terça-feira, 3 de março de 2015

Pedestres e ciclistas podem conviver muito melhor do que imagina quem está dentro do carro.

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foto: reprodução internet.
foto: reprodução internet.
Na semana passada circulou esta foto nas redes sociais criticando um trecho de ciclovia do bairro do Jardim Helena,  São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. A foto, tirada de dentro do carro, foi colocada no facebook com a legenda: ” Em São Miguel Paulista, mais ciclovia do Haddad. Na calçada…”
Eu conheci o projeto ( a que a foto se refere).
1 – Algumas calçadas foram AMPLIADAS para a colocação de ciclovias, como mostra essa outra imagem de como era antes e como ficou depois (OBRIGADA INTERNET- Obrigada Tiago Barufi)
imagem tirada do facebook do mural de Tiago Barufi.
Imagem: reprodução facebook Tiago Barufi
2- As ciclovias ajudam a proteger o pedestre também.
3 – As ruas com ciclovias são mais seguras tanto pra pedestres quanto pra ciclistas como para motoristas.
4 – Dá pra compartilhar sim ciclovias com patinadores, skatistas, cadeirantes, catadores, pedestres e qualquer ser humano que se desloque com sua própria energia, como disse a Renata Falzoni nesse vídeo que gravamos pro site São Paulo São no 1:29.
O projeto de 12 km de ciclovias foi implementado neste bairro depois de uma pesquisa de origem-destino do metrô que mostrava que este era um dos bairros com mais ciclistas de São Paulo. Futuramente será ampliado até Itaquera.
Bicicletário no Jardim Helena.
Bicicletário no Jardim Helena.
Estive lá duas vezes: num domingo, durante a implantação do projeto e no dia da inauguração.
Entrevistei gente que está muito feliz com o que a prefeitura está fazendo, como a D. Lélia dos Santos, que mesmo sem saber andar de bicicleta, apoia o projeto, afinal tem filhos e netos que poderão pedalar com mais segurança. De emocionar mesmo.
Acho muito injusto que alguém passe lá DE CARRO e espalhe essa foto, de um quarteirão de uma rede cicloviária de 12km num bairro periférico que, além das ciclovias, está recebendo tantas melhorias como os bairros do centro, como praças com wi-fi e investimentos em saúde e educação.
De dentro do carro a percepção é MUITO diferente do que quem está de bicicleta ou quem está a pé. Pedestres e ciclistas podem conviver muito melhor do que imagina qualquer pessoa que esteja dentro do carro.
pedestres e ciclistas comparilhando uma calçada no Jardim Helena, zona leste de SP.
Pedestres e ciclistas comparilham calçada no Jardim Helena, zona leste de SP, antes da sinalização ser finalizada.
Na mesma semana que a foto circulou, eu passeava de bicicleta com meu filho numa calçada larga na zona oeste de SP e ouvimos de uma pessoa de dentro do carro: “tem que desmontar pra andar na calçada.”  Eu ando bastante com meu filho de 10 anos na rua, mas muitas vezes recorro as calçadas, isso não quer dizer que saímos por aí atropelando pedestres e cometendo imprudências.  Aliás, nesse dia não havia nem pessoas na calcada. A frase foi gratuita, apenas para contestar o espaço que o carro está perdendo na cidade.
Screen Shot 2014-11-19 at 12.37.35 PM
Ciclista passa por mim na calçada. Desta vez estou a pé.
A questão é que nenhum pedestre reclama quando estou na calçada. Geralmente os comentários vem de quem está dentro do carro.
Renata Falzoni explica muito bem aqui neste texto sobre as supostas imprudências que cometemos para otimizar nossa energia, e fala também sobre o compartilhamento dos espaços.http://bikeelegal.com/noticia/1766/pedalo-na-contramao-e-furo-o-farol-vermelho-sim_-mas-quem-nao_
Como diz meu filho: “Um ciclista é um pedestre que está caminhando de forma divertida”.
Vou ilustrar o final do texto com essa foto, do Bernardo, de 3 anos, que estava ” caminhando de forma divertida” num domingo no bairro do Jardim Helena com seu pai, em mais uma ciclovia do Haddad… Desta vez na rua.

Bernardo, de 3 anos, pedala na ciclovia recém-inaugurada no Jardim Helena.
Bernardo, de 3 anos, pedala na ciclovia recém-inaugurada no Jardim Helena.
E que bom que as crianças estão voltando pras ruas!As pessoas deviam pensar mais nisso antes de fazerem alguma crítica de um plano que, antes de tudo, visa a integração da cidade e a sua devolução ao cidadão.

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