terça-feira, 4 de agosto de 2015

Em Nova York, ciclovias diminuíram acidentes entre ciclistas e pedestres

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Reformulação de ruas em Nova Iorque incluiu mais espaço para pedestres e ciclistas, e redução de velocidade para automóveis. (Imagem: Loozrboy, Creative Commons)
Reformulação de ruas em Nova York incluiu mais espaço para pedestres e ciclistas, e redução de velocidade para automóveis. Foto: Loozrboy (cc)
O mote “construa e eles virão” não serve apenas para provar a legitimidade das ciclovias na melhoria da mobilidade das cidades. Segundo um estudo de dois especialistas do Hunter College e de um acadêmico da Universidade de Nova York, o aumento do número de usuários de bicicleta pode contribuir para a diminuição do número de acidentes, principalmente aqueles que envolvem os atores mais frágeis do trânsito: os pedestres.
Peter Tuckel, William Milczarski e Richard Maisel constataram que houve uma diminuição no número de ferimentos em pedestres atingidos por ciclistas tanto no Estado quanto na cidade de Nova York, a partir do ano de 2008. No Estado, a taxa de pedestres feridos em incidentes com ciclistas caiu de 5,45 por 100 mil habitantes para 3,78 por cem 100 mil. Na capital, a taxa caiu de 7,54 para 6,06 no mesmo período. Ao mesmo tempo, somente na ilha de Manhattan, o número de ciclistas dobrou.
Planejamento urbano levou em conta o direito de ir-e-vir e a segurança de pedestres e ciclistas, não só de motoristas.
Planejamento urbano levou em conta o direito de ir e vir e a segurança de pedestres e ciclistas, não só de motoristas. Foto: Spencer Thomas (cc)

Ruas para pessoas

Os dados são referentes a um período que, concomitantemente, viu um desenvolvimento contínuo da infraestrutura para bicicletas: na cidade de Nova York, a extensão da rede cicloviária duplicou entre 2007 e 2010, contando atualmente com 480km de ciclovias e ciclofaixas. O planejamento urbano também mudou substancialmente, com uma reformulação que alterou a paisagem de pontos mundialmente conhecidos, como a Times Square, que suprimiu faixas de rolamento para automóveis. Elas viraram não só ciclovias, como também espaços para pessoas, com mesas e locais de convivência, humanizando as ruas. Recentemente, a velocidade máxima para veículos automotores foi diminuída para 40km/h. O Departamento de Trânsito (NYC DOT) registrou um declínio de 58% em incidentes com todos os usuários da 9ª Avenida, onde foi construída uma ciclovia segregada. E a cidade quer, ainda, zerar as mortes no trânsito em dez anos, a chamada Vision Zero.

Comparação desigual

Comparando com outros modais de transporte envolvidos em acidentes de trânsito, o estudo também apontou que os motoristas do Estado de Nova Iorque feriram e mataram cerca de 22 mil pedestres e ciclistas somente em 2012. Já no caso dos ciclistas, entre 2009 e 2012, houve três mortes de pedestres causadas por quem se locomovia de bicicleta. Na capital, motoristas causaram a morte de 178 pedestres e ciclistas no ano de 2013, segundo a polícia nova-iorquina.

Mais bicicletas, menos acidentes

Outro estudo realizado na Grã-Bretanha há cinco anos já havia constatado que a taxa de incidentes com ciclistas costuma ser mais baixa onde há mais bicicletas circulando. A pesquisa mostra que “consideradas diversas circunstâncias, se o uso da bicicleta dobra, o risco individual de cada ciclista cai em aproximadamente 34%”. Isso acontece, entre outros fatores, porque quanto mais bicicletas há nas ruas, mais fácil é enxergá-las. Os motoristas se acostumam com os ciclistas, passando a saber como conviver com eles e o que isso exige, como a ultrapassagem a 1,5m e a diminuição de velocidade. Por fim, passam a entender que um ciclista ou pedestre são pessoas, não obstáculos. Um planejamento urbano voltado para as pessoas e feito em escala humana reforça essa compreensão.

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