que a TAM deixe a aliança global Star Alliance, mesma da TAP, a Avianca, mais nova integrante do grupo tende a se beneficiar. “Com a saída da TAM da Star Alliance, a Avianca fica com a faca e o queijo na mão para ser a grande alimentadora e distribuidora da Star Alliance no Brasil”, diz o presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo, Respicio Espírito Santo.
Fonte:  O Estado de S. Paulo, Por Glauber Gonçalves e Marina Gazzon

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