segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Aeroporto na maior área preservada de São Paulo desperta indignação da sociedade civil


projeto do Aeródromo Harpia, em Parelheiros
Numa das últimas regiões que preservam os recursos naturais da maior metrópole da América Latina – o distrito de Parelheiros, em São Paulo – fundamentais para a água consumida pelos paulistanos, pela qualidade do ar e a produção de alimentos na cidade, o crescimento econômico avança com mais um projeto de incentivo à ocupação desordenada do município. Trata-se de um aeroporto privado no Extremo Sul, voltado a jatos executivos, helicópteros e táxis aéreos, aprovado pelo Ministério da Aviação Civil, em junho deste ano, com previsão de custo de cerca de 1 bilhão de reais.
 

O Extremo Sul de São Paulo resguarda as APAs Bororé-Colônia e Capivari-Monos, em um quinto do território paulistanos, responsáveis pela manutenção dos mananciais que abastecem quase 70% da população, as represas Billings e Guarapiranga. Além disso, há rica fauna e flora locais, e de cerca de 300 agricultores familiares que vêm trabalhando para a conversão orgânica, visando o abastecimento de alimentos de qualidade nas feiras de São Paulo. Nesse sentido, o novo projeto indignou os grupos comprometidos com a proteção do patrimônio socioambiental da região, aliado a busca por novos caminhos para o desenvolvimento sustentável da cidade.
 
agrofloresta num dos sítios em Parelheiros
 
Batizado de Aeródromo Hapia, o empreendimento foi articulado pelos empresários André Skaf e Fernando Botelho Filho, respectivamente filho do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e membro da família Camargo Correia, da construtora de mesmo nome. O custo elevado compreende, segundo a Secretaria de Aviação Civil (SAC), uma pista de 1.830 metros de extensão e até 240 mil pousos e decolagens por ano, sobre um terreno de 3,5 milhões de metros quadrados.

 
O novo aeroporto vem na esteira do Rodoanel Mário Covas, cujas compensações ambientais até hoje não foram implantadas e, segundo o ambientalista Mauro Scarpinatti, que há anos atua em Parelheiros, “será a sentença de morte dos mananciais da Região Sul de São Paulo, pois juntos esses empreendimentos têm a capacidade de atrair inúmeros outros e induzir a ocupação de forma extraordinária”.


Grupos da sociedade civil, como os reunidos no GT de Meio Ambiente da Rede Nossa São Paulo, vêm se mobilizando no sentido de defender a região frente ao projeto de implantação do aeródromo. A manifestação já está no facebook (#aeroportodeParelheirosNÃO) e aqueles que quiserem se manifestar podem enviar comentários para este Blog.


Entre os argumentos elencados pelos representantes da sociedade civil estão: o Rodoanel trouxe a desvalorização do patrimônio natural, desmatamento, poluição do ar e sonora; o aeroporto irá trazer de fora a mão de obra qualificada para a região, e com o aumento do fluxo de pessoas, o trânsito também se agravará; o entorno do empreendimento não tem investimentos para valorização, devendo ser afetado ainda mais pelo barulho constante das turbinas; e, além disso, a população da região não foi consultada em nenhum momento sobre o empreendimento.
 

A quem interessa esta obra¿ Participe e manifeste-se!
 
O Natureza em Megacidades continuará a publicar notícias com o acompanhamento das mobilizações.

Um comentário:

  1. Importantíssima a divulgação dos problemas que advirão com mais esta "obra".Enfim são tantas as questões que tenho certeza o grupo está pensando, estou apenas tentando auxiliar com um comentário. Para a construção de um equipamento do porte de um aeroporto há aumento, pela impermeabilização do solo, da temperatura (ilha de calor) e que isto altera o clima local e acelera as mudanças climáticas. Os aeroportos são também fonte de aumento da poluição na atmosfera e na área de cone de ruídos provocam problemas de saúde, como já foi constatado, em vários estudos. Coloco-me a disposição para entregar material utilizado quando da proposta de implantar a terceira pista no Aeroporto de Cumbica. Cabe ainda perguntar de quem é a área - ou seja a propriedade da área na qual pretendem construir o tal aeroporto privado.
    Arlete Moysés Rodrigues

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