segunda-feira, 1 de julho de 2013

Traçado de contorno da Tamoios muda por menos impactos

Mudanças diminuíram em 33% o impacto ambiental e em 23% o total de desapropriações

Agência Estado
O traçado dos contornos da rodovia dos Tamoios foi alterado pelo governo de São Paulo e apresentado nesta quinta-feira (27) a prefeitos do litoral norte do Estado. As mudanças diminuíram em 33% o impacto ambiental e em 23% o total de desapropriações, de acordo com a empresa Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.). O custo da obra permanecerá o mesmo: R$ 1,940 bilhão.
Os contornos são duas pistas, uma ao norte e outra ao sul da Tamoios, que serão destinadas, exclusivamente, para o tráfego de caminhões, o que deve reduzir o trânsito em Caraguatatuba e São Sebastião. O projeto prevê a construção de um acesso ao Porto de São Sebastião, evitando as filas de carretas.
As mudanças atendem a determinações feitas pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo), em setembro, ao conceder a licença ambiental prévia do empreendimento. O novo traçado é 2.450 metros mais curto do que o desenho antigo, atingindo 34,5 km. Por outro lado, há mais 900 metros de túneis — em um equilíbrio responsável por manter o valor da obra.
A Dersa espera receber a licença de instalação para autorizar as empresas a começar a trabalhar. O serviço deve ser concluído três anos após o início das obras, segundo o presidente da Dersa, Laurence Casagrande Lourenço.
— A Tamoios virou praticamente uma avenida nessas duas cidades. O trânsito rodoviário acaba prejudicando o tráfego dos municípios.
Moradias
O número de imóveis que serão desapropriados passou de 750 para 576 com o novo trajeto. Serão reassentadas 1.248 famílias — o projeto anterior previa que 2.494 famílias tivessem de sair das casas. A redução será possível porque um trecho da pista do Contorno Norte ficará mais distante da parte urbanizada. Nos bairros de Topolândia e Olaria, em São Sebastião, a remoção de famílias passará de 398 para 104.
Já o recuo na área desmatada envolve a construção de mais túneis. O desmatamento atingirá 70 hectares, o equivalente a 700 mil metros quadrados, ou meio parque do Ibirapuera, na zona sul da capital. Antes da alteração de traçado, eram 104 hectares. Os contornos da Tamoios enfrentam a resistência de ambientalistas, por atravessar trecho de mata fechada na Serra do Mar. A Dersa dividiu a nova rodovia em quatro lotes, cujas obras devem ser tocadas ao mesmo tempo. Até 16 de dezembro, a Dersa pretende entregar a duplicação de 49 km do trecho de planalto da Tamoios, cujas obras começaram em maio de 2012.

Na Nova Tamoios, paisagem da serra vai ficar escondida

Cinco túneis serão construídos e totalizarão 12,6 km do total de 17,7 km previstos

Agência Estado
Quem costuma viajar pela rodovia dos Tamoios (SP-99), principal acesso entre o Vale do Paraíba e o litoral norte paulista, e está acostumado com as belas paisagens dos últimos resquícios da Mata Atlântica, terá de se acostumar com túneis quilométricos e cores frias.
Quem utiliza o mirante localizado no sentido Caraguatatuba para fotografar de um ângulo diferente a orla e o mar, por exemplo, terá de esperar chegar ao litoral para registrar as belas paisagens. É o que prevê o projeto executivo da duplicação do trecho de serra da rodovia, com previsão de conclusão em 2017.
O trecho de planalto, que já está com 25% do cronograma em andamento, deverá ser totalmente duplicado em dezembro. O Eia/Rima (Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental) da última etapa de duplicação da Nova Tamoios foi apresentado há uma semana pelo Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente), em Caraguatatuba, como parte do processo de licenciamento ambiental das obras.
Moradores sugeriram a criação de belvederes para minimizar o impacto cinzento do complexo, mas provocaram reação contrária do corpo técnico durante a audiência. De acordo com Carlos Satoro, engenheiro executivo da Dersa, estatal responsável pela duplicação da Tamoios ao lado do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), o trecho de serra terá uma pista reversível de 21,52 km com três faixas de rolamento de 3,50 metros cada.
Cinco túneis serão construídos e totalizarão 12,6 km do total de 17,7 km previstos. Um deles terá 3.665 metros e será o maior do Brasil, segundo a Dersa, superando o existente na rodovia dos Imigrantes, que tem 3.150 metros.
Quatro desses túneis serão acompanhados por túneis auxiliares, que servirão como rota de fuga para casos de acidentes. Nove viadutos e duas pontes também vão compor o sistema. A nova pista será utilizada para subida, enquanto o traçado atual será usado para descida.
O custo total do empreendimento está avaliado em R$ 2,13 bilhões. Segundo a Dersa, as obras de duplicação do trecho de planalto e os contornos de Caraguatatuba e São Sebastião serão bancados com recursos do Estado e não terão pedágio.
Impactos
Segundo Ana Maria Iversson, da JGP Consultoria, que elaborou o Eia/Rima, foram estudadas sete alternativas antes de se chegar ao traçado previsto.
— É o projeto menos impactante.
Segundo ela, cada frente de obras causará impacto a cerca de 100 metros em seu entorno. O pequeno impacto desse projeto foi consenso até mesmo entre ambientalistas, que em 1989, foram radicalmente contra a rodovia do Sol, projeto do governo do Estado de criar uma nova rodovia de acesso ao litoral norte, que acabou sendo totalmente engavetado.
— As obras não afetarão o Parque Estadual da Serra do Mar.
Segundo a consultora, a cada hectare desmatado, quatro serão reflorestados. Ainda de acordo com ela, os caminhões que serão utilizados durante as obras representarão 6% do tráfego da rodovia em dias de semana.
— Após a conclusão das obras, a própria fluidez do tráfego resultará em menor impacto sonoro e aumentará a qualidade do ar, pois o fluxo não ficará parado como ocorre atualmente nos fins de semana.

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