segunda-feira, 30 de maio de 2016

Peritos dizem que ciclovia desabou porque pista não estava amarrada

Local do desabamento da ciclovia, no Rio de Janeir
Local do desabamento da ciclovia, no Rio de Janeiro
créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil

Segundo laudo, força das ondas levantou tabuleiro provocando o desabamento

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) afirmaram, na manhã desta quarta-feira (4), que o que motivou a queda de parte da Ciclovia Tim Maia, há 14 dias, foi o fato de as plataformas, que funcionam como vigas de sustentação, não estarem amarradas aos pilares. Segundo o laudo preliminar da perícia do ICCE, a força das ondas, no sentido de baixo para cima, levantou o tabuleiro, provocando o desabamento, que ocasionou a morte de duas pessoas que passavam a pé no trecho. O laudo final ficará pronto na próxima sexta-feira.

Havia um estudo do impacto das ondas do mar de São Conrado sobre os pilares, mas não sobre a plataforma. Segundo a perícia, que analisou 11 volumes de documentos, o estudo avaliou o comportamento de marés até quatro metros e a uma velocidade de 65 km por hora.

"Fazer os cálculos para analisar o tipo de ancoragem para se fixar a passarela é uma etapa muita complexa. Requer muito fundamento teórico. Tem que fazer cálculos e cálculos. Não havia isso em nenhum documento", explicou um dos peritos.

Segundo o diretor do ICCE, Sérgio William Silva, os técnicos estiveram no local três vezes.

"A conclusão é de que o projeto não previu o impacto das ondas na plataforma, no sentido ascendente, de baixo para cima. Deveriam ter feito cálculo estrutural. Houve um certo subdimensionamento, um erro primário. Analisamos as memórias de cálculo e só encontramos o estudo das marés nos pilares", explicou o diretor.

O chefe do serviço de engenharia do ICCE, Liu Tsun, disse que o castelinho localizado embaixo do local da queda, construído há anos, não fez a onda dissipar:

"A onda atingiu a plataforma de maneira ascendente. O obstáculo serviu como rampa. Todos sabem que a onda faz este movimento há décadas. Poderiam ter pensado na amarração da plataforma ao pilar ou na construção de um quebra-mar. Tinha que ser prevista uma forma de bloquear a onda. Há relatos anteriores, inclusive, de que ondas quebraram janelas de imóveis em frente ao local da ciclovia."

Falta de parafusos
O laudo preliminar também traz informações sobre a quantidade e a qualidade dos materiais utilizados durante a construção da ciclovia, inaugurada em janeiro deste ano. A falta de parafusos no guarda-corpo da pista, por exemplo, foi observado no documento assinado pelos peritos. Em certo trecho, conforme o jornal O Globo divulgou, a plataforma esta presa por apenas um parafusos ao invés de quatro.

A terceirização e até a quarteirização dos serviços durante a construção da ciclovia também foram observados pelo ICCE. O consórcio Contemat-Concrejato delegou à Engemolde, empresa de pré-fabricados de concreto, o trecho da plataforma que desabou. No entanto, ela teria repassado o serviço para a Premag, de acordo com o laudo preliminar do instituto da Polícia Civil.

Agora, com o laudo, o titular da 15ª DP (Gávea), delegado José Allberto Pires Lages, deve concluir o inquérito sobre a queda de parte da Ciclovia Tim Maia, na próxima semana. Ele aguarda ainda o depoimento da mulher do engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, uma das vítimas da tragédia, para dar mais detalhes sobre a rotina dele.

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