sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Nossa Cidade: qualidade é a chave para promover o transporte coletivo sustentável

  
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Nossa-Cidade_TRANSPORTE-COLETIVO
O projeto Nossa Cidade, do TheCityFix Brasil, explora questões importantes para a construção de cidades sustentáveis.
A cada mês um tema diferente.
Com a colaboração e a expertise dos especialistas do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, os posts trazem artigos especiais sobre planejamento urbano, mobilidade sustentável, resiliência, segurança viária, entre outros. A cada mês, uma nova temática explora por ângulos diferentes o desenvolvimento sustentável de nossas cidades.

Qualidade é a chave para promover o transporte coletivo sustentável

Quando a Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos (NTU) divulgou uma pesquisa, em março deste ano, revelando que no ano passado o transporte coletivo perdeu 900 mil passageiros por dia no Brasil, em comparação ao ano de 2014, a crise econômica foi considerada a principal responsável. Embora houvesse uma queda contínua da demanda nos últimos anos, essa foi a maior da década: chegou a 4,1%.
(Foto: Mariana Gil/WRI Cidades Sustentáveis)
(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)
Para além dos problemas crônicos, como a divisão do espaço viário, por exemplo, que é de 20% para o transporte coletivo e 80% para o motorizado individual, e dos custos das tarifas, há um fator que ganha cada vez mais força: a qualidade. Se a crise econômica é um impeditivo, ele é agravado quando o usuário percebe que se trata de um serviço que não entrega totalmente o que promete.
Se os protestos de junho de 2013 já não foram suficientes para mostrar o que pensam os brasileiros sobre o transporte coletivo, fica claro tanto em levantamentos com usuários quanto na opinião de especialistas que fatores como superlotação e baixas velocidades afastam as pessoas. Além disso, anos de incentivos do governo à compra de veículos particulares fizeram as pessoas migrarem cada vez mais para motos e carros.
Como fazer para evitar a migração para o transporte individual e, para os que já migraram, como convencê-los a deixar os veículos em casa? Uma das chaves de transformação é pensar o transporte coletivo dentro de uma lógica de gestão integrada voltada para o cliente, que incorpore a sua opinião. Para Cristina Albuquerque, Coordenadora de Mobilidade Urbana do WRI Cidades Sustentáveis, a população precisa ser vista como cliente do serviço de transporte coletivo.
“O primeiro passo para estancar a queda na demanda e atrair novas pessoas é fazer com que o usuário seja visto como cliente. Ele tem que estar satisfeito e escolher o transporte coletivo por opção, não por que é a única opção. Garantir previsibilidade de tempo de viagem e diminuir esses tempos de viagem em relação ao transporte privado fará com que as pessoas optem naturalmente pelo transporte coletivo”, afirma Cristina.
O WRI Brasil Cidades Sustentáveis vem tentando contribuir com as cidades brasileiras nesse sentido, com a Pesquisa de Satisfação QualiÔnibus, uma ferramenta que permite conhecer a visão dos clientes. Ela avalia 16 fatores de qualidade que geram dados quantitativos para basear a tomada de decisão em relação ao sistema de transporte coletivo por ônibus. As informações servem de base para intervir nos pontos mais críticos do sistema na percepção dos clientes, iniciando um processo de gestão e melhoria baseado no ponto de vista do usuário.
Ainda se busca um modelo ideal de inclusão de critérios e índices nos contratos com as operadoras, para garantir aos clientes qualidade no transporte. Curitiba é um exemplo de cidade brasileira que tentou um modelo como esse. Mas há um consenso de que é preciso aferir o desempenho de quem opera o sistema sob o ponto de vista dos usuários. Pesquisas recentes mostraram como a confiabilidade, o tempo e a conveniência são importantes fatores de decisão para as pessoas.
Moradores em parada de ônibus na cidade portuária de Saint Denis. O acesso à informação sobre o trânsito em tempo real ajuda a reduzir os tempos de espera e aumentar o número de passageiros. Foto: Miwok/Flickr
(Foto: Miwok/Flickr)
Uma delas, realizada pela Xerox com 1.900 jovens em 19 cidades do Reino Unido, da França, da Alemanha, da Bélgica e da Holanda traçou um paralelo entre a realidade atual e as perspectivas para o futuro do transporte. Ao serem perguntados sobre quais fatores poderiam incentivar uma mudança de comportamento, eles responderam: um transporte multimodal que funcione. Para isso, citavam a necessidade de viagens mais rápidas, oferta mais frequente, novas rotas e mais informações, além de bilhetes integrado, ou seja, um cartão que possa ser usado em múltiplos (ou todos) meios de transporte.
Por outro lado, um estudo realizado pela Transit Center, organização com sede em Nova York, chegou à conclusão que a nova tendência de oferecer opções tecnológicas em ônibus, como Wi-fi ou carregadores de celulares, não significa mais usuários ou menos carros nas ruas. Os pesquisadores entrevistaram cerca de 3 mil pessoas de 17 regiões dos Estados Unidos para ouvir as melhorias que elas gostariam de ter nos sistemas de transporte com opções como melhores pontos de ônibus, serviços mais frequentes, conexão gratuita de internet, tarifas mais baratas, entre outras. Como resultado, descobriram que transporte de baixa frequência, lento e não-confiável, com estações desprotegidas e sem informações são os motivos que deixam os usuários mais descontentes.
O transporte coletivo é uma via fundamental para promover o desenvolvimento urbano de uma cidade, com benefícios sociais, ambientais e econômicos. Pensar as cidades do futuro passa por incentivar que ele seja cada vez mais sustentável e atenda às necessidades das pessoas.

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