terça-feira, 1 de julho de 2014

Gestão do Metrô e da CPTM: o que falta?

Viatrolebus
Para começar: o que o termo “gestão” quer dizer hoje em dia?
O significado resumido do que é gestão e qual é o papel do gestor pode ser entendido como: “Gestão significa gerenciamento, administração. (…) o objetivo é de crescimento estabelecido pela empresa através do esforço humano organizado, pelo grupo, com um objetivo especifico. (…) As funções do gestor são em princípio fixar as metas a alcançar através do planejamento, analisar e conhecer os problemas a enfrentar, solucionar os problemas, organizar recursos financeiros, tecnológicos, ser um comunicador, um líder ao dirigir e motivar as pessoas, tomar decisões precisas e avaliar, controlar o conjunto todo.” Fonte: www.significados.com.br/gestao (adaptado)
Usando este modelo, podemos afirmar que CPTM e Metrô possuem gestão conforme o que foi afirmado? Antes que as pedras comecem ser jogadas, é importante lembrar: ambas as gestões fazem o que podem com os investimentos que recebem do governo do Estado que é o principal detentor de recursos. Mas será que se manter mediano é uma boa atitude? Em termos de gestão estratégica, por que não buscar os “ganhos acima da média”? Por que não tentar se destacar em algum segmento? Sobre isso, não podemos tirar o mérito do Metrô. O prêmio recebido na Suíça pela iniciativa de interagir com o usuário através das redes sociais é um bom exemplo. Mas será que a gestão da CPTM e do Metrô podem fazer mais do que apenas estar nas redes sociais?
metro
É perfeitamente compreensível que atuar na gestão de ambas as companhias não deve ser uma tarefa fácil, mas ao mesmo tempo não soa impossível. Basta haver comunicação. Boa vontade. Pessoas interessadas e gente certa no lugar certo. A última frase pode soar “frase de efeito” e até mesmo demagoga, mas ela tem lá sua veracidade. Por mais que haja burocracia, seja por que ainda existem procedimentos obsoletos internos da companhia, seja por que setores das companhias competem entre si ou atrapalham o processo evolutivo de contínua melhoria de processos ou que ainda existam procedimentos “engessados” na máquina do governo, se os gestores tiverem interesse em fazer a diferença, provavelmente poderíamos perceber melhorias na qualidade do serviço prestado. Como diz o dito popular: “Nesta vida há jeito para tudo, menos para a morte.”
Vamos apresentar argumentos para as questões acima descritas, tais como:
- Quanto à gestão do Metrô: por mais que existam entraves jurídicos, financeiros e até operacionais/técnicos, as portas da estação Vila Matilde (portas estas que deveriam estar funcionando e serem distribuídas por outras estações da Linha 3, é bom lembrar) continuam lá, estáticas, sem uso. E o dinheiro do cidadão foi gasto e ele não teve retorno disso até hoje.
- Por que na reconfiguração de informações para as mensagens eletrônicas o Metrô não se teve o cuidado e não refez as mensagens e oferecer a informação completa para o usuário? Leia: Por que só na copa o Metrô é bilíngue?
- Quanto à gestão de ambas: modernização das frotas, sistemas de sinalização e de energia.
No Metrô, o CBTC foi comprado para ser instalado na Linha 2(Verde) e seu projeto está no mínimo há dois anos atrasado. O que falta para que o sistema de sinalização seja liberado e finalmente possa oferecer ao usuário as promessas de melhoria na superlotação que foram ditas à mídia em diferentes épocas? Quais são as correntes internas do Metrô que apoiam ou que não concordam com a adoção do sistema? E por que existem tais correntes?
- No caso da CPTM, por que mesmo após meses de modernização, trocas de equipamentos e inclusive deixando o seu usuário a pé nos finais de semana, a CPTM ainda continua tendo histórico de panes, falhas e até falta de energia?
- CPTM/Metrô: o que falta para os gestores atuantes perceberem que existe um descontrole grande no assunto segurança? O aumento de casos do comércio irregular e recentemente do assédio sexual nas frotas de ambas as companhias parece não ser um fator indicativo.
Passageiros andam pelos trilhos após falha
Passageiros andam pelos trilhos após falha
Por que os gestores não perceberam a crescente falta de profissionais e não solicitou ao governo que fosse feito novo concurso para a contratação de aumento de quadro? Ou, em último caso, que o governo se recusasse a criação de um concurso, que tais gestões pudessem assumir a contratação de empresas particulares terceirizarem a segurança? Novamente, vemos aquela sensação de que as gestões acham que está “tudo bem” quando na verdade não está.
Esta sensação de “tudo bem e funciona bem na cidade” das gestões paulistanas atingiu até a Prefeitura. Falando um pouco sobre os preparativos para a Copa do Mundo, muitas prefeituras das outras cidades sede resolveram há algum tempo decretar feriado nos dias dos jogos mais importantes para ajudar na mobilidade de quem iria aos jogos e principalmente daqueles que não poderiam perder seus compromissos pessoais. A prefeitura de São Paulo não pensou nisso. Precisou que a cidade presenciasse um congestionamento de 302 km em um jogo da seleção brasileira para que o prefeito Haddad mesmo que tardiamente tentasse aprovar o feriado junto à Câmara dos Vereadores. E pior, por falta de apoio político os vereadores foram contra o decreto do feriado em 23/06, data que a seleção brasileira faria o seu terceiro jogo em Brasília e horas antes seria realizado outro jogo na Arena Corinthians na zona leste da capital paulistana. Mesmo que o Via Trólebus não discuta política (e nem quer), é bom que o cidadão paulistano saiba muito bem quem são os vereadores que não se importaram com a mobilidade e a população. Assim como as outras prefeituras tiveram a preocupação, o que fez pensar o prefeito paulistano que tudo iria funcionar de acordo? Por que este assunto não foi discutido antecipadamente, já que era sabido por todos os horários e locais de acontecimento dos jogos e principalmente, as condições de mobilidade da cidade?
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Unindo os exemplos em uma única linha de raciocínio: o que falta para os gestores atuais terem em mente que a cidade precisa de muito mais do que está sendo feito? E no caso específico da CPTM e do Metrô, o que falta para os gestores das companhias colocar a burocracia de lado e focar na melhoria contínua do serviço prestado e deixar de pensar que o entregar o básico é o suficiente? Ou eles realmente acreditam nas entrevistas que os turistas deram à mídia onde afirmaram que o Metrô de São Paulo é organizado, limpo e eficiente?
Aproveitando a questão, a equipe do Via Trólebus gostaria de convidar os turistas para utilizar o Metrô nas estações Barra Funda ou Sé durante o horário de pico das 18h de segunda a sexta para que eles possam vir a conhecer a realidade do Metrô. Aliás, o Metrô apresentou alguma falha durante o transporte dos turistas para os jogos no Arena Corinthians? Ou a CPTM teve queda de energia? Não? Então, o que turistas viram foi o “transporte para o inglês ver”.

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