sexta-feira, 7 de março de 2014

Corredores de ônibus e desapropriações: Bom Senso e Coragem!

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Corredor de ônibus em vias hoje contempladas só com faixas, causa polêmica em relação às desapropriações. Comerciantes e moradores se dizem contra espaço para o transporte coletivo. População deve ser ouvida, mas não dá para agradar a todos e vai chegar em breve a hora que a prefeitura vai ter de parar de ouvir e agir. Foto – Via Trolebus. Foto: Werther Santana/AE IMAGEM ILUSTRATIVA!
Bom senso e coragem para os corredores de ônibus em São Paulo
Alguns moradores e comerciantes são contra espaço para o transporte coletivo, como na Avenida Nossa Senhora do Sabará
ADAMO BAZANI – CBN
A prefeitura de São Paulo admitiu que pode rever o projeto de corredor exclusivo de ônibus em algumas vias, como para a Avenida Nossa Senhora do Sabará, na zona Sul da Capital Paulista.
Comerciantes temem que o corredor de ônibus limite espaços de estacionamentos de clientes e, junto com os moradores, também reclamam de possíveis desapropriações.
Representantes da prefeitura dizem que o Projeto de Lei 17 de 2014, que contempla as possíveis desapropriações para a construção de 215 quilômetros de corredores de ônibus, dá prioridade ao realinhamento das vias antes das desocupações dos imóveis comerciais e residenciais.
Aproximadamente 300 comerciantes e moradores da região de Interlagos, na zona Sul da Capital Paulista, estiveram nesta quinta-feira, dia 06 de março de 2014, na audiência pública da Comissão de Política Urbana da Câmara Municipal de São Paulo.
Eles querem que a Avenida Nossa Senhora do Sabará seja retirada dos projetos de construção de corredores de ônibus para São Paulo.
O secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, admitiu que o projeto pode ser revisto.
O corredor deve ter aproximadamente dez quilômetros e ligar o futuro Terminal de Ônibus Pedreira até o bairro de Santo Amaro.
O trajeto previsto deve contemplar a Estrada do Alvarenga, Avenida Emérico Richter, Avenida Nossa Senhora do Sabará, rua Borba Gato e rua Carlos Gomes.
Hoje a avenida Nossa Senhora do Sabará recebe cerca de 20 linhas de ônibus, mas não em toda a extensão.
De acordo com o projeto de lei, devem ocorrer nesta via 484 desapropriações totais ou parciais.
À Rede Brasil Atual, o arquiteto Otávio Alvarez, diz que existem alternativas para desviar os ônibus da Avenida Nossa Senhora do Sabará, mas que a implementação delas também traria dificuldades.
De acordo com a reportagem, assinada por Rodrigo Gomes, uma alternativa “seria desviar a demanda para o corredor formado pelas avenidas Miguel Yunes e Nações Unidas, com a mesma origem: o terminal Pedreira. No entanto, ao chegar ao final da avenida Emérico Richter, o trajeto segue à esquerda pela avenida Miguel Yunes. A extensão é a mesma: cerca de dez quilômetros. Porém, este projeto demanda um estudo sobre impacto no trânsito e não está livre de desapropriações – pelo menos 37 imóveis serão afetados. Em todo o trecho sul dos viários para ônibus estão previstas 819 desapropriações. Além das citadas, serão 108 no trecho “Canal do Cocaia”, 61 no “Vila Natal” e 69 no “Belmira Marin”, segundo relatório de setembro do ano passado. Outra possibilidade seria completar a construção da margem sul da Marginal Pinheiros, desde a ponte Transamérica até a ponte Vitorino Goulart, deixando as seis faixas da avenida das Nações Unidas com sentido único: bairro-centro. “Isso liberaria a via que já existe para uma maior demanda de mobilidade”, afirmou Alvarez.
OPINIÃO DO BLOG PONTO DE ÔNIBUS:
Além do corredor da Nossa Senhora do Sabará, outros projetos de corredores devem ser desafios para a prefeitura convencer a população.
O método de realinhamento viário defendido pela prefeitura, como ocorreu com a Avenida Paulista, permite com que as ruas e avenidas sejam alargadas sem desapropriações, apenas com recuos de calçadas, vagas de garagem e terrenos.
A vantagem dos BRTs (Bus Rapid Transit) é esta. Além do baixo custo, realinhamentos nas vias muitas vezes são suficientes e num prazo relativamente curto, é possível entregar uma obra que pode ter a mesma capacidade de atendimento de outras opções de modais de transporte.
Mas é impossível construir corredores de ônibus ou qualquer outra obra em prol da mobilidade sem nenhum tipo de desapropriação.
É claro que é esperado do poder público bom senso na escolha dos imóveis a serem desapropriados e também uma indenização justa a moradores e comerciantes que muitas vezes lutaram e pagaram caro pelos seus terrenos, ocupados por suas famílias há décadas.
A população precisa ser ouvida e muitos projetos podem ser revistos sim. Mas vai chegar uma hora, e ela não deve demorar, que a prefeitura vai ter de parar de ouvir e agir.
Não dá para agradar a todos em uma obra, então, por mais que isso pareça óbvio, é o interesse da maioria que deve prevalecer. É óbvio, mas nem sempre é o que acontece.
Se depender da opinião de todos, nenhum quilômetro de corredor de ônibus ou de metrô seria construído ao longo da história. Como ocorre com um texto, com um produto e até com as personalidades, sempre vai ter alguém que não vai gostar.
Todos na cidade defendem mobilidade urbana até que a mudança chegue à porta de casa. É o caso dos moradores de Higienópolis e o Metrô.
O que não pode ocorrer é o que tem acontecido com a polêmica da permanência ou não dos táxis nos corredores de ônibus em São Paulo. A lógica e os estudos técnicos serem sufocados por interesses políticos e eleitoreiros.
Assim, dois termos devem resumir os próximos passos da Prefeitura de São Paulo quanto aos corredores: bom senso e coragem.

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