quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Alemanha protege estratégia poluidora dos seus impérios automóveis


A Alemanha conseguiu a cumplicidade da presidência lituana da União Europeia para assegurar o terceiro adiamento consecutivo da votação de uma proposta no sentido de limitar as emissões de dióxido de carbono por veículos automóveis a 95 gramas por quilómetro em 2020.
Alemanha bloqueou pela terceira vez um compromisso europeu para reduzir emissões de CO2 nos automóveis.
A organização Transport & Environment (T&E) adverte que a Alemanha pretende que os gigantes da sua indústria automóvel continuem a tirar vantagem do fabrico de veículos que não estejam submetidos a limites mais restritos de emissões apesar de, segundo informa, as provas demonstrarem que é tecnicamente possível atingir o limite de 95g/Km até 2020, um esforço que será compensado do ponto de vista económico em dois a três anos.
Segundo a informação de T&E, a Alemanha alega que estará pronta para votar o assunto “quando houver indícios autênticos de que a nossa proposta tem apoios suficientes”. A organização responde que este “abuso grosseiro do processo democrático na União Europeia tem como objectivo garantir vantagens competitivas à BMW e à Daimler, que já beneficiam de níveis mais elevados do que a média da concorrência, obtêm lucros recorde através disso enquanto se orgulham da sua engenharia de excelência”.
Greg Archer, responsável pela área de veículos limpos da T&E, considera que o Conselho Europeu deveria tomar uma decisão “e depressa”. Ou ratifica um acordo que tem o apoio generalizado de fabricantes, consumidores e da maioria dos países da União Europeia ou então rejeita-o e reabre negociações com o Parlamento Europeu. Archer propõe que se o acordo continuar a ser bloqueado o Parlamento Europeu deve insistir nos seus objectivos de 68 gramas de dióxido de carbono por quilómetro para 2025.
A Alemanha, segundo T&E, tem vindo a exercer fortes pressões sobre países da União, principalmente os da sua área de influência económica e nos quais baseia o fabrico de componentes para a sua indústria automóvel. Essa táctica tem vindo a ser bem sucedida em termos de protelar as decisões.
T&E lembra que dentro de um mês estão previstas as negociações climáticas no âmbito da conferência da ONU, onde o resto do mundo aguarda as posições da União Europeia em emissões de carbono. “Reduzir as ambições dos níveis de CO2 dos veículos automóveis aos padrões norte-americanos será um golpe fatal na credibilidade da União Europeia”, afirmou Greg Archer.
Segundo o último relatório anual, quatro fabricantes de automóveis atingiram já o nível de 130 gramas de dióxido de carbono por quilómetro para 2015 e a maioria está no bom caminho para chegar aos 95g/Km em 2020.

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