sábado, 18 de julho de 2015

Sinal vermelho para ciclistas? Isso é coisa do passado!

    
(Foto: Kim/Flickr)
Em algum momento posterior, pararei para escrever sobre como as sinalizações viárias, sejam horizontais ou verticais, e o próprio Código de Trânsito Brasileiro, foram criados quase exclusivamente para versar sobre o uso de automóveis. Os poucos artigos sobre andar a pé e bicicleta (ou qualquer outro modal ativo e não motorizado), que tanto são citados por quem vem promovendo essas opções de transporte, foram encaixados no Código de forma a não atrapalhar quem circula nos carros.
No mundo todo, e não é de agora, toma forma um movimento que procura privilegiar quem caminha e quem pedala pelas ruas das cidades. O assunto está na internet e reaparece a cada F5 que damos no navegador. Todavia, medidas aplicáveis e materializadas são sempre interessantes de serem tomadas e retomadas e, claro, estudadas a fundo, se possível. Tais medidas podem vir isoladas ou fazer parte de um planejamento estratégico para promover os modais sustentáveis e ativos nos centros urbanos.
De forma geral, no Brasil, algumas mudanças vêm sendo feitas, mas, em minha compreensão, são pequenas peças isoladas de um quebra-cabeça que ainda precisa da participação de muita gente para ser construído com mais legitimidade e inclusão social. Um quebra-cabeça que precisa ser montado, também, por quem está à margem.
No caso de Paris, uma cidade e não um país, a atual gestão criou um plano de promoção para o uso da bicicleta com metas ousadas – e, para quem estuda e vive a cidade em cima da bicicleta, dificilmente aplicáveis. Todavia, metas foram traçadas, objetivos estipulados, soluções apresentadas, o dinheiro para realizar tudo isso foi ‘mostrado’ e, também, existe vontade política da administração central da cidade*.
*Paris é dividida em 20 “grandes bairros” ou regionais. Cada uma delas tem uma administração local e nem sempre o desejo de ter bicicletas circulando pelo bairro é o mesmo por parte dos prefeitos locais.
Uma das sinalizações que permitem ao ciclista seguir à direita, mesmo com sinal fechado para bicicletas e automóveis (Foto: Guilherme Tampieri)
No último dia 13 de julho, foi anunciada pela prefeitura uma medida para simplificar, facilitar e estimular o uso da bicicleta na cidade: a liberação dos ciclistas para passarem nos sinais vermelhos em mais 1.805 cruzamentos com o sinal luminoso! Incrível, eu diria. Por quê? Paris é uma das cidades, se não a primeira, com mais sinais! Há quem diga que, em toda a cidade, existe um sinal a cada 200 metros. Isso é ruim? Na verdade não, visto que, de uma forma ‘torta’, a presença de tantos sinais (vermelhos) estimula o caminhar. Não à toa, mais de 60% das viagens diárias em Paris são feitas a pé.
Voltando à bicicleta: com tantos sinais, Paris é uma cidade que desestimula o uso da bicicleta estruturalmente, visto que o ciclista, seguindo a lógica do automóvel, precisa parar a cada 200 metros. Há alguns anos, porém, isso começou a ser alterado, com a criação da permissão, por lei, de o ciclista passar o sinal vermelho para automóveis e, normalmente, virar à direita. Ou seja, ciclistas têm a direita livre. Há também a permissão, em menor quantidade, para seguir em frente. Para a existência de um ou outro, depende da configuração do cruzamento, conforme figura abaixo.
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Com essa expansão, a prefeitura pretende diminuir possíveis conflitos entre ciclistas e veículos motorizados parados no sinal, especialmente os que possuem o ‘ponto cego’ (carros e outros grandes veículos). Um detalhe: os ciclistas não têm prioridade, mesmo com esse tipo de sinalização. Antes de avançar o sinal, é preciso estudar o contexto e respeitar, antes de tudo, quem está caminhando pela cidade.
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