terça-feira, 1 de julho de 2014

Opinião – A vida agradece

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trolebus
Ônibus com propulsão elétrica, como híbridos, a bateria, supercapacitores puros, hidrogênio ou trólebus, que agora estão mais modernos, foram considerados economicamente vantajosos para municípios da América Latina por estudo do C 40, que reúne o grupo de grandes cidades para liderança climática, além, claro, de trazerem benefícios ambientais. Foto: Adamo Bazani.
OPINIÃO: A vida agradece
Iêda Maria Alves de Oliveira
NOTA: A matéria completa com os detalhes sobre o estudo do C 40 a respeito dos ônibus elétricos citado no artigo pode ser conferida neste link:
Transporte público de qualidade é uma das principais reivindicações especialmente dos moradores das metrópoles e grandes cidades em todo o mundo. O debate deve ser ampliado não apenas pela oferta de transporte rápido e capaz de atender a demanda, mas por modais que reduzam a emissão de poluentes, questões essenciais para a melhoria da qualidade de vida da população.
Um estudo recente da Rede C40 – Grupo de Grandes Cidades para a Liderança Climática, em parceria com a Clinton Comate Iniciative (CCI), da Fundação Clinton – mostra as vantagens operacionais e financeiras da operação de ônibus elétricos por meio do Programa para Testes de Ônibus Híbridos e Elétricos, desenvolvido para a realidade da América Latina. O levantamento contou ainda com apoio financeiro de US$ 1,49 milhão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O programa foi realizado com 17 ônibus elétricos (a bateria ou trólebus) ou híbridos e envolveu governo e empresas de ônibus nas cidades de Bogotá (Colômbia), Santiago (Chile), São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil). Os veículos passaram por 30 horas de testes de emissão e consumo energético em condições reais. A comparação contou com um “ônibus sombra” movido a diesel e levou em consideração as variantes locais como condições de operação, trânsito, treinamento dos motoristas e topografia.
Os resultados mostraram que ônibus elétricos e elétricos-híbridos têm apelo econômico e oferecem maiores vantagens do que os veículos a diesel, tanto para o poder público local como para as empresas concessionárias. O estudo projetou ainda um cenário de investimento em 30 mil ônibus elétricos e híbridos em até dez anos para a América Latina. No período, projeta-se a redução da emissão de 10 milhões de toneladas de Dióxido de Carbono Equivalente (CO2e). Para São Paulo, por exemplo, o estudo revela que os custos do ciclo de vida dos ônibus elétricos podem ser até 30% menores do que os de diesel convencional.
Os resultados mostram que podemos resolver os problemas que afetam milhares de pessoas nas metrópoles todos os anos. Só no Estado de São Paulo, por exemplo, ocorrem 17 mil mortes e 68 mil internações de doenças relacionadas à poluição segundo levantamento da Rede Nossa São Paulo em 2011. Uma pesquisa do Departamento de Patologia da Universidade de São Paulo (USP), comandada pelo professor Paulo Saldiva, comprova que apenas a redução de 10% de poluição na capital paulista entre os anos 2000 e 2020 poderia evitar 114 mil mortes relacionadas às doenças respiratórias e cardiovasculares.
Os resultados do programa da Rede C40 mostram a viabilidade de adotar caminhos sustentáveis para o transporte nas grandes cidades sem onerar os cofres públicos, oferecendo uma solução viável às concessionárias. A saúde da população agradece.
Iêda Maria Alves de Oliveira é gerente da Eletra, empresa brasileira pioneira em tecnologia para tração elétrica e híbrida para ônibus.

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