sexta-feira, 19 de maio de 2017

Congresso UITP: VLT da Baixada Santista recebe prêmio internacional

Sobre ônibus elétricos, especialistas dizem que sistemas de recarga poderão demorar apenas dois segundos no modo rápido. Em relação à mobilidade, consenso é que informação atrai passageiros
ADAMO BAZANI
O Congresso Internacional sobre mobilidade urbana realizado em Montreal, no Canadá, teve como um dos vencedores do prêmio UITP Awards o projeto de VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, que liga as cidades de Santos e São Vicente, no litoral Sul de São Paulo.
O evento é realizado pela UITP – União Internacional de Transporte Público e ocorreu entre os dias 15 e 17 de maio.
Apesar de não estar ainda completo em relação ao projeto original e os trechos em operação terem sido entregues com atraso, o projeto recebeu a premiação na categoria “financiamento inteligente e modelos e negócios”.
Estão hoje em operação 11,5 quilômetros do primeiro trecho entre as estações Barreiros (São Vicente) e Porto (Santos). As obras custaram ao Governo do Estado, R$ 1,3 bilhão somente neste trecho.
Ainda estão em obras os 8 km do segundo trecho, entre “Conselheiro Nébias – Valongo”.
O prazo inicial de conclusão dos dois trechos era entre 2014 e 2015.
As operações do VLT da Baixada Santista se dão pelo modelo de PPP – Parceria Público-Privada, entre o Governo do Estado de São Paulo, por meio da EMTU -Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, e o Consórcio BR Mobilidade, do Grupo Comporte, da família de Constantino de Oliveira, mesmo proprietário da Viação Piracicabana, que concentra todo transporte municipal de Santos (linhas comuns) e detém a maior parte das linhas da região metropolitana da Baixada Santista.
Foram premiadas a EMTU – Empresa metropolitana de Transportes Urbanos e a Addax, empresa que fez o projeto de negócios.
A empresa em seu site diz que atua em vários projetos de transportes, alguns bem sucedidos, como o próprio VLT e a Linha 4 Amarela, outros ainda em estudos como o PPP do sistema de bilhetagem eletrônica do metrô, os corredores de ônibus da SATras, em Santo André, o Expresso Oeste Sul da CPTM, o Expresso ABC da CPTM, O Expresso Aeroporto linha 14 Onix, também da CPTM, e ainda os que enfrentam vários entraves, como o monotrilho da linha 18 do ABC Paulista a linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, entre outros.
INFORMAÇÃO E ÔNIBUS ELÉTRICOS:
No último dia de congresso foram discutidos diversos temas: a sustentabilidade continuou entre os principais assuntos.
Os ônibus elétricos a bateria devem ser a tendência para que os veículos de transporte coletivo sobre pneus poluam menos.
Atualmente, um dos entraves para que frotas maiores não utilizem esses tipos de ônibus é o tempo de recarga das baterias. Segundo os especialistas que participaram do evento, a indústria do setor já tenta resolver o problema.
As estimativas é que seja comum que as recargas rápidas em terminais e estações demorem entre 2 segundos e 10 minutos e as lentas completas, entre 30 minutos e sete horas, dependendo da operação do veículo.
Já em relação a como deixar o transporte coletivo mais atraente para as pessoas, os especialistas destacam o acesso à informação, como um dos principais meios.
Assim, segundo estes profissionais e estudiosos, as pessoas querem confiabilidade nos transportes e, para isso, devem saber os trajetos que os ônibus vão fazer, as linhas em detalhes com pontos de conexão, a previsão de chegada dos ônibus nos pontos e informações básicas como o nome das paradas de ônibus nas estruturas físicas, algo simples, mas ausente em diversos sistemas.
A tecnologia também deve estar a serviço de uma melhor gestão de transportes, como por exemplo, facilitando decisões rápidas para desviar os ônibus de rotas obstruídas por congestionamentos e acidentes para que vários coletivos não fiquem parados por causa de um único trecho na linha.
A integração entre transporte individual e coletivo também foi debatida:
O pesquisador em transportes, Mário dos Santos Custódio, esteve no evento e enviou ao Diário do Transporte, um relato sobre os painéis que participou.
Há um grande congestionamento de veículos nas ruas e estradas do mundo, atingindo todos os países em todos os Continentes.
Como resolver, se as pessoas que usam carro não querem saber de deixá-lo para tomar o transporte público?
Segundo os especialistas, para atrair as pessoas para o transporte público, além da setorização dos deslocamentos ou deslocamentos regionais até estações de transferência, é imprescindível:
–  criar vagas de estacionamento públicas e seguras, abraçando carros, motos e bicicletas;
–  estabelecer rotas de ônibus que levem as pessoas aonde as pessoas precisam ou querem ir;
–  ter tabelas de horários e informá-las às pessoas.
Aplicativos de alta tecnologia estão sendo desenvolvidos para alterar a forma como os ônibus se relacionam com as pessoas.
Precisamos equacionar como os motoristas vão administrar trafego e cumprir horário.
Hoje um ônibus permanece muitas vezes parado por “n” motivos. A ideia é que sistemas identifiquem imediatamente o que fazer, quais as melhores opções de tráfego para tirar o ônibus dali, ao menos para fazer andar a fila e tirar as pessoas do sufoco.
Quanto à emissão zero, mais uma vez disseram que não há solução única. Cada região deve analisar seus aspectos locais para determinar a solução mais adequada.
Sobre o desempenho dos ônibus a bateria, espera-se que, a partir de 2020, haja uma revolução, passando o desempenho desse tipo de ônibus ser superior ao diesel.
As cargas rápidas passarão a ser de 2 segundos a 10 minutos e as lentas de 30 minutos a 7 horas, dependendo da operação do veículo.
Na questão das operações de ônibus, foi dito que hoje há as seguintes restrições: dinheiro para pagar as tarifas, contratos capazes de ser cumpridos e gratuidades. Entretanto, há várias oportunidades, quais sejam: declínio do carro privado, melhoria dos sistemas de informação e melhor organização das operadoras.
Cidades citadas hoje: Barcelona, Bruxelas, Chicago, Cingapura, Guadalajara, Londres, Los Angeles, Madri, México, Montreal, Nova Delhi, Nova Iorque, Puebla, Santa Cruz de la Sierra e Sidney.
Finalizando, houve a Sessão de Encerramento, na qual a EMTU foi premiada pelo Projeto do VLT BAIXADA SANTISTA.

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