quarta-feira, 17 de maio de 2017

Congresso da UITP: O diesel está com os dias contados no mundo


Ônibus com carregamento rápido exposto em Congresso


No entanto, a exemplo do Brasil, desafio é manter as pessoas no transporte público
ADAMO BAZANI
Diário do Transporte
Com informações Mário Custodio
Tornar o transporte público cada vez mais interessante e evitar a continuação da atual migração de pessoas para meios individuais de transporte.
Numa primeira vista, essa afirmação pode ser relacionada à realidade brasileira, mas não só.
Esse tem sido o desafio em todo mundo, países desenvolvidos ou mais pobres, e foi um dos temas do Congresso da UITP – União Internacional de Transporte Público, que termina amanhã, 17 de maio, em Montreal, no Canadá.
Outro aspecto que também faz parte das discussões é a mobilidade limpa, ou seja, tornar o transporte, principalmente o público, menos poluente.
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No mundo, em relação ao segmento metroferroviário a tendência tem sido os VLTs -Veículos Leves sobre Trilhos, que vem sendo alternativas aos altos custos de implantação de metrô. Também é tendência que ganha cada vez mais força os ônibus elétricos, em especial os modelos com carregamento de baterias rápido, como por rede pantográfica nas proximidades de pontos, estações e terminais.
Os trólebus ainda têm espaço, mas cada vez menor. Entre os exemplos mais recentes estão da Rússia e Turquia.
A mobilidade autônoma, ou seja, veículos que podem operar sem intervenção constante do motorista é algo que só deve ser concretizado mais para frente, no entanto, as pesquisas estão cada vez mais intensas.
O congresso reúne especialistas de todo mundo, gestores públicos e iniciativa privada que trocam ideias, estudos e experiências em palestras e exposições de produtos.

O pesquisador Mário dos Santos Custódio está no evento e mandou ao Diário do Transporte um relato de suas impressões a respeito do que pode ser tendência no mundo. Custódio disse que o diesel parece estar com os dias contados no transporte coletivo, principalmente nos países mais desenvolvidos. Confira:
Preliminarmente, chamou-me a atenção um dado que indica (e preocupa) que o número de usuários de ônibus está em queda acentuada, sem compensação com outros modais. Portanto, ou as pessoas estão usando carro próprio ou táxi/outros ou moto/bicicleta ou estão andando a pé.
Outra informação que percebi é que os operadores, sejam públicos ou privados, não estão conseguindo cumprir seus orçamentos, cada vez mais desafiadores, e muito menos os planos de investimento.
Além disso, há uma grande preocupação quanto às decisões a ser tomadas, a fim de evitar que as escolhas levem ao caminho errado.
Foi citado também que é necessário reanalisar as fontes de financiamento, assim como engajar os novos parceiros entrantes: parcerias PPP, instituições civis e outros agentes de transporte.
Tudo deve ser focado na missão central: as pessoas. Assim, deve-se mover para um modelo de sustentabilidade e redesenhar as redes de ônibus existentes.
Outra informação que percebi na área de planejamento foi que os governantes constroem aeroportos, estações de trem ou terminais de ônibus. As pessoas os enxergam, mas não conseguem fazer suas conexões por falta de planejamento adequado.
Referente à eletrificação dos ônibus, até o momento somente vi a Rússia e a Turquia apresentarem cases atualizados de cidades de  serviços de trólebus. Todas as demais cidades apresentaram ônibus movidos a baterias.
Na questão dos ônibus à bateria, tive a impressão de que a alimentação pantográfica está vingando.
Algumas cidades desenvolveram a recarga tanto nas garagens quanto nos terminais e estações de passagem.
Mais uma informação: o ônibus ou VLT autônomo será uma realidade no futuro em determinadas rotas. Uma apresentação demonstrou que as câmeras “envelopam” as imagens e qualquer desvio é captado e prontamente solucionado pelo sistema, numa velocidade de reação de longe mais rápida que a do ser humano.  
Assim, mesmo que haja um acidente, este haveria de qualquer maneira, com ou sem o ser humano conduzindo o veículo. Porém, com a máquina “dirigindo” o ônibus ou VLT do futuro, o dito acidente poderia até ser evitado.
Quanto à questão das conexões, parece que há a construção de facilidades para as pessoas. Mas, e o transporte? O palestrante citou um caso de um aeroporto com uma estação de trem e ônibus acopladas. As pessoas chegam de avião, avistam ao longe as estações, e não tem como chegar lá. Esqueceram de criar ou conectar as estações com o aeroporto.
Finalmente, este relato representa minha visão das cidades e países que se apresentaram, referente aos problemas e soluções deles. Não assisti nenhuma palestra sobre o BRASIL. Apenas a última palestrante do dia, ao demonstrar a diferença entre VLT com ou sem fio, mostrou uma foto do VLT do Rio de Janeiro, elogiando-o. Entre as cidades que se apresentaram, cito: Casablanca, Barcelona, Los Angeles, Londres, Melbourne, Montreal, Paris e Riad.

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