segunda-feira, 25 de novembro de 2013

CCR dá um passo a mais em diversificação

Leonardo Vianna, da CCR: Companhia ainda tem espaço no balanço e pode aumentar limite de endividamento. Foto: Luis Ushirobira/Valor
Quinze anos depois de ser criada por Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa para se dedicar a um então novo negócio no país – o de concessões de estradas -, a Companhia de Concessões Rodoviárias atua em negócios tão variados como mobilidade urbana e fibras ópticas.
Por isso passou a adotar somente a sigla CCR. Tal como quando criada, a empresa aproveita um segmento novo na política de desestatizações para rechear seu portfólio: os aeroportos. Com isso, reforça sua estratégia de diversificação.
Em uma disputa final com a Queiroz Galvão, a CCR arrematou a concessão do aeroporto de Confins, em Minas, na sexta-feira, por R$ 1,82 bilhão, com ágio de 66% sobre o preço inicial. Seus sócios na outorga são Flughafen München e Flughafen Zürich (que têm 25% do consórcio). A estatal Infraero responderá por metade dos desembolsos, ao longo de 30 anos.
A empresa já tem experiência nesse ramo, mas com operações de médio e pequeno porte no Equador e Curaçao. Confins vem dar uma nova dimensão a essa área.
Contando o aeroporto mineiro, a CCR arrematou quatro de 11 grandes concessões de infraestrutura nos últimos dois anos, apostando em projetos com menos competição e maior rentabilidade.
Há três meses, levou o projeto de construção e concessão do metrô de Salvador, que não teve nenhum outro competidor. Outro exemplo é a Transolímpica, projeto viário no Rio de Janeiro, onde levou também a concessão do VLT (veículo leve sobre trilhos).
Tantos projetos novos já chamam atenção para seu balanço. Leonardo Vianna, diretor de novos negócios, diz que a CCR vê com tranquilidade os ativos recém-conquistados. Com faturamento de R$ 5,7 bilhões no último ano, a empresa contava antes do leilão com uma folga no balanço capaz de adicionar mais R$ 3,8 bilhões em novas dívidas.
Mesmo assim, sinaliza, ao incorporar Confins a empresa chega perto do teto de sua alavancagem. “Com o aeroporto e mais uma rodovia federal, ainda ficamos abaixo do limite de endividamento definido pelos acionistas”, diz. Hoje, o limite da alavancagem (definido pela relação dívida líquida sobre Ebitda) está entre 3 e 3,5 vezes. “Nossos acionistas também podem autorizar que esses limites sejam aumentados, não há nenhum dogma de fé [que estabelece o contrário]. A partir do momento em que o acionista avalie que há projetos atrativos, é possível que aumente”, diz ele, que descarta aumentos de capital.
Vianna se mostra confiante no novo negócio, que gera caixa precocemente. “A grande vantagem desse tipo de ativo [aeroporto] é que ele começa a gerar Ebitda logo. O metrô de Salvador, em dez meses, também vai gerar”.
A escolha de projetos com menos competição tem afastado a CCR das primeiras posições em leilões de rodovias, onde há vários concorrentes. Mesmo assim, as estradas ainda são grandes geradoras de caixa.
Do faturamento em 2012, R$ 5 bilhões vieram do portfólio rodoviário: só a AutoBan (subsidiária que opera o Sistema Anhanguera-Bandeirantes) foi responsável por R$ 1,6 bilhão. Mas as concessões de Dutra e Ponte Rio-Niterói começam a vencer em alguns anos. Isso reforça a necessidade de novos projetos em carteira.
Fonte: Valor Econômico, Por Fábio Pupo

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